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12 de Maio de 2017 às 10:13

A esquina do Rio

Não sei se já repararam, mas depois das obras recentes os grandes cruzamentos da Avenida da República, em Lisboa, já só funcionam com a presença da polícia municipal.

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Back to basics
Um país sem memória, ou que não cultiva a recordação das coisas, está irremediavelmente condenado.
Armando Baptista-Bastos

Intransitável
Não sei se já repararam, mas depois das obras recentes os grandes cruzamentos da Avenida da República, em Lisboa, já só funcionam com a presença da polícia municipal. O caos instalado é tal que os semáforos deixaram de ser suficientes, por todo o lado voltaram os polícias sinaleiros. As obras realizadas dificultam o escoar do trânsito, o que leva a entupimentos constantes. Anomalias e erros nas temporizações dos semáforos e obras mal planeadas, feitas a regra e esquadro nos gabinetes sem ninguém se ter dignado ir aos locais, tornaram a vida em Lisboa um inferno para os residentes - que, bem sei, são a última das prioridades para quem manda na Câmara Municipal de Lisboa. A Polícia Municipal, que teve um aumento de orçamento na casa dos 600 por cento entre o ano passado e 2017, serve agora basicamente para regular os problemas de trânsito entretanto criados e para ajudar a EMEL e aplicar multas por falta de pagamento no parquímetro. Mas essa mesma polícia municipal foge como o diabo da cruz de evitar os estacionamentos em segunda fila, a tal prioridade que havia de ser resolvida no tempo de escassas semanas, promessa de António Costa ao ser eleito autarca lisboeta há meia dúzia de anos. Um bom exemplo dos males que se passam foi esta semana relatado num jornal a propósito das obras no bairro do Arco do Cego, que têm tido modificações constantes e que levam a que existam sinais de trânsito contraditórios e que a circulação local seja labiríntica. "É consequência das obras no Eixo Central - estão a resolver os problemas que criaram e a criar alternativas de fuga" -, diz Fernando Nunes da Silva, ex-vereador da Mobilidade de António Costa. Como se percebe, está o baile armado.

Semanada
 Na actual época desportiva, a GNR registou 270 incidentes com árbitros  o crédito à habitação disparou 48% no primeiro trimestre deste ano em comparação com o mesmo período do ano passado  no primeiro trimestre deste ano, o crédito às empresas atingiu o valor mais baixo desde 2003  84% das insolvências são de microempresas com vendas inferiores a 250 mil euros  nos tribunais portugueses, em 2016, foram pedidos serviços de intérpretes e tradutores para mais de 16 mil processos, gerando um custo de 2,4 milhões de euros  o Parlamento aprovou a realização de um levantamento que permita perceber quantas pessoas vivem em barracas, informação que o Estado diz desconhecer  o túnel do Marão já rendeu 7,5 milhões de euros em portagens  os portugueses compram 19 milhões de euros por dia de combustíveis para veículos automóveis  o Tribunal de Contas fez uma auditoria à contratação pública por ajuste directo feita pela Águas de Portugal e concluiu que "85% dos processos examinados apresentam irregularidades e insuficiências"  os EUA tornaram-se, em 2016, o terceiro destino do vinho de mesa português, tomando o lugar ocupado por Angola, depois de crescimento de 8% nas exportações para este mercado.

Dixit
"O partido socialista está morto, está atrás de nós."
Manuel Valls
Ao aceitar ser candidato às legislativas nas listas do movimento de Macron.

Folhear
"Este livro ensina o meu caro leitor a escrever melhores notas de resgate. Também ensina a escrever melhores cartas de amor, histórias, artigos de revista, cartas ao editor, propostas de negócio, sermões, poemas, romances, pedidos de liberdade condicional, boletins da paróquia, canções, memorandos, ensaios, trabalhos escolares, teses, grafites, ameaças de morte, anúncios e listas de compras" - é assim que Gary Provost começa "Cem Maneiras de Melhorar A Escrita". Provost (1944-1995) foi um escritor e jornalista freelancer norte-americano e, depois de ter escrito dez romances, lançou o seu primeiro livro sobre escrita, em 1980, intitulado "Make Every Word Count". A partir daí continuou a sua carreira de escritor e jornalista freelancer e começou a dar conferências e a organizar cursos partilhando o seu saber e técnica. "Cem Maneiras de Melhorar A Escrita" foi lançado em 1985 e reflecte a experiência adquirida, sendo agora publicado em Portugal pela primeira vez, na editora Guerra & Paz. Ao longo da obra, Provost fala sobre formas de melhorar a escrita: como ultrapassar o bloqueio criativo, como escrever um início forte, como melhorar o estilo e dar força às palavras, evitando erros gramaticais e levando o leitor a gostar do que está a ler, além de conselhos úteis sobre a revisão dos textos e sobre como poupar tempo e energia. Um utilíssimo manual para quem gosta de escrever.

Ver
Em Coimbra, o Centro de Artes Visuais (CAV) revela pela primeira vez o núcleo fotográfico da Colecção Norlinda e José Lima. Sob o título "Un Certain Regard", esta mostra tem curadoria de Albano da Silva Pereira e apresenta obras de 32 artistas, entre os quais Andy Warhol, Cindy Sherman (na imagem está um dos seus auto-retratos, mostrado na exposição), Edgar Martins, João Tabarra, Joseph Beuys, Nan Goldin, Nobuyoshi Araki, Noé Sendas, Paulo Nozolino, Rita Barros, Rui Toscano, Sophie Calle, Thomas Struth e Vik Muniz. José Lima é um industrial de calçado de São João da Madeira que, desde meados da década de 80 do século passado, tem vindo a constituir uma colecção de mais de 1000 obras de artistas de referência da arte contemporânea, de diversas nacionalidades e em diversos suportes. É hoje em dia um dos maiores coleccionadores portugueses e há uns anos colocou em depósito as obras da Colecção Norlinda e José Lima na Oliva Creative Factory, um espaço do Município de São João da Madeira onde está permanentemente exposta.
Outras sugestões: Na Pequena Galeria, António Pedro Ferreira mostra as suas imagens sobre Fátima realizadas entre 1979 e 2016; no Museu da Etnologia, até 21 de Maio, estão expostas as imagens do World Press Photo, que este ano passou para este belo edifício pouco conhecido na Avenida Ilha da Madeira, no Restelo.

Gosto
Parabéns aos programadores portugueses - a Mercedes Benz criou um centro digital em Portugal, o One Web, para desenvolver soluções tecnológicas avançadas.

Não gosto
Metade dos alunos carenciados tem negativa a Matemática e o Inglês é a segunda disciplina com mais reprovações.

Ouvir
"Upward Spiral" tem um ano, mas só agora o descobri no Spotify, e desde que o encontrei faz parte da minha playlist com repetição constante ao longo do dia. Branford Marsalis é um dos melhores saxofonistas da sua geração, senhor de uma irrepreensível técnica e com uma grande experiência a trabalhar com vocalistas - até de diversas origens musicais, como fez com Sting nos anos 90. Por sua vez, Kurt Elling é um dos mais brilhantes cantores de jazz contemporâneos, um dos mais inventivos e expressivos, longe do ambiente delico-doce e xaroposo que infelizmente povoa a maior parte do jazz vocal que aparece hoje em dia. Elling é de outra escola e se Branford mostra que sabe tocar para um vocalista, Elling mostra que sabe cantar para um grande músico de jazz. É por isso que este encontro entre estes dois talentos é tão formidável - desde as versões de clássicos como "There's a Boat Dat's Leavin'Soon For New York" (uma das canções de Porgy & Bess), ou "Blue Gardenia" (um tema popularizado por Nat King Cole) até "Doxy" (de Sonny Rollins) ou "Practical Arrangement", (de Sting), temas onde é justo destacar também o papel do pianista Joey Calderazzo, a pontuar eficazmente a vocalização. Mas o momento que melhor mostra como Marsalis e Elling se entenderam e, porventura, a mais arrebatadora faixa do disco é "I'm A Fool To Want You" (de Frank Sinatra e Jack Wolf). E surpreendente, também, é a versão de "Só Tinha Que Ser Com Você", o tema de António Carlos Jobim popularizado por Elis Regina e aqui bem evocado. CD "Upward Spiral", Branford Marsalis Quartet e Kurt Elling, no Spotify.

Arco da velha
Ninguém pode acusar Fernando Medina de estar em campanha eleitoral - previdente, ainda não se revelou candidato a Lisboa. Entretanto, vai fazendo promessas sobre o Metro, a Carris e o que vier à mão. Um presidente não eleito e um candidato clandestino. É o que temos.

Provar
Não sou muito doceiro e, em matéria de guloseimas, prefiro os biscoitos e bolos secos. Num recente fim-de-semana beirão, em casa de bons amigos, tive ocasião de experimentar os borrachões, frescos, acabados de fazer, oriundos de uma pastelaria de Alcains. Trata-se de um tradicional e popular bolo seco, de receita muito antiga, que substitui os ovos por azeite, vinho e aguardente e que por isso levou o nome de Borrachão. Já que falo de Alcains, não quero deixar em claro a queijaria da Casa Agrícola Cabeço Carvão, que fica na estrada nacional 18, à saída da vila. Provei, com satisfação, o queijo de ovelha amanteigado, o queijo de cura prolongada, bem duro, a que dão o nome de "corno", e o queijo de ovelha à cabreira que, para mim, é o melhor de todos. Quem visitar a quinta onde está a queijaria, pode ver ainda ver utensílios agrícolas antigos e fotografias com história. Entre os borrachões e o queijo, terminou-se uma das boas refeições de um belo fim-de-semana beirão. 


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