Opinião
A esquina do Rio
As audições parlamentares do anterior e do actual secretário de Estado dos Assuntos Fiscais vieram mostrar uma coisa interessantíssima sobre o caso das transferências para "offshores"
Back to basics
Sempre achei que um político deve ser julgado pela animosidade que provoca nos seus opositores.
Sir Winston Churchill
Offshores
As audições parlamentares do anterior e do actual secretário de Estado dos Assuntos Fiscais vieram mostrar uma coisa interessantíssima sobre o caso das transferências para "offshores": quando se trata de rastrear e combater a grande evasão fiscal, o Estado fecha os olhos, em contraste absoluto com o que faz com os pequenos contribuintes e os que trabalham por conta de outros. Confirmou-se agora que mais facilmente a máquina fiscal detecta um atraso num pagamento de pequena monta do que se dispõe a investigar a tentativa de escapar com muitos milhões. Rocha Andrade, o actual secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, que aceitou convites para o Europeu de Futebol de uma empresa que estava em contencioso com o Fisco, disse preto no branco que "terá sido uma falha informática a impedir o controlo inspectivo sobre os 10.000 milhões de euros transferidos para "offshores" entre 2010 e 2014", confirmando o que o seu antecessor, Paulo Núncio, já tinha dito. Este caso é o exemplo de que o fisco tem dois pesos e duas medidas e que o seu comportamento padrão convive da mesma forma em governos à direita ou à esquerda. É um Estado dentro do Estado, cujos abusos e lapsos atravessam intocados os regimes. Desculpem lá, mas é chato que os erros informáticos aconteçam sempre para esconder milhões e que os sistemas andem na pirisca e na ponta da unha atrás de tostões. Alguma coisa vai muito mal no fisco, na forma como funciona e nas prioridades que os governantes lhe estabelecem.
Dixit
Creio que este Governador demonstrou uma impreparação técnica, uma vulnerabilidade e pressões externas e uma incapacidade de consolidar o sistema bancário com o sistema de confiança.
Francisco Louçã sobre Carlos Costa, em Fevereiro de 2016, um ano antes de ser nomeado pelo Governo para o Conselho Consultivo do Banco de Portugal.
Semanada
• Desde 2012 até hoje, a percentagem de consumidores portugueses com acesso a um smartphone passou dos 18% para os 59% • as principais figuras do Estado português comunicam entre si com telemóveis e computadores sem medidas especiais de protecção • na sequência da fuga de Caxias, há cerca de duas semanas, o director-geral dos serviço prisionais criou um manual de instruções para lidar com situações de fuga - que ou não existia ou estava desactualizado • o mesmo director-geral declarou não perceber a razão de "tanto alarido" em torno da referida fuga, que classificou de "histeria completa" • quase um terço das empresas criadas em 2016 em Portugal são de alojamento e restauração, imobiliárias ou ligadas à indústria da construção • a grande maioria das duas centenas de prédios militares que o Ministério da Defesa colocou à venda desde 2008 continuam por alienar • em 2016, as forças policiais detiveram nove mil pessoas que conduziam sem carta • uma advogada foi detida a levar droga para um cliente preso em Paços de Ferreira • a fusão de freguesias originada pela reforma administrativa de 2013 fez crescer a despesa em vez de a diminuir, como era a ideia original • o indicador de confiança dos consumidores portugueses aumentou entre Setembro do ano passado e Fevereiro deste ano, tendo atingido o valor mais alto desde Março de 2000 • o jornal britânico The Independent classificou o presidente do Sporting, Bruno de Carvalho, como o Donald Trump do futebol.
Ver
É enorme esta exposição: cinco centenas de fotografias que mostram como Alfredo Cunha, um dos mais importantes fotojornalistas portugueses, foi vendo Portugal e o mundo ao longo de quase 50 anos, de 1970 até agora. Há imagens anteriores a 1974 e há imagens do dia 25 de Abril, como os tanques de Salgueiro Maia ou, meses depois, os caixotes e contentores chegados das colónias e que eram descarregados perto do Padrão dos Descobrimentos. Do mundo há fotos da queda de Ceauþescu, na Roménia (em 1989), ao Iraque (desde 2003). Cunha, filho e neto de fotógrafos, nasceu em Celorico da Beira, foi editor de fotografia em agências, jornais e revistas e, nos últimos anos, dedicou-se a projectos pessoais, como freelancer, muito envolvido em ONG - nomeadamente no grande projecto comemorativo dos 30 anos da AMI "Três Décadas de Esperança", que o levou a percorrer países como Níger, Roménia, Bangladesh, Índia, Haiti, Sri Lanka, Guiné-Bissau e Nepal, e de que resultou o seu último livro: "Toda a esperança do mundo". Esta exposição abre ao público a partir deste sábado e fica até 25 de Abril no Torreão Nascente da Cordoaria Nacional, na Avenida da Índia, e está aberta de terça a sexta entre as 10h00 e as 18h00, e ao sábado e domingo das 14h às 18h.
Gosto
O New York Times não poupou elogios à actuação de Gisela João no NY Fado Festival, no sábado passado, no Schimmel Center.
Não gosto
Segundo o Presidente do Tribunal Constitucional, a instituição tem falta de meios para fiscalizar as contas dos partidos e das campanhas nas próximas eleições autárquicas.
Folhear
Ao fim de dez anos e 100 edições, a revista Monocle tocou levemente no seu grafismo e mais acentuadamente no alinhamento editorial. O formato é o mesmo, mas o novo grafismo de capa faz a revista parecer um pouco maior. O resultado graficamente é bom e gosto do alinhamento editorial novo, que define melhor algumas secções, cria novas áreas na revista e dá um ritmo de leitura mais claro. Além disso, permite que alguns assuntos se destaquem, naturalmente de forma mais clara, como a bela peça sobre a estação norte-americana de serviço público de televisão, a PBS, ou uma outra dedicada aos critérios de quem define as encomendas e produção de séries da Netflix. A edição 101 tem 300 páginas, entre as quais 32 que retratam o nascer e crescer da Monocle, que é o mais interessante projecto de imprensa, na área das revistas, destas primeiras décadas do século XXI. A Monocle mostrou que havia espaço para uma novo género de publicação e hoje em dia há dezenas de revistas mensais, trimestrais ou semestrais que existem porque acreditaram no caminho aberto por Tyler Brûlé, o fundador deste projecto. E, finalmente, ao fim destes dez anos, um grupo de empresas e entidades portuguesas conseguiu juntar-se para que a revista publicasse um especial sobre Portugal. Vários anunciantes portugueses, entre empresas (com destaque para a EDP), associações privadas e instituições públicas, viabilizaram que se mostrasse uma nova imagem de Portugal no "survey" de 64 páginas dedicado ao país e que, felizmente, vai além do habitual "very typical".
Ouvir
Bing & Ruth é o nome de um colectivo de músicos liderado pelo pianista David Moore e que tem três discos no activo - o primeiro de 2010 (City Lake), o segundo de 2014 (Tomorrow Was The Golden Age) e, agora, "No Home Of The Mind", o primeiro trabalho a ser lançado na editora 4AD. Claramente sofrendo influências do trabalho de nomes como Philip Glass, Harold Budd ou Max Richter, Moore tem conseguido criar um caminho próprio de que este novo "No Home Of Mind" é o melhor exemplo. O ensemble Bing & Ruth agrupa cinco músicos, é originário de Brookline e Moore estudou na New School For Jazz. Claramente é Moore quem lidera o espaço musical do grupo, definindo os percursos sonoros que vão sendo percorridos, e balizando-os com as suas teclas. No Spotify, podem descobrir os seus três álbuns e claramente entenderão a evolução verificada até se chegar a este novo trabalho, que é o mais conseguido de todos. O disco, desde o início, cruza as sonoridades do piano, com o clarinete, acentuadas por uma presença do baixo, persistente, sobre um fundo sonoro proporcionada por efeitos electrónicos. Por vezes, parece que estamos num estranho cruzamento entre o barroco e a música minimalista da última metade do século XX, sem envolvimentos no desvio "new age", mas incorporando subtilmente os ritmos que os movimentos de uma cidade evocam.
Arco da velha
Vítor Constâncio, que foi o responsável pela supervisão dos bancos em Portugal no período em que o sector foi acumulando problemas que, depois de 2010, explodiram nas mãos dos contribuintes, continua, no BCE, como o segundo responsável mais bem pago de toda a supervisão financeira da União Europeia.
Provar
Não costumo ir ao restaurante Nobre com frequência e já lá não ia há uns anos. Continua a comer-se bem, mas o processo, como dizer, industrializou-se e não tenho a certeza de que tenha ganho com a mudança. Hoje é um daqueles locais onde se pode ver um presidente de um banco a almoçar com um ex-ministro das Finanças, noutra mesa responsáveis da RTP com um realizador de cinema e, espalhadas pela sala, caras conhecidas do mundo empresarial, desde a indústria aos média. Devo dizer que mesas carregadas de entradas forçadas não fazem o meu género - prefiro couverts simples. Neste caso, no Nobre, havia um presunto mediano, um queijo atabafado genuíno, uma salada de polvo infeliz e uma salada de favinhas tradicional. O pão era desinteressante. Nada disto me parece lógico. Para compensar as quatro dezenas de euros que o couvert standard completo implica, a casa propõe meias doses, mais que suficientes - desde a sopa de santola na casca da dita, que é um "ex libris" da casa (mas que já foi mais aprimorada), até aos rolinhos de linguado (outro clássico), mas que estavam um pouco insípidos, e umas lasquinhas de cherne panadas sobre açorda do mesmo, que tinham a melhor aparência do conjunto. A casa estava cheia e, naquela dimensão, isso repercute-se no aprimorado da cozinha e no sentimento de que há alguma passagem para o pronto a comer. Nesta visita, soube que em breve O Nobre vai regressar às suas origens, de há uns 30 anos, na Ajuda, onde irá abrir um novo espaço, mais pequeno, sem deixar este do Campo Pequeno, onde ultimamente tem funcionado (Avenida Sacadura Cabral 53B).
Sempre achei que um político deve ser julgado pela animosidade que provoca nos seus opositores.
Sir Winston Churchill
Offshores
As audições parlamentares do anterior e do actual secretário de Estado dos Assuntos Fiscais vieram mostrar uma coisa interessantíssima sobre o caso das transferências para "offshores": quando se trata de rastrear e combater a grande evasão fiscal, o Estado fecha os olhos, em contraste absoluto com o que faz com os pequenos contribuintes e os que trabalham por conta de outros. Confirmou-se agora que mais facilmente a máquina fiscal detecta um atraso num pagamento de pequena monta do que se dispõe a investigar a tentativa de escapar com muitos milhões. Rocha Andrade, o actual secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, que aceitou convites para o Europeu de Futebol de uma empresa que estava em contencioso com o Fisco, disse preto no branco que "terá sido uma falha informática a impedir o controlo inspectivo sobre os 10.000 milhões de euros transferidos para "offshores" entre 2010 e 2014", confirmando o que o seu antecessor, Paulo Núncio, já tinha dito. Este caso é o exemplo de que o fisco tem dois pesos e duas medidas e que o seu comportamento padrão convive da mesma forma em governos à direita ou à esquerda. É um Estado dentro do Estado, cujos abusos e lapsos atravessam intocados os regimes. Desculpem lá, mas é chato que os erros informáticos aconteçam sempre para esconder milhões e que os sistemas andem na pirisca e na ponta da unha atrás de tostões. Alguma coisa vai muito mal no fisco, na forma como funciona e nas prioridades que os governantes lhe estabelecem.
Creio que este Governador demonstrou uma impreparação técnica, uma vulnerabilidade e pressões externas e uma incapacidade de consolidar o sistema bancário com o sistema de confiança.
Francisco Louçã sobre Carlos Costa, em Fevereiro de 2016, um ano antes de ser nomeado pelo Governo para o Conselho Consultivo do Banco de Portugal.
Semanada
• Desde 2012 até hoje, a percentagem de consumidores portugueses com acesso a um smartphone passou dos 18% para os 59% • as principais figuras do Estado português comunicam entre si com telemóveis e computadores sem medidas especiais de protecção • na sequência da fuga de Caxias, há cerca de duas semanas, o director-geral dos serviço prisionais criou um manual de instruções para lidar com situações de fuga - que ou não existia ou estava desactualizado • o mesmo director-geral declarou não perceber a razão de "tanto alarido" em torno da referida fuga, que classificou de "histeria completa" • quase um terço das empresas criadas em 2016 em Portugal são de alojamento e restauração, imobiliárias ou ligadas à indústria da construção • a grande maioria das duas centenas de prédios militares que o Ministério da Defesa colocou à venda desde 2008 continuam por alienar • em 2016, as forças policiais detiveram nove mil pessoas que conduziam sem carta • uma advogada foi detida a levar droga para um cliente preso em Paços de Ferreira • a fusão de freguesias originada pela reforma administrativa de 2013 fez crescer a despesa em vez de a diminuir, como era a ideia original • o indicador de confiança dos consumidores portugueses aumentou entre Setembro do ano passado e Fevereiro deste ano, tendo atingido o valor mais alto desde Março de 2000 • o jornal britânico The Independent classificou o presidente do Sporting, Bruno de Carvalho, como o Donald Trump do futebol.
Ver
É enorme esta exposição: cinco centenas de fotografias que mostram como Alfredo Cunha, um dos mais importantes fotojornalistas portugueses, foi vendo Portugal e o mundo ao longo de quase 50 anos, de 1970 até agora. Há imagens anteriores a 1974 e há imagens do dia 25 de Abril, como os tanques de Salgueiro Maia ou, meses depois, os caixotes e contentores chegados das colónias e que eram descarregados perto do Padrão dos Descobrimentos. Do mundo há fotos da queda de Ceauþescu, na Roménia (em 1989), ao Iraque (desde 2003). Cunha, filho e neto de fotógrafos, nasceu em Celorico da Beira, foi editor de fotografia em agências, jornais e revistas e, nos últimos anos, dedicou-se a projectos pessoais, como freelancer, muito envolvido em ONG - nomeadamente no grande projecto comemorativo dos 30 anos da AMI "Três Décadas de Esperança", que o levou a percorrer países como Níger, Roménia, Bangladesh, Índia, Haiti, Sri Lanka, Guiné-Bissau e Nepal, e de que resultou o seu último livro: "Toda a esperança do mundo". Esta exposição abre ao público a partir deste sábado e fica até 25 de Abril no Torreão Nascente da Cordoaria Nacional, na Avenida da Índia, e está aberta de terça a sexta entre as 10h00 e as 18h00, e ao sábado e domingo das 14h às 18h.
Gosto
O New York Times não poupou elogios à actuação de Gisela João no NY Fado Festival, no sábado passado, no Schimmel Center.
Não gosto
Segundo o Presidente do Tribunal Constitucional, a instituição tem falta de meios para fiscalizar as contas dos partidos e das campanhas nas próximas eleições autárquicas.
Folhear
Ao fim de dez anos e 100 edições, a revista Monocle tocou levemente no seu grafismo e mais acentuadamente no alinhamento editorial. O formato é o mesmo, mas o novo grafismo de capa faz a revista parecer um pouco maior. O resultado graficamente é bom e gosto do alinhamento editorial novo, que define melhor algumas secções, cria novas áreas na revista e dá um ritmo de leitura mais claro. Além disso, permite que alguns assuntos se destaquem, naturalmente de forma mais clara, como a bela peça sobre a estação norte-americana de serviço público de televisão, a PBS, ou uma outra dedicada aos critérios de quem define as encomendas e produção de séries da Netflix. A edição 101 tem 300 páginas, entre as quais 32 que retratam o nascer e crescer da Monocle, que é o mais interessante projecto de imprensa, na área das revistas, destas primeiras décadas do século XXI. A Monocle mostrou que havia espaço para uma novo género de publicação e hoje em dia há dezenas de revistas mensais, trimestrais ou semestrais que existem porque acreditaram no caminho aberto por Tyler Brûlé, o fundador deste projecto. E, finalmente, ao fim destes dez anos, um grupo de empresas e entidades portuguesas conseguiu juntar-se para que a revista publicasse um especial sobre Portugal. Vários anunciantes portugueses, entre empresas (com destaque para a EDP), associações privadas e instituições públicas, viabilizaram que se mostrasse uma nova imagem de Portugal no "survey" de 64 páginas dedicado ao país e que, felizmente, vai além do habitual "very typical".
Ouvir
Bing & Ruth é o nome de um colectivo de músicos liderado pelo pianista David Moore e que tem três discos no activo - o primeiro de 2010 (City Lake), o segundo de 2014 (Tomorrow Was The Golden Age) e, agora, "No Home Of The Mind", o primeiro trabalho a ser lançado na editora 4AD. Claramente sofrendo influências do trabalho de nomes como Philip Glass, Harold Budd ou Max Richter, Moore tem conseguido criar um caminho próprio de que este novo "No Home Of Mind" é o melhor exemplo. O ensemble Bing & Ruth agrupa cinco músicos, é originário de Brookline e Moore estudou na New School For Jazz. Claramente é Moore quem lidera o espaço musical do grupo, definindo os percursos sonoros que vão sendo percorridos, e balizando-os com as suas teclas. No Spotify, podem descobrir os seus três álbuns e claramente entenderão a evolução verificada até se chegar a este novo trabalho, que é o mais conseguido de todos. O disco, desde o início, cruza as sonoridades do piano, com o clarinete, acentuadas por uma presença do baixo, persistente, sobre um fundo sonoro proporcionada por efeitos electrónicos. Por vezes, parece que estamos num estranho cruzamento entre o barroco e a música minimalista da última metade do século XX, sem envolvimentos no desvio "new age", mas incorporando subtilmente os ritmos que os movimentos de uma cidade evocam.
Arco da velha
Vítor Constâncio, que foi o responsável pela supervisão dos bancos em Portugal no período em que o sector foi acumulando problemas que, depois de 2010, explodiram nas mãos dos contribuintes, continua, no BCE, como o segundo responsável mais bem pago de toda a supervisão financeira da União Europeia.
Provar
Não costumo ir ao restaurante Nobre com frequência e já lá não ia há uns anos. Continua a comer-se bem, mas o processo, como dizer, industrializou-se e não tenho a certeza de que tenha ganho com a mudança. Hoje é um daqueles locais onde se pode ver um presidente de um banco a almoçar com um ex-ministro das Finanças, noutra mesa responsáveis da RTP com um realizador de cinema e, espalhadas pela sala, caras conhecidas do mundo empresarial, desde a indústria aos média. Devo dizer que mesas carregadas de entradas forçadas não fazem o meu género - prefiro couverts simples. Neste caso, no Nobre, havia um presunto mediano, um queijo atabafado genuíno, uma salada de polvo infeliz e uma salada de favinhas tradicional. O pão era desinteressante. Nada disto me parece lógico. Para compensar as quatro dezenas de euros que o couvert standard completo implica, a casa propõe meias doses, mais que suficientes - desde a sopa de santola na casca da dita, que é um "ex libris" da casa (mas que já foi mais aprimorada), até aos rolinhos de linguado (outro clássico), mas que estavam um pouco insípidos, e umas lasquinhas de cherne panadas sobre açorda do mesmo, que tinham a melhor aparência do conjunto. A casa estava cheia e, naquela dimensão, isso repercute-se no aprimorado da cozinha e no sentimento de que há alguma passagem para o pronto a comer. Nesta visita, soube que em breve O Nobre vai regressar às suas origens, de há uns 30 anos, na Ajuda, onde irá abrir um novo espaço, mais pequeno, sem deixar este do Campo Pequeno, onde ultimamente tem funcionado (Avenida Sacadura Cabral 53B).
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