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Opinião
27 de Março de 2015 às 09:58

A esquina do Rio

Há uma série de países em que partidos como o português CDS-PP fazem gala em defender os direitos dos cidadãos e proteger os contribuintes dos abusos e dislates do Estado.

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Back to basics

Diz-se que o poder corrompe, mas na realidade o poder limita-se a atrair aqueles que são corruptíveis; os que são sérios são atraídos por outras coisas que não o poder.
David Brin

 

 

Abusos

Há uma série de países em que partidos como o português CDS-PP fazem gala em defender os direitos dos cidadãos e proteger os contribuintes dos abusos e dislates do Estado. Por cá já se percebeu, pela actuação de Paulo Núncio e da Autoridade Tributária que tutela, que o PP desistiu desse posicionamento e passou a achar normal o princípio de que o Estado se sobrepõe aos cidadãos.


Mas a culpa principal da situação a que se chegou não é dos partidos - é da falta de fiscalização de quem deve arbitrar a relação entre os vários poderes e, sobretudo, regular a relação entre quem governa e quem é governado. Se tivéssemos um Presidente da República em vez de um prefaciador talvez pudéssemos ter alguém que chamasse a atenção para a importância de o Estado ser uma pessoa de bem e não espezinhar os direitos básicos dos cidadãos. O papel regulador que o Presidente da República podia ter na defesa do equilíbrio entre o poder e os direitos não é exercido e esse é um dos maiores problemas na origem da maneira como o regime se degrada.


O Presidente da República não chama a atenção para os erros do Governo, para abusos que tolera e até impulsiona, e em vez disso fica calado a prefaciar sobre as melhores características de um candidato à sua própria sucessão. Um Presidente da República interveniente não deixaria de fazer notar que um país não pode avançar quando a principal actividade económica é deixar uns abrir buracos, que outros depois tapam - uma actividade de décadas que tem originado corrupção e clientelismo. Nestes anos o Poder tem sido fértil a incentivar abusos. Talvez a resolução desta triste situação pudesse ser um dos temas das campanhas eleitorais que aí vêm.

 

 

Semanada

• A ministra das Finanças admitiu que tinham existido falhas na supervisão na queda do BES  apenas sete dos 17 candidatos iniciais entregaram propostas para compra do Novo Banco  Henrique Neto anunciou ser candidato à Presidência da República e vários notáveis do PS mostraram-se surpreendidos e criticaram a sua decisão  o candidato diz que Marcelo é quem mais receia à direita e que Rui Rio é aquele com quem mais se identifica  interrogado sobre as eleições presidenciais Guilherme d'Oliveira Martins afirmou não estar "numa fila de candidatos ou de candidatos a candidatos"  Augusto Santos Silva afirmou que "falta ao centro-esquerda um candidato forte e mobilizador"  a factura dos juros da dívida portuguesa cresceu 51% nos dois primeiros meses do ano  a Ministra das Finanças congratulou-se por ter os cofres cheios, embora parcialmente à custa de nova dívida  a Associação Académica de Coimbra recusou o convite para participar num almoço de Passos Coelho com dirigentes estudantis  o PCP propôs a instalação da Feira Popular no Parque das Nações  o advogado de José Sócrates, João Araújo, disse numa entrevista que "jornalistas e comentadores falam sobre o caso Sócrates como se fossem bêbados"  a estreia de Shark Tank na SIC ficou em 12º lugar da lista dos programas mais vistos na televisão durante a semana passada; as exportações para Angola sofreram em Janeiro a maior queda dos últimos cinco anos  quase três mil enfermeiros pediram à Ordem para emigrar no ano passado  António Ventinhas, Presidente do Sindicato dos Ministério Público, disse que o ex-procurador Geral da República, Pinto Monteiro, instaurava "processos disciplinares ou abria processos de averiguações a todos os procuradores que ousassem investigar os mais poderosos".

 

 

Ver

Merece ser seguida com atenção a programação da Festa do Cinema Italiano, que decorre entre o cinema S. Jorge e a Cinemateca Nacional e que tem uma extensão especial no cinema Nimas com a exibição de uma dezena de cópias restauradas e digitais das obras de Roberto Rosselini como "Stromboli" (na imagem)  e "Viagem em Itália". Até ao final do mês, em Lisboa, há 10 filmes para ver do grande mestre italiano e mais tarde, alguns dos filmes vão ser exibidos no Porto, Braga, Coimbra e Castelo Branco. A partir de 9 de abril, este ciclo dedicado a Rossellini estará no Teatro Municipal do Campo Alegre, no Porto e alguns dos filmes chegarão também a Braga, Coimbra e Castelo Branco.  Na programação "oficial" da Festa, destaque para série Gomorra, cujos sete episódios serão exibidos integralmente em grande ecrã e depois passarão na RTP 2 até dia 2 de Abril. Outros filmes a não perder são "Que Estranho Chamar-se Frederico", de Ettore Scola, "Almas Negras" de Francesco Munzi, "O Rapaz Invisível" de  Gabriele Salvatores, ou "Corações Inquietos" de Saverio Constanzo.

 

 

Gosto

A marca de porcelanas Vista Alegre foi distinguida com o prémio de design da revista 'Wallpaper',
na categoria de 'Best coffee and cake', com o serviço de mesa 'Orquestra'.

 

 

Não gosto

O SIS tem um manual de 222 páginas que prevê escutas ilegais, vigilâncias a pessoas que não são suspeitas em qualquer processo-crime e pagamentos a fontes de informação.

 

 

Provar

A Champanheria fez nome em Setúbal com as ostras do Sado, entre as quais as famosas "les Portugaises", e em Dezembro estreou-se em Lisboa, nas Avenidas Novas, com a porta a abrir ao fim da tarde para uma happy hour em que a proposta é meia dúzia de ostras a oito euros - mais precisamente entre as 18 e as 20H. Situada na Avenida João Crisóstomo, no quarteirão entre a Avenida da República e a Defensores de Chaves, tem infelizmente a maldita mania dos menus degustação com um mínimo de quatro entradas e uma lista reduzida algo incongruente - mais vale ir à happy hour e ficar por umas ostras e tapas. Vá lá que as ostras são, com razão, a grande razão de ser do local, assim como a lista de espumantes, champagnes e cavas e ainda uma sangria de espumante que é elogiada por quem gosta do preparo. Embora perceba que as origens setubalenses levem a que o espumante da casa seja o Ermelinda de Freitas , a verdade é que é uma escolha que não é entusiasmante - e em Portugal já há muitos bons espumantes na mesma gama de preços. Para rematar, a casa fica ao lado de um Bingo e tem um ecrã que passa futebol, duas coisas mais que afastam gente que queira estar sossegada e apreciar a elegância das ostras no recato. É pena, que as ostras são boas. Avenida João Crisóstomo 15.

 

 

Arco da velha

Para assinalar o segundo ano do mandato à frente do Sporting Bruno Carvalho quis resguardar-se de olhares indiscretos colocando, pela primeira vez na história do clube, película fosca nos vidros do Camarote de Honra do Estádio José de Alvalade, para que não se veja o que lá se passa. A bem da transparência, imagina-se.

 

 

Ouvir

Van Morrison nasceu em Belfast há quase 70 anos. O seu primeiro disco a solo é de 1967, há 48 anos portanto, aquela que foi a sua grande revelação, "Astral Weeks", é do ano seguinte e "Moondance", outra referência, é de 1970. Antes disso, com os Them, já tinha gravado "Gloria", uma canção marcante e épica que o acompanha ao longo da sua carreira. As influências musicais de Van Morrison estão claramente nos blues, muito por causa da música que ouvia em casa dos seus pais durante a adolescência. Por isso não deixa de ser curioso que agora, a chegar aos 70 anos, se dedique de novo a explorar as sonoridades dos blues, revisitando temas de toda uma carreira. Há sempre um risco enorme em fazer um disco de temas clássicos, pessoais, sob a forma de dueto entre o autor e um convidado e é raro a coisa dar certo. Tenho para mim que a razão do equilíbrio destes "Duets - Reworking The Catalogue", de Van Morrison, é precisamente a sua dedicação aos blues e é por isso que ele resulta tão bem, seja quando canta ao lado de Georgie Fame, seja quando está com Marvis Staple, Gregory Porter, Chris Farlowe, George Benson, ou o grande Taj Mahal, que encerra os 16 temas deste CD com uma vertiginosa versão de "How Can A Poor Boy?", que é um manual de como se pode ter prazer a interpretar uma canção. A compilação foge ao óbvio e, como se dizia num dos meus discos preferidos, "a splendid time is guaranteed for all".

 

 

Dixit

"li algures que os gregos antigos não escreviam necrológios,quando alguém morria perguntavam apenas: tinha paixão? quando alguém morre também eu quero saber da qualidade da sua paixão."
Herberto Helder

(A Faca Não Corta O Fogo)

 

 

Folhear

Os presentes inesperados são os melhores e, na semana passada, tive o prazer de receber um exemplar do "Dictionnaire Amoureux du Journalisme", escrito por Serge July - o homem que fundou o "Libération" e o dirigiu ao longo de  33 anos - uma referência para uma geração de profissionais da comunicação. Neste livro July mostra a sua visão da historia dos media, da época de ouro dos jornais aos novos media digitais, das reportagens aos ensaios que ajudam a mudar a forma de pensar dos leitores. Ao longo de cerca de 900 páginas, July percorre nomes e obras essenciais da história do Jornalismo, do clássico Heródoto a Joseph Pulitzer, de Daniel Defoe a Gabriel Garcia Marquez, de Tintim a Curzio Malaparte, de John Reed a Tom Wolfe, de Voltaire a Émile Zola, de Robert Capa a Hemigway , dos paparazzis ao new journalism. Construído em torno de pequenas histórias que evocam factos e personagens, quase uma sucessão de artigos que se vai lendo à procura de novas descobertas, este livro é apaixonante. Edição Plon, disponível na amazon.fr.

 

Os presentes inesperados são os melhores e, na semana passada, tive o prazer de receber um exemplar do "Dictionnaire Amoureux du Journalisme", escrito por Serge July - o homem que fundou o "Libération" e o dirigiu ao longo de  33 anos - uma referência para uma geração de profissionais da comunicação. Neste livro July mostra a sua visão da historia dos media, da época de ouro dos jornais aos novos media digitais, das reportagens aos ensaios que ajudam a mudar a forma de pensar dos leitores. Ao longo de cerca de 900 páginas, July percorre nomes e obras essenciais da história do Jornalismo, do clássico Heródoto a Joseph Pulitzer, de Daniel Defoe a Gabriel Garcia Marquez, de Tintim a Curzio Malaparte, de John Reed a Tom Wolfe, de Voltaire a Émile Zola, de Robert Capa a Hemigway , dos paparazzis ao new journalism. Construído em torno de pequenas histórias que evocam factos e personagens, quase uma sucessão de artigos que se vai lendo à procura de novas descobertas, este livro é apaixonante. Edição Plon, disponível na amazon.fr.

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