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08 de Novembro de 2013 às 14:47

A esquina do Rio

O caso das suspensões, expulsões e polémicas partidárias, desencadeado pelas recentes eleições autárquicas, leva-me a pensar no funcionamento actual dos partidos

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Back to basics

"Quando se diz que a televisão transforma a política num circo, convém recordar que esse circo já existia e que a televisão veio apenas mostrar que nem todos os intervenientes estavam suficientemente treinados". Edward Murrow

 

 


Partidos

O caso das suspensões, expulsões e polémicas partidárias, desencadeado pelas recentes eleições autárquicas, leva-me a pensar no funcionamento actual dos partidos. Seria curioso ter um estudo independente e sério, actual, sobre o processo de decisão interna dos partidos em questões como escolhas de candidatos e grandes opções políticas. Seria curioso saber, de facto, quantos militantes activos tem cada partido, o que é a vida partidária fora dos ciclos eleitorais - das eleições internas e das eleições nacionais. Seria fundamental saber quais são, no dia-a-dia, as formas de intervenção na sociedade, nomeadamente no alargamento da actividade fora da estrita militância para outros níveis de apoio menos estruturados. A minha sensação é que hoje em dia os partidos - a maioria - são estruturas opacas fechadas sobre si mesmas. Debatem os seus problemas internos, criam os seus conflitos internos, organizam facções, digladiam facções, levantam inquéritos, propõem sanções, promovem expulsões.
O que se passa no PSD Madeira e no PSD em distritos como Porto ou Sintra, por exemplo, são casos elucidativos de um espírito revanchista que não perdoa o pensamento autónomo e enaltece a obediência cega, tendo ainda por cima a particularidade de não promover, com igual intensidade e rapidez, o apuramento de responsabilidades dos actos que levaram a essas dissidências e a maus resultados eleitorais. Como é que um partido quer captar simpatizantes e alargar o seu círculo de influência se trata assim aqueles que são supostos ser os seus melhores quadros?

 

 


Dixit

Nos tribunais, pelo menos neste, os factos não são fatos, as actas não são uma forma do verbo atar, os cágados continuam a ser animais e não algo mal cheiroso e a Língua Portuguesa permanece inalterada até ordem em contrário. Juiz Rui Teixeira, a propósito da aplicação do acordo ortográfico.

 

 


Semanada

• Já existem 38 mil canais no Meo Canal  um terço dos pneus analisados num estudo recente da ACAP estavam em más condições para circulação  um aluno com seis anos de idade, de uma escola de Mangualde, foi suspenso depois de morder um colega  uma escola de Gaia, construída há dois anos e que teve um custo de seis milhões de euros, já precisa de obras de reparação urgentes  na Guarda, a mãe de um aluno que tinha sido repreendido por mau comportamento agrediu a professora que fez a repreensão, a qual teve de receber tratamento hospitalar  o número de refeições diárias fornecidas nas cantinas sociais aumentou 25% para 49.150 por dia  há mais de 12 mil casais em que nenhum dos membros tem trabalho  o Ministério Público decidiu que não houve falsificação dos documentos apresentados por órgãos de comunicação que indicavam a participação de Pais Jorge, ex-secretário de Estado deste Governo, na negociação de contratos swap pelo Citigroup com o Governo de Sócrates  por falta de capacidade do servidor interno da organização, inspectores da Judiciária estão a ser aconselhados a guardar dados dos seus inquéritos nos seus computadores pessoais.

 

 


Arco da velha

Por ano, cada português consome 466 sacos de plástico e um dinamarquês consome apenas quatro.

 

 


Provar

Sou um fã de anchovas - quer frescas, quer filetes de anchova de conserva. Não é fácil encontrar anchovas frescas em Lisboa, mas no Algarve ainda se conseguem encontrar em alguns restaurantes. Na ausência das frescas, as enlatadas cumprem bem a sua função. Sou um fã das anchovas Pitéu, principalmente dos filetes guardados em azeite em frasco de vidro. Mas, sem prejuízo nem desprimor das excelentes conservas portuguesas, outro dia aventurei-me na loja Gourmet do El Corte Inglés, e não resisti a umas anchovas do cantábrico, cuja imagem da lata aqui se reproduz. São preparadas pela Codesa, uma das boas conserveiras espanholas. Algumas das melhores barras de Espanha usam estas anchovas nas tapas que elaboram - e experimentem colocar um filete de anchova numa fatia de pão barrada de manteiga: vão ver o que é bom. Estas, da Codesa, vendem-se em embalagens de 20 filetes por 28 euros e de 10/12 filetes a 12 euros. Experimentem tirá-las da lata um pouco antes, estender os filetes num prato e regá-los com um fio de azeite, polvilhando de seguida com salsa fresca picada e, se quiserem, um pouco de alho picado. Reservem e deixem marinar assim no frigorífico durante uma hora e meia e, a seguir, provem. Verão que o sabor fica mais suave e que podem confeccionar umas magníficas tapas.

 

 


Ouvir

"Reflektor", o novo álbum dos Arcade Fire, deve neste momento ser o recordista de elogios da crítica internacional. Posso assegurar uma coisa: os elogios não são exagerados e, apesar das reticências que alguns sentiram em relação ao trabalho anterior, "Suburbs" (que na época aqui considerei um disco brilhante), a verdade é que este "Reflektor" parece ter convencido os mais cépticos. O álbum é provocador e inovador - no conceito sonoro, na produção, em boa parte assegurada por James Murphy, dos LCD Soundsystem. Logo no começo, Will Butler e Régine Chassagne cantam "If this is heaven/I need something more" e essa frase dá o mote a todo o álbum - dois CD's - ou dois volumes se preferirem, cada um com um guia impresso sobre as canções, no qual elas são contextualizadas. É um conceito inesperado - 13 canções em dois discos, pouco mais de 75 minutos de música. As influências são muitas - desde David Bowie, um dos heróis da banda e que no segundo disco faz um breve dueto com Will Butler, até ritmos caribeños, pop electrónico dos anos 80, sons dos Talking Heads ou até dos Velvet Underground. Pelo meio, há referências punk e até glam rock, como sucede em "Joan Of Arc", que encerra o primeiro CD. Este é claramente um disco de viragem, um ponto de ruptura com o passado. Há aqui risco e desejo de mudança - que isto suceda depois do sucesso comercial de "Suburbs" mostra a inquietude desta banda canadiana. Em "Normal Person", os Arcade Fire distanciam-se da rotina e deixam no ar o que é o lema que parece ter norteado todo o trabalho de concepção e produção deste disco - "If that's what's normal now, I don't want to know".

 

 


Gosto

A versão inglesa de "Os Trinta - Nada É Como Sonhámos", o primeiro romance de Filipa Fonseca da Silva, entrou no top 100 da Amazon de livros
escritos por mulheres.

 

 


Não gosto

Há falta de vacinas para recém-nascidos nos centros de saúde de Lisboa.

 

 

Ver

Esta é a semana inaugural da Experimenta Design (EXD), a bienal que desde 1999 se dedica ao design, arquitectura e criatividade. A edição deste ano é a primeira num novo modelo que pretende reforçar as componentes de informação e de formação directa, graças a um aumento do número de eventos na área das conferências, debates e workshops. Por outro lado, o programa deste ano também procura garantir uma maior atenção ao desenvolvimento de projectos aplicáveis à cidade que acolhe a Bienal - e a propósito, vale a pena dizer que a partir do próximo ano existirá uma Bienal EXD em São Paulo, na sequência do estabelecimento de uma ligação de parceria e de uma plataforma conjunta com o Brasil. Em Lisboa, na programação deste ano, destaco as exposições "Metamorphosis", no Mosteiro dos Jerónimos, centrada na arquitectura; a "Identity" que, no Convento da Trindade, mostra uma escolha de criações de design de todo o mundo, a "Neoasterisms", no Planetário Calouste Gulbenkian, e a "Unmapping The World", no Palácio dos Condes da Calheta. Ainda no Convento da Trindade o Lounging Space acolhe uma série de iniciativas que podem ser consultadas no "site". O novo Museu dos Coches vai acolher as conferências e existe uma aplicação para iPad com todas as novidades da EXD, na App Store, a EXD MAG.

 

 

Folhear

A edição de Novembro da "Vanity Fair" tem na capa uma bela fotografia de Jay Z, vestido com um magnífico smoking branco. Lá dentro, uma entrevista com Shawn Carter - o verdadeiro nome de Jay Z. Ali se conta a história de como um traficante de droga se tornou num rapper influente de sucesso, revelando-se como um dos símbolos da cultura popular, ao mesmo tempo que desenvolveu um império de negócios - Roc Nation - que vai da música ao desporto, passando pela moda e produtos de cosmética de luxo, e finalmente, se assume como um homem de família, ao lado de Beyoncé. Outros pontos fortes desta edição são uma inédita história da vida de Mia Farrow, antes e depois de Woody Allen. Destaque para a lista dos nomes mais proeminentes daquilo a que a revista chama o New Establishment - e que vão de Jeff Bezos da Amazon a Dick Costolo do Twitter, passando por Eric Schmidt do Google - num portefólio que, ao todo, junta 33 belíssimos retratos. Finalmente, destaque ainda para o encontro de dois designers de excepção - Jonathan Ive da Apple e Marc Newson - e para a forma como criaram um exemplar único de uma máquina fotográfica Leica para ser leiloada numa acção de recolha de fundos.

 

 

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