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Manuel Falcão - Jornalista 28 de Junho de 2013 às 00:01

A esquina do rio

A colecta do IRS aumentou 30,6%, a do IRC apenas 8,2% e a de todos os outros impostos caiu 92% - e mesmo assim Vítor Gaspar diz-se satisfeito com a execução orçamental, feita à custa das cobranças mais simples.

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Back to Basics

Por mais interessante que a estratégia pareça, devemos sempre olhar para os resultados que proporciona. Sir Winston Churchill

 

Dixit

Procuro político honesto para votar

Cartaz em manifestação no Brasil

 

Greve

 

À hora a que escrevo, ainda não sei o que aconteceu de facto. Mas posso, sem grande risco, pensar que a greve de quinta-feira atingiu, sobretudo, serviços do Estado e empresas públicas. Dantes, as greves gerais não eram assim - paravam fábricas, paravam empresas privadas, paravam países. Agora conseguem parar os transportes e, por via disso, inviabilizam que algumas pessoas vão trabalhar, apesar de não quererem fazer greve.

 

A verdade é que, historicamente, o desenvolvimento do transporte privado tramou os sindicatos e restringiu o universo grevista. Li esta semana que só 10% dos trabalhadores do sector privado são sindicalizados - e os sindicatos bem podem dizer que a culpa é das empresas que atemorizam os assalariados, mas ninguém em seu perfeito juízo acredita nisso como regra geral. Mais provavelmente, muitos colaboradores de empresas privadas estão apostados em conseguir, nesta difícil conjuntura, que as empresas onde trabalham consigam produzir, vender, facturar e, consequentemente, pagar. Hoje ainda continua a haver quem queira apenas um emprego; mas há muita gente que prefere trabalhar, percebendo que só a sua produtividade ajuda a que a situação geral melhore.

 

É triste que seja na Administração Pública, mais improdutiva que a actividade privada em termos objectivos, que a greve alcance índices palpáveis. É o melhor sinal da urgente necessidade de uma reforma e redimensionamento do Estado, muito para além do que os partidos, tementes das suas clientelas eleitorais, estão dispostos a arriscar. Em Portugal, continua a falar-se muito de direitos e pouco de responsabilidades. Ao ler declarações do líder da CGTP, Arménio Carlos, dei comigo a pensar que quando um dirigente sindical aparece a pedir eleições, não está a fazer reivindicações, está a fazer política, necessariamente partidária. É nestes dias que vale a pena recordar Oscar Wilde, ao sublinhar que "dever é o que esperamos dos outros, não o que nós mesmos fazemos". Para terminar a conversa: uma semana depois do aviso, continuo à espera de ver como vai ser a prometida comunicação diária do Governo nestes tempos agitados. Terá feito greve?

 

Arco da Velha

 

A colecta do IRS aumentou 30,6%, a do IRC apenas 8,2% e a de todos os outros impostos caiu 92% - e mesmo assim Vítor Gaspar diz-se satisfeito com a execução orçamental, feita à custa das cobranças mais simples.

 

Ver

 

Lisboa vive um momento alto em matéria de exposições de fotografia. No Museu da Electricidade inaugurou “Pátria Querida”,  uma boa amostra do trabalho do espanhol Alberto Garcia-Alix, que se celebrizou a mostrar a movida madrilena. Se o que faz a fotografia é o modo de ver, a maneira de transmitir o que se observa, aqui o objectivo está bem conseguido. Na Gulbenkian, inseridas na programação “Próximo Futuro”, estão duas exposições imperdíveis - uma mostra dos Encontros de Fotografia de Mamako, que traça um retrato da África pós colonial, e “Present Tense”, uma mostra comissariada por António Pinto Ribeiro (o amentor do ciclo “Próximo Futuro”) e que desbrava caminhos contemporâneos da observação do espaço e das pessoas no continente africano. Finalmente, em “A Pequena Galeria” (24 de Julho nº 4C) está “De Maputo”, que agrupa fotografias de José Cabral e Luis Basto, com breves mas importantes evocações de Rogério Pereira e Moira Forjaz.

 

Folhear

 

Qualidade de Vida em 2013, onde se pode encontrar?

Pois é, Costa, em ano de eleições, Lisboa saiu da lista, elaborada pela "Monocle", das 25 melhores cidades para viver. Eu, lisboeta, tenho pena. Aguentámos lá uns anos, mas não sobrevivemos ao mandato do Costa e do Sá Fernandes. Tenho muita pena de ver a minha cidade transformada, num fim-de-semana, em cartaz publicitário de um hipermercado, como vai acontecer este sábado. Estas coisas pagam-se. Para o Continente é barato, para Lisboa, é caríssimo. A "Monocle" sublinha que uma boa cidade deve viver sete dias por semana, sem interrupções, para os seus habitantes. O que se vai passar sábado na Avenida é uma interrupção da cidade. Além de uma foleirice, é um abuso. Resta-nos a satisfação de a Deli Delux ser referida como a sexta melhor loja de comida e bebida no "The Monocle Food And Entertaining Guide 2013", com destaques para o vinho do Porto da Taylor's e para as conservas da Tricana. O "City Survey" da edição dupla de Verão, agora distribuída, é sobre o Rio de Janeiro. E, claro que me dói um pouco ver Madrid citada várias vezes e Lisboa assim esquecida. Olhem, agradeçam ao Costa.

 

 

Provar

 

Onde é que uma cerveja moçambicana e a vista do casario de Lisboa, com o Tejo por pano de fundo combinam? A resposta é num belo terraço, perto do Castelo, no alto do antigo mercado do Chão do Loureiro, hoje um parque de estacionamento bem útil para se poder ir à zona da Costa do Castelo? Ali pode beber uma "laurentina" bem fresquinha", mas também uma "dois MM". No restaurante, que dispõe da mesma vista, tem uma boa selecção de vinhos - mas aceite a sugestão dos vinhos Casa da Ínsua, do Dão, que têm uma excelente relação qualidade-preço. Provou-se a galinha em caril com amendoim, o chacuti de vaca e o camarão à Laurentina e tudo merece elogios. O serviço, como diz voz amiga, é acima de simpático. O Zambeze está aberto todo o dia, alternando entre café, esplanada e restaurante, fica ao alto da Calçada do Marquês de Tancos e tem o telefone 218 877 056.

 

Ouvir

 

Lembram-se de Lloyd Cole? Com os Commotions conquistou fama graças a belas canções, intimistas q.b. Numa carreira a solo incerta, manteve a descrição e o seu novo disco, ironicamente intitulado "Standards", não é um repositório de versões de lugares comuns, mas sim a tentativa de deixar para a memória do seu público algumas canções. A viver nos Estados Unidos desde há anos, o disco é marcado pelos sons do pop e rock americanos, mais do que pelo suave pop britânico que deu fama a Lloyd Cole. Não é certamente por acaso que a única versão de canção alheia nestes "Standards" é "California Earthquake", de Cass Elliot, dos The Mamas & The Papas, um velho tema de 1968. Dos temas novos, que mostram como aos 52 anos ainda se consegue combater o destino, destaco "Blue Like Mars", "Women's Studies", "Opposites Day" e "No Truck". A vasta legião de fãs de Cole em Portugal não ficará desiludida com este disco.

 

Gosto

 

Os Moonspell e seus convidados são os escolhidos para, amanhã, sábado, encerrarem as Festas de Lisboa junto à Torre de Belém.

 

Não gosto

 

Já repararam que António Costa protege o piquenicão e as hortas postiças do Continente, ao mesmo tempo que a Câmara arrasa hortas comunitárias?

 

Semanada

 

• O Benfica tem 104 jogadores a contrato, o FC Porto tem 69 e o Sporting tem 62 - 235 jogadores apenas nestes três clubes • o número de milionários em Portugal, usando o critério de património financeiro superior a um milhão de dólares, cresceu 3,4% no ano passado e é agora de 10.750 pessoas • 45 % das casas do Algarve são residências secundárias • segundo o Banco de Portugal, as empresas privadas e as famílias estão a conseguir reduzir a dívida, mas o Estado continua a aumentá-la • a dívida pública, que no final de 2013 devia ser de 123%, já atingiu os 127% • o secretário de Estado da Economia, Franquelim Alves, considerou que a "descida do IRC é um sinal crítico para a política económica" na captação de investimento • o ministro das Finanças, Vítor Gaspar, disse na Assembleia da República que ainda não vê margem para poder baixar impostos" • a secretária de Estado do Tesouro disse, no Parlamento, que o cancelamento de 69 contratos "swaps" não custou dinheiro aos contribuintes, embora provocasse uma perda de mil milhoes de euros, suportada pelo Estado • o negócio da construção prevê uma quebra de 15% neste ano.

 

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