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A Coreia e a "solução líbia"

A política do "América Primeiro" vai ter um primeiro teste a sério na Coreia do Norte. Kim Jong-un não parte numa posição de inferioridade face a Trump. Ao contrário do que este julga.  

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Vivemos num período de suposições. Haverá ou não um encontro entre Donald Trump e Kim Jong-un para garantir a desnuclearização da península coreana? Há passos à frente e outros à retaguarda. O encontro entre os Presidentes das duas Coreias abriu novo espaço para se acreditar que tudo é possível, mas do lado americano continuam a surgir acções incongruentes. Que escreveu "A Arte da Negociação" sabe o que anda a fazer? Trump gosta de se mascarar como mestre negociador, mas do outro lado tem alguém que joga pela sobrevivência do seu regime (e sabe que os americanos são peritos em negociar algo e rasgar isso noutro dia - basta ver o acordo nuclear com o Irão, os acordos sobre as alterações climáticas de Paris ou os acordos comerciais Transpacífico). Ao mesmo tempo a China assiste a tudo com acrescido poder sobre o destino da Coreia do Norte. Afinal, como é que Kim Jong-un pode confiar em Trump? Especialmente depois de alguns dos principais elementos da administração americana (Mike Pence e John Bolton) falarem de uma possível "solução líbia" para a Coreia do Norte, se não existisse acordo. Recordemos: Kadhafi recuou nas suas ambições nucleares e acabou morto porque os países ocidentais, convenientemente, roeram a corda do que tinham acordado.

 

Os acordos sobre tarifas com a China mostram que os acordos norte-americanos são pífios. Trump ameaçou com uma "guerra comercial" com Pequim, "fácil de vencer" disse ele, que deslizou face às promessas chinesas e que aumentaria as importações americanas. Nem na própria administração americana parece haver consenso estratégico sobre o tema. A única opção de Trump é agora mostrar que os EUA são uma superpotência que quer, pode e manda. Trump está a fazer osso com a União Europeia, como fez com o Japão e a Coreia do Sul, velhos aliados. Com a Índia, Trump portou-se da mesma maneira, tentando minar o seu importante sector tecnológico, impondo uma política de vistos muito restritiva. Na guerra mais visível com a China, os países começam a parecer meros peões. Esta arrogância vai sair caro a Trump. A política do "América Primeiro" vai ter um primeiro teste a sério na Coreia do Norte. Kim Jong-un não parte numa posição de inferioridade face a Trump. Ao contrário do que este julga.  

 

Iraque: mais um golpe na estratégia americana

 

Não bastava que as sanções americanas contra o Irão, e a renúncia ao acordo nuclear por parte de Trump, estivessem a colocar em fúria empresas e altos quadros europeus que vinham a investir ali. Segundo um executivo entrevistado pelo The New York Times, a "mensagem é: Aqui fala Roma, e César mudou de ideias. Se desobedecermos, as nossas aldeias serão queimadas até às fundações." Mas num momento de profunda ironia histórica, no mesmo dia em que Trump anunciou as suas ameaças contra o Irão, tiveram lugar as eleições parlamentares no Iraque. Que foram um golpe na agenda de Trump para o Médio Oriente, no meio do triângulo fulcral que inclui também a Síria e o Líbano. O Iraque, pela sua dimensão (e petróleo), é o mais importante teatro de disputa entre os EUA e o Irão. A capacidade de Teerão influenciar a comunidade xiita tem que ver com o poder em Bagdade. Washington tinha apostado forte na aliança liderada pelo primeiro-ministro Heidar al-Abadi, mas este ficou em terceiro lugar, com 42 lugares num Parlamento de 329. Pior: dois inimigos de longa data dos EUA, as alianças lideradas por Muqtadar al-Sadr e Hadi al-Amir, ficaram em primeiro e segundo lugares.

 

Formar um governo não será fácil, mas muito provavelmente o próximo executivo em Bagdade será mais antiamericano. Enquanto Amiri lidera as poderosas milícias pró-iranianas, o exército Mahdi de Sadr matou muitos militares americanos e britânicos durante a ocupação. Os seja, os grupos xiitas estão em vias de chegar ao poder. E são fulcrais para ajudar a manter Bashar al-Assad no poder na Síria. Teerão terá por certo uma grande palavra a dizer na formação do próximo governo iraquiano. Durante muito tempo Teerão e Washington conseguiram concordar com candidatos de compromisso (Abadi e Nouri al-Maliki), mas hoje não há lugar para a diplomacia. Sadr pode ter um discurso nacionalista (a Arábia Saudita tem tentado aproximar-se dele), mas é um xiita. Uma das questões agora em cima da mesa é a retirada das tropas americanas do Iraque.

 

Macau: plataforma de media

 

Macau pode vir a ser uma plataforma no desenvolvimento das relações entre os órgãos de comunicação social da China e dos países de língua portuguesa, disse o director do Gabinete de Comunicação Social (GCS), Victor Chan Chi Ping, durante a conferência "Macao Global Media Industry Development." A conferência foi organizada pela China News Service e pelo jornal Ou Mun de Macau, com o apoio do GCS, e contou com a presença do chefe do Executivo, Chui Sai On, na sua abertura e mais de uma centena de participantes da China continental, Hong Kong, Taiwan, Estados Unidos da América, África, Sudeste Asiático e Europa.

 

"Faremos tudo o que está ao nosso alcance para promover a cooperação e a troca de ideias entre a China e os países de língua portuguesa com o objectivo de aumentar os contactos no sector da comunicação social", disse Chan Chi Peng, que lembrou ainda que Macau foi o primeiro porto da China a abrir-se ao Ocidente e nessa tradição quer continuar a ter um papel de ponte entre a China e o resto do mundo, neste caso concreto no sector da comunicação social.

 

China/Burkina Faso: relações diplomáticas

 

Depois de ter cortado os laços diplomáticos com Taiwan, o Burkina Faso estabeleceu relações com a China. Este é o mais recente golpe para a ilha, que Pequim considera parte do seu território. Taiwan tem agora apenas 18 aliados diplomáticos, muitos deles países pobres da América Central e Pacífico, como Belize e Nauru. Em África, resta a Suazilândia. Este foi segundo aliado de Taiwan a cortar relações com a ilha em menos de um mês, depois de a República Dominicana ter feito o mesmo. 

 

Bahrain/Qatar: conflito sem solução?

 

O Bahrain declarou, através do seu MNE, que não há esperança para resolver a crise diplomática com o vizinho Qatar, um ano depois de se ter iniciado o bloqueio. Com a Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos e o Egipto, o Bahrain impôs um bloqueio comercial ao Qatar argumentado que este tinha "laços com terroristas" e que apoiava o Irão. Os comentários surgiram um dia depois de o Qatar ter ordenado às lojas do país que deixassem de fornecer produtos dos países envolvidos no bloqueio, e que surgiam vindos de países terceiros. 
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