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05 de Abril de 2018 às 21:50

Um paradigma a explorar: estará o futuro da banca associado ao turismo?

A tecnologia tem feito do turismo uma atividade cada vez mais ágil e eficaz. Desde a eliminação do "roaming" na União Europeia à possibilidade de os bancos validarem operações bancárias com base na geolocalização do smartphone.

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Revolut (lançado em 2013), N26 (2014), Monzo (2015), Monese (2015).

O que têm em comum estes quatro nomes? Além de start-ups do mundo das "fintech", estas são empresas que cresceram à volta de uma premissa valiosa para o setor do turismo: a criação de uma solução de pagamentos em viagem, nomeadamente um cartão eletrónico e/ou digital.

 

Estas start-ups da banca digital vieram resolver alguns dilemas do setor do turismo. Em primeiro lugar, permitiram a eliminação das taxas de pagamentos no estrangeiro, tais como os impostos e as comissões, ambos valores cobrados aos turistas. Em segundo lugar, vieram permitir transferências internacionais gratuitas. Por último, mas não menos importante, permitiram a obtenção de melhores taxas de câmbio.

 

No entanto, a banca digital não foi apenas relevante na concretização da poupança com taxas por comissões. Algumas das start-ups referidas têm aplicações que permitem contratar um seguro de viagem diretamente na aplicação. Esta possibilidade é algo que está em linha com a prioridade da nova geração de turistas: viajar sem preocupações. As mais recentes aplicações permitem que o telefone detete, de imediato, onde é que a pessoa está e, caso esteja no estrangeiro, o seguro é automaticamente ativado.

 

O Revolut, com cerca de 1,5 milhões de utilizadores no mundo, está na vanguarda desta vaga de soluções "fintech" para o turismo. Segundo Pablo Viguera, "country manager" para Portugal e Espanha, a start-up já ajudou os seus utilizadores a poupar 200 milhões de dólares em "fees", transacionando mais de 10 mil milhões de dólares. Os portugueses têm aderido em massa: a empresa contava em março de 2018 com cerca de 33 mil utilizadores, colocando o país no top 10 de "users", à frente de Itália e perto da Alemanha (35 mil), mas ainda longe de outros países como França (220 mil). Coincidência ou não, os principais pagamentos feitos com o Revolut foram na utilização da Uber, outra tecnológica com elevado impacto no turismo em Portugal (estima-se que a Uber transporte cerca de 90 mil turistas por mês na região de Lisboa).

 

A tecnologia tem feito do turismo uma atividade cada vez mais ágil e eficaz. Desde a eliminação do "roaming" na União Europeia à possibilidade de os bancos validarem operações bancárias com base na geolocalização do smartphone do utilizador e da loja onde a transação foi efetuada (eliminando o risco de utilização de cartões clonados), a experiência do turista tem-se tornado cada vez mais segura e conveniente.

 

A alemã N26 chegou este mês aos 850 mil utilizadores, além de ter ganho dois novos investidores de peso, a Allianz X e a Tencent que juntas contribuíram com cerca de 160 milhões de dólares.

 

Outros exemplos da digitalização do turismo têm sido aproveitados por vários setores, como por exemplo a utilização de "chatbots" para o "check-in" utilizado pela Turkish Airlines ou a criação de equipas de monitorização das "reviews online", devido ao seu impacto crucial na escolha do alojamento.

 

Com fundos disponíveis e em franco crescimento, estas "fintech"  já mudaram a forma de fazer turismo na Europa. Com forte aposta na personalização, na segurança (o utilizador pode bloquear e desbloquear o seu cartão na app, bloquear só a banda magnética ou só o "contactless") e em "chatbots", estas start-ups colocaram o cliente no centro da solução. O próprio processo de autenticação e validação do utilizador poderá também ser feito à distância com base na câmara do telefone. Poderão estas empresas ser o catalisador da disrupção num setor tão tradicional como a banca?

 

Advisory Manager da PwC

 

Artigo em conformidade com o novo Acordo Ortográfico

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