Opinião
2014 - O Futuro é Fantástico
Criar uma notícia, uma música, um filme para o digital continua a custar dinheiro e como tal o consumidor/leitor/ouvinte/utilizador deve ser chamado a participar financeiramente, já que está a adquirir algo. A questão técnica é puramente secundária.
Como se aperceberão os puristas da série de culto "Espaço:1999" esta frase refere-se-lhe. "The Future is Fantastic" foi um livro escrito por Robert E. Wood em 1977 que não é mais do que um guia exaustivo desta série que marcou gerações. E é exactamente esta a frase que sumariza as minhas previsões digitais para 2014:
• O Mundo vai ser ainda mais Google - Depois do bem-sucedido motor de busca, ferramentas de produtividade, aplicações, browser, sistemas operativos, mapas, clouds, smartphones e computadores portáteis, a Google continua na sua senda de mais e melhor. O Google já mapeia estrelas, outros planetas, o fundo do mar, investe em robótica avançada e em web education, inteligência artificial, redes a 10Gbps, carros que andam sozinhos, Wearable computers, assistentes virtuais, etc. Não admira que as suas acções tenham já passado dos USD $1200.
• Tablets e Mobile vão reinar - De diversos tamanhos, preços, cores e sabores, os tablets e similares vão reinar (ainda mais) em 2014. Já em 2013, e segundo a "Gartner", o seu crescimento foi de 53.4% face às vendas de computadores tradicionais (portáteis e secretária) que caiu 11.2%. Em 2014, assistiremos ao claro domínio destes equipamentos e, estou convencido, à priorização de conteúdos para tablets em detrimento da web "tradicional".
• Wearables vão ser moda. Os "computadores de vestir" vão ser a moda do ano. Em 2013, apareceram os relógios que ligam e controlam smartphones, outros que ligam ao automóvel, os óculos-assistentes virtuais, os anéis, pulseiras e colares que ligam quase a tudo, e até soutiens que twittam cada vez que são abertos. As suas funcionalidades vão desde o controlo de acessos, a fazer chamadas, receber emails, servir de assistente pessoal ou controlar os níveis cardíacos ou ciclos de sono. É um mercado que valerá 5 mil milhões de dólares já em 2014, pelos cálculos da Business Insider.
• Bitcoin. A nova moeda. Apareceu e rapidamente se espalhou pelo mundo. Os Bitcoins são uma moeda que permite pagamentos directos (peer-to-peer), sem a interveniência de bancos centrais ou outros. É puramente virtual, guarda-se no computador/smartphone, tem uma cotação volátil (o chamado "high risk asset"), mas pretende revolucionar o mundo pela sua própria filosofia de troca directa. No início apenas servia para pagar intangíveis de tecnologia, mas alguns gigantes estão já a aceitar esta moeda para pagamento de bens e serviços no mundo real. Por exemplo, em Portugal, e segundo o site da BitCoin, já podemos pagar alojamento numa quinta em Coimbra, comprar bicicletas eléctricas no Barreiro ou comprar sites e lojas electrónicas numa loja de V. N. Famalicão.
Será interessante ver o desenvolvimento do Bitcoin em 2014, especialmente agora que outros gigantes, como a PayPal, se mostraram interessados em também criar a sua própria moeda virtual.
• Drones - Lembram-se dos robots voadores da Skynet no Exterminador Implacável? Pois 2014 parece ser o ano em que poderemos ver o céu cheio de coisas parecidas (embora menos ameaçadoras). Os drones saíram do domínio militar e chegaram às empresas e ao cidadão comum. Estes pequenos veículos voadores computorizados, normalmente eléctricos e com diversas hélices, podem servir para uma miríade de coisas: tirar imagens aéreas, chegar a locais inacessíveis ou, segundo a Amazon, para levar encomendas leves mesmo até casa dos clientes. É melhor andar, a partir de agora, com um olho fixo no céu…
• Crowdfunding - Prevê-se que este modelo de financiamento de negócios e projectos, baseado na força das comunidades, seja a grande estrela de 2014. Nascido em 2009, o modelo é simples: basta ter uma boa ideia, desenvolver o respectivo projecto e colocá-lo numa das plataformas de financiamento comunitário. Quem queira investir consulta o projecto e, querendo, torna-se "sócio" do empreendimento, investindo monetariamente. Com um euro ou com milhares. O revenue é proporcional, como é óbvio. E com uma multidão (crowd) de pequenos investidores, qualquer projecto consegue ser realizado: uma curta-metragem, uma app para telemóvel, uma viagem ao espaço ou um novo tipo de veículo. A união faz, realmente, a força.
• Conteúdos (digitais) pagos - 2014 vai ser, novamente, o ano da discussão sobre os conteúdos pagos. Esta discussão - os conteúdos digitais devem ser livres ou pagos? - é já antiga (lembro-me de falarmos disto em 1997) e, de tempos a tempos volta à baila, nomeadamente quando a publicidade escasseia e os media/produtores de conteúdo olham para a tabela do deve-haver.
Os modelos de negócio pululam - premium, pay-per-view, subscription, versioning, etc. A certeza, porém, é que para um qualquer modelo funcionar é necessário mudar mentalidades no consumidor. Criar uma notícia, uma música, um filme para o digital continua a custar dinheiro e como tal o consumidor/leitor/ouvinte/utilizador deve ser chamado a participar financeiramente, já que está a adquirir algo. A questão técnica é puramente secundária.
• Facebook 2014 - E não podia acabar sem falar do incontornável Facebook. Na aplicação, como a conhecemos, prevêem-se alterações profundas para 2014. Vídeos de publicidade em auto-play, alterações nos algoritmos da timeline para potenciar a relevância, uma maior aposta no mobile, a app interna de notícias (Paper), etc.
Mas, no que parecia ser um ano complicado para Zuckerberg (a juventude está a desligar-se do Facebook, as frequentes mexidas nos algoritmos e lógicas de funcionamento levam os profissionais do ramo à loucura e, cada vez mais, se colocam as questões do ROI dos media sociais) surge a notícia da aquisição da WhatsApp por 16 biliões de dólares. Uma aquisição que permite que o Facebook ganhe mais penetração no segmento das mensagens instantâneas e que pode ser a viragem definitiva para o ambiente mobile do Facebook. A ver vamos…
Partner da OOTB.pt e trabalha no meio digital desde 1994