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Carlos Bastardo - Economista 08 de Outubro de 2020 às 09:40

A poupança continua a ser “maltratada”

Atualmente, as taxas de juro dos depósitos a prazo estão em 0% ou quase e se atendermos ao facto que existem 158 mil milhões de euros de depósitos, concluímos que esta liquidez (sensivelmente o dobro do valor do resgate do país em 2011) praticamente não gera rendimento aos seus possuidores.

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As taxas de juro extremamente baixas consequência da política monetária prosseguida pelos principais bancos centrais mundiais, não tiveram os efeitos desejados de expansão das economias e de subida da inflação, em especial na Europa.

 

Deste modo, tivemos a economia europeia a crescer pouco (mesmo antes da covid) e a poupança a ser "maltratada", ou seja, 2 efeitos negativos.

 

Atualmente, as taxas de juro dos depósitos a prazo estão em 0% ou quase e se atendermos ao facto que existem 158 mil milhões de euros de depósitos (dados de agosto de 2020), concluímos que esta liquidez (sensivelmente o dobro do valor do resgate do país em 2011) praticamente não gera rendimento aos seus possuidores. E, por sua vez, o valor recebido pelo Estado relativo ao imposto de 28% sobre o valor dos juros dos depósitos é inexpressivo.

 

Existem em alternativa os certificados do tesouro que oferecem atualmente uma taxa de juro de 0,503% e os certificados do tesouro que oferecem taxas de remuneração um pouco acima (0,75% no 1º ano e pelo menos 0,75% no 2º ano, 1,05% no 3º ano, 1,35% no 4º ano, 1,65% no 5º ano, 1,95% no 6º ano e 2,25% no 7º ano).

 

Nas obrigações do tesouro, as yields são muito baixas e em alguns casos negativas, por exemplo a yield anual das obrigações alemãs a 10 anos é de -0,54% (02/10/2020). Ou seja, quem financia a Alemanha a 10 anos até lhe paga juros em vez de receber (é um "bem de luxo"). A yield anual das obrigações do tesouro nacionais estava em 0,22% na mesma data.

 

Nas obrigações investment grade, ou seja, emitentes com rating igual ou superior a BBB-/Baa3, os spreads de crédito medidos pelo índice iTraxx Eur Main andam em média nos 60 a 65 pontos base, ou seja, 0,6% a 0,65%.

 

Nas obrigações high yield (emitentes com rating abaixo de BBB-/Baa3, as chamadas junk bonds ou obrigações de risco elevado), os spreads de crédito medidos pelo índice iTraxx XOver andam nos 360/370 pontos, ou seja, 3,6% a 3,7%.

 

Todavia, este tipo de investimento não é para todos os investidores. É necessário perceber o risco dos emitentes. São investimentos para investidores com experiência ou profissionais.

 

Nas ações, os índices estão em máximos históricos ou perto disso. O índice S&P subiu em 11 anos de 660 pontos em março de 2009 para 3.588,11 pontos registados em 02/09/2020.

Desde os 2.191,86 pontos registados em 23/03/2020 já subiu 52,8% até 02/10/2020.

 

Por sua vez, o índice Europe Stoxx 600, após ter estado nos 268,57 pontos em 23/03/2020, encontrava-se nos 361,36 pontos em 02/10/2020, mesmo assim abaixo do valor máximo do ano (433,90 pontos).

 

As ações enquadram-se nos ativos financeiros de maior risco, pelo que não são um investimento para todos os aforradores / investidores.

 

Claro que os investimentos alternativos têm sido mais procurados como por exemplo as commodities (ouro em especial), o imobiliário, a arte, entre outros.

 

Contudo, estas alternativas têm sido mais procuradas pela média / grande poupança e não pela pequena poupança.

 

E aqui temos um problema: as pessoas reformadas que trabalharam durante muitos anos e que geraram alguma poupança, não têm hoje o complemento desse rendimento a somar ao valor da sua reforma.

 

Hoje o rendimento da poupança é muito reduzido e esta é um dos fatores fundamentais para o crescimento económico.

 

Economista

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