Opinião
A poupança continua a ser “maltratada”
Atualmente, as taxas de juro dos depósitos a prazo estão em 0% ou quase e se atendermos ao facto que existem 158 mil milhões de euros de depósitos, concluímos que esta liquidez (sensivelmente o dobro do valor do resgate do país em 2011) praticamente não gera rendimento aos seus possuidores.
As taxas de juro extremamente baixas consequência da política monetária prosseguida pelos principais bancos centrais mundiais, não tiveram os efeitos desejados de expansão das economias e de subida da inflação, em especial na Europa.
Deste modo, tivemos a economia europeia a crescer pouco (mesmo antes da covid) e a poupança a ser "maltratada", ou seja, 2 efeitos negativos.
Atualmente, as taxas de juro dos depósitos a prazo estão em 0% ou quase e se atendermos ao facto que existem 158 mil milhões de euros de depósitos (dados de agosto de 2020), concluímos que esta liquidez (sensivelmente o dobro do valor do resgate do país em 2011) praticamente não gera rendimento aos seus possuidores. E, por sua vez, o valor recebido pelo Estado relativo ao imposto de 28% sobre o valor dos juros dos depósitos é inexpressivo.
Existem em alternativa os certificados do tesouro que oferecem atualmente uma taxa de juro de 0,503% e os certificados do tesouro que oferecem taxas de remuneração um pouco acima (0,75% no 1º ano e pelo menos 0,75% no 2º ano, 1,05% no 3º ano, 1,35% no 4º ano, 1,65% no 5º ano, 1,95% no 6º ano e 2,25% no 7º ano).
Nas obrigações do tesouro, as yields são muito baixas e em alguns casos negativas, por exemplo a yield anual das obrigações alemãs a 10 anos é de -0,54% (02/10/2020). Ou seja, quem financia a Alemanha a 10 anos até lhe paga juros em vez de receber (é um "bem de luxo"). A yield anual das obrigações do tesouro nacionais estava em 0,22% na mesma data.
Nas obrigações investment grade, ou seja, emitentes com rating igual ou superior a BBB-/Baa3, os spreads de crédito medidos pelo índice iTraxx Eur Main andam em média nos 60 a 65 pontos base, ou seja, 0,6% a 0,65%.
Nas obrigações high yield (emitentes com rating abaixo de BBB-/Baa3, as chamadas junk bonds ou obrigações de risco elevado), os spreads de crédito medidos pelo índice iTraxx XOver andam nos 360/370 pontos, ou seja, 3,6% a 3,7%.
Todavia, este tipo de investimento não é para todos os investidores. É necessário perceber o risco dos emitentes. São investimentos para investidores com experiência ou profissionais.
Nas ações, os índices estão em máximos históricos ou perto disso. O índice S&P subiu em 11 anos de 660 pontos em março de 2009 para 3.588,11 pontos registados em 02/09/2020.
Desde os 2.191,86 pontos registados em 23/03/2020 já subiu 52,8% até 02/10/2020.
Por sua vez, o índice Europe Stoxx 600, após ter estado nos 268,57 pontos em 23/03/2020, encontrava-se nos 361,36 pontos em 02/10/2020, mesmo assim abaixo do valor máximo do ano (433,90 pontos).
As ações enquadram-se nos ativos financeiros de maior risco, pelo que não são um investimento para todos os aforradores / investidores.
Claro que os investimentos alternativos têm sido mais procurados como por exemplo as commodities (ouro em especial), o imobiliário, a arte, entre outros.
Contudo, estas alternativas têm sido mais procuradas pela média / grande poupança e não pela pequena poupança.
E aqui temos um problema: as pessoas reformadas que trabalharam durante muitos anos e que geraram alguma poupança, não têm hoje o complemento desse rendimento a somar ao valor da sua reforma.
Hoje o rendimento da poupança é muito reduzido e esta é um dos fatores fundamentais para o crescimento económico.
Economista