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Ideias que se tornam boas práticas em saúde

A integração e continuidade de cuidados, a transformação digital e os cuidados centrados no cidadão são três das cinco categorias do Prémio Saúde Sustentável, uma iniciativa do Jornal de Negócios com a Sanofi que visa premiar as iniciativas de sustentabilidade que tenham impacto tangível na saúde em Portugal.

06 de Outubro de 2022 às 12:00
Getty Images
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Cuidados centrados no cidadão

O passaporte da radiação


O projeto consiste na monitorização de todos os utentes que realizam exames imagiológicos com radiação ionizante cujos efeitos são cumulativos durante todo o período de vida do ser humano. O que passa pela otimização dos protocolos de exames em todos os equipamentos produtores de radiação ionizante e subsequente manutenção dos níveis de radiação individual tão baixos quanto possível, seguindo o princípio de ALARA (As Low As Reasonably Achievable). A monitorização dos utentes é importante, em particular nas patologias mais complexas que exigem a realização de maior número de exames imagiológicos com radiação ionizante. Por outro lado, é objetivo do projeto a promoção de uma literacia ao utente em efeitos da radiação ionizante transpondo para a radiação da vida comum os efeitos comparativos para uma melhor compreensão do tema com a disponibilização de um “passaporte de radiação”, no qual conste esta informação e o seu histórico, e que possa estar acessível ao mesmo através da app My São João.

Rede nacional de testes rápidos

“A testagem rápida covid-19 em farmácias representa um dos maiores contributos nacionais para a recuperação, após a fase mais crítica da pandemia, em que foram a resposta eficaz para as necessidades dos portugueses, assegurando prontamente uma rede nacional de testes rápidos de antigénio (TRAg)”, recordou Diogo Gouveia, vice-presidente da Associação Nacional das Farmácias (ANF). Entre junho de 2021 e junho de 2022, fizeram-se 11,6 milhões de testes TRAg, o que demonstra a importância e magnitude desta intervenção essencial. Segundo Diogo Gouveia, “ocorreu uma redução significativa das desigualdades de acesso (medida pelo índice de Gini), de forma mais acentuada em municípios com menor densidade populacional (redução de 43,3%), com maior índice de envelhecimento (redução de 51,3%) e com menor poder de compra per capita (redução de 54,6%)”. A estes resultados somam-se os ganhos em saúde decorrentes de um melhor controlo da infeção.

Agilizar a relação utente-unidade de saúde

O projeto SARA permite agilizar a relação utente-unidade de saúde, via atendimento telefónico, facilitando o seu acesso aos cuidados de saúde primários (CSP) e evitando deslocações desnecessárias. Coloca à disposição um conjunto de opções (marcação de consulta do dia, consulta programada ou renovação de receitas, entre outros) e melhora a organização de trabalho dos secretários clínicos, que, através da consulta a uma lista de tarefas ordenadas pela hora da chamada e motivo, procedem à devolução e respondem ao contacto. O SARA encontra-se implementado em 533 unidades de cuidados de saúde primários, com mais de 3,2 milhões de chamadas de retorno efetuadas com sucesso. Está em curso a contratação da plataforma para abranger as restantes unidades do país.


Transformação digital

Relatórios escritos pela voz do médico

Os registos clínicos na maioria dos sistemas de informação do SNS são realizados em texto livre e este sistema tem a capacidade de efetuar o reconhecimento em tempo real, de voz para texto, tendo por base inteligência artificial e “machine learning”, e com dicionários e modelos linguísticos para diferentes especialidades médicas. “Os clínicos produzem diariamente relatórios e tendo presente que ditar é três mais rápido do que escrever, seria importante ter uma ferramenta que auxiliasse neste trabalho, reduzisse o tempo de escrita e produzisse documentos com elevada precisão”, disse Renato Magalhães, diretor do Serviço de Gestão de Sistemas de Informação e Comunicação IPO Porto. A solução adotada foi o Invox Medical, da Vocali, que disponibiliza ao utilizador uma interface intuitiva e user-friendly, implementada pela Fujifilm Portugal, com a gestão da mudança realizada pela ValeConsultores. O principal desafio foi a criação dos dicionários específicos, concebidos através de relatórios médicos da instituição, que garantissem acerto da transcrição, que passou de 90% para 95% num ano.

Biblioteca de conhecimentos

Hoje, o conhecimento médico duplica a cada 73 dias, por isso, começaram a surgir alguns sistemas de apoio à decisão clínica. Para Tomás Pessoa e Costa, CEO da Dioscope, foi uma oportunidade. “A Dioscope é uma plataforma colaborativa em que cada hospital ou centro de saúde pode criar o seu próprio sistema de apoio à decisão, de forma mais rápida, mais económica e com maior qualidade. No nosso sistema ‘no-code’, cada equipa, mesmo sem conhecimento avançado em IT, pode construir a sua biblioteca de algoritmos clínicos, adaptados à prática clínica local e aos recursos disponíveis, e criar um ‘médico’ virtual que ajuda os médicos reais, da linha da frente, na tomada de decisão”, salientou Tomás Pessoa e Costa. O primeiro projeto iniciou-se no Hospital de São João, em julho de 2021, no serviço de Pediatria e de Cirurgia Geral, com a criação de um sistema composto por 112 algoritmos de decisão/normas de orientação. O processo foi concluído em maio de 2022, tendo a solução registado mais de 2 mil chamadas ao assistente de apoio no primeiro mês de utilização. Seguiram-se vários centros hospitalares, hospitais e unidades de saúde local numa rede de implementação em 81 unidades de saúde.

Ação imediata

O projeto visa a deteção, em tempo real, de infeções ocorridas em contexto hospitalar, para apoio na tomada de decisão atempada tanto pelo Grupo Coordenador Local do Programa de Prevenção e Controlo de Infeção e de Resistências aos Antimicrobianos (GCL-PPCIRA) como pelas equipas médicas. “É um processo totalmente desmaterializado e possibilitador de uma vigilância preventiva, proativa e alerta automática. Trata-se de uma ferramenta que permite ainda monitorizar determinados indicadores e produzir relatórios/informações de apoio à decisão numa área crítica como esta das infeções hospitalares”, explica Luís Miguel Ferreira, presidente do Hospital Dr. Francisco Zagalo – Ovar. Iniciou-se o levantamento exaustivo dos protocolos, normas, critérios e regras em vigor que regem a sua atividade. Posteriormente, foram definidas as necessidades de vigilância, monitorização e report a desenvolver para garantir o cumprimento dos objetivos de desmaterialização e automatização. Depois seguiu-se a fase dos processos de extração, carregamento e informação, a que se seguiu a fase final de implementação.


Integração e continuidade de cuidados

A recuperação dos mais frágeis

A Unidade do Doente Frágil (UDF) constitui a interface entre a alta clínica e o regresso ao domicílio dos doentes frágeis internados no Serviço de Medicina Interna do Serviço de Saúde da Região Autónoma da Madeira. “A unidade possibilita a abordagem da pessoa frágil e do seu meio envolvente numa perspetiva multidimensional e com um trabalho interdisciplinar, procurando que o processo de hospitalização cause o menor dano possível e, inclusive, possa ser uma oportunidade de reabilitação funcional e intervenção em outros aspetos da pessoa frágil relacionados com seu bem-estar subjetivo”, afirma Miguel Homem da Costa, coordenador da UDF. Apesar de não ser uma unidade destinada apenas ao tratamento de idosos frágeis, estes são altamente prevalentes em unidades deste tipo. Esta unidade iniciou a sua atividade em 15 de julho de 2021, no Hospital dos Marmeleiros, com três camas e hoje tem 13, conta com uma equipa multidisciplinar, composta por 14 profissionais e foram tratados 118 doentes.

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