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Hospital de Braga está a ganhar guerra às infecções

A instituição implementou medidas simples para ajudar na organização e na redução de infecções hospitalares, diminuindo o consumo de antibióticos. Visitantes têm um tratamento especial.

20 de Julho de 2015 às 16:01
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O hospital tem uma plataforma que regista todos os eventos adversos. 


O novo Hospital de Braga, construído de raiz e inaugurado em 2011, era o cenário ideal para uma "revolução" na organização, qualidade e prevenção de infecções hospitalares, que acabam por ter impacto no consumo de antibióticos.

Esta foi uma das tarefas que coube a Célia Rosa, a economista que lidera a equipa que implementa a política de qualidade e gestão do risco na unidade, partindo das exigências do contrato de gestão, visto que o hospital é uma parceria público-privada (PPP), da responsabilidade da José de Mello Saúde, incluindo ainda uma entidade que gere o edifício. "No contrato de gestão temos uma cláusula que diz que precisamos de ter um sistema de acreditação montado", afirmou Célia Rosa. Isso implica "levantar e inscrever os processos e provar a articulação, com evidências, entre os serviços hospitalares, assim como obter uma certificação ambiental. E atrás desta obrigação, nós iniciámos em Maio de 2011 o processo de acreditação do hospital completo".

Fizemos coisas simples, quando viemos para aqui, como verificar toda a componente de segurança contra incêndios, evacuação.


Tudo o que é uma ocorrência, relacionada com uma falha de identificação, com um incêndio, uma situação de queda de um doente ou algo que aconteça a um colaborador, pode ser declarado com o nome do profissional ou de forma anónima.
Célia Rosa, Responsável de qualidade e gestão de risco do Hospital de Braga
A economista Célia Rosa lidera a qualidade e gestão de risco do Hospital de Braga, um projecto que foi implementado quando a instituição foi inaugurada. 


"Fizemos coisas simples, quando viemos para aqui, como verificar toda a componente de segurança contra incêndios, evacuação...", referiu Célia Rosa. O hospital tratou ainda de outra componente crítica que foi a emergência médica, também para quem só está de visita. "Se se sentir mal aqui neste momento, nós temos uma equipa intra-hospitalar que em três minutos garante o suporte de vida da pessoa que se sente mal nas nossas instalações. Não estou a falar do doente internado, mas das outras pessoas que vêm cá", referiu a mesma responsável.



A equipa de qualidade tem um núcleo de oito pessoas, mas estão alocadas 240 pessoas que fazem a ligação com as diversas unidades.


736
Enfermeiros
Trabalham no Hospital de Braga 736 enfermeiros, num total de 2.400 colaboradores.


As medidas que ajudam a promover a sustentabilidade e qualidade do hospital podem ser tão simples como imagens coladas do aspecto que uma sala arrumada deve ter, fitas vermelhas a marcar áreas por onde passam produtos perigosos, ou colocar as camas nos quartos de forma a evitar ao máximo as infecções cruzadas.

Mas afinal como é que se controla e mede a implementação deste sistema de qualidade? Célia Rosa explicou que existem "diversas fontes de informação dos indicadores, como também uma plataforma de registo de eventos adversos. Tudo o que é uma ocorrência, relacionada com uma falha de identificação, com um incêndio, uma situação de queda de um doente ou algo que aconteça a um colaborador, pode ser declarado com o nome do profissional ou de forma anónima. Já temos uma cultura de declaração de mais de mil eventos declarados de forma espontânea e 25% são médicos", salientou a responsável.

Célia Rosa diz que as poupanças mais evidentes são, precisamente, no consumo de antibióticos que é evitado com a redução da taxa de infecção.

Como fez mais com menos

Ligação às famílias e centros de saúde
Um dos projectos acarinhados no hospital é o enfermeiro de referência, que ajuda à articulação com as famílias e os centros de saúde, poupando com esta maior organização. "O enfermeiro de referência é a chave de toda a articulação em equipas multidisciplinares. Começa antes do internamento, onde temos já uma consulta de enfermagem de preparação do doente, e depois esse enfermeiro é a articulação com todas as vertentes", referiu Elisabete Pinheiro, enfermeira-chefe de ortopedia. Os profissionais estão preparados para dar formação às famílias e trabalham também em estreita colaboração com os centros de saúde, uma das medidas que o hospital tem promovido. "Isto culminou recentemente na entrega de um manual para os serviços de saúde", ressalvou Célia Rosa. 


Pontos fortes

O Hospital de Braga implementou, desde que abriu, um sistema de qualidade e monitorização de risco que trouxe vantagens não só aos utentes, mas também aos visitantes.






Redução de infecções
Mudar o posicionamento das camas dos doentes e criar um circuito bem assinalado para materiais sujos ajudam o Hospital de Braga a diminuir a taxa de infecções hospitalares.

Atenção aos visitantes
A instituição deu também atenção a quem vai visitar um utente ao Hospital de Braga. "Se alguém se sentir mal aqui neste momento, nós temos uma equipa intra-hospitalar que em três minutos garante o suporte de vida da pessoa que se sente mal nas nossas instalações", contou Célia Rosa.
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