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Prémio Prevenção e Promoção da Saúde
Estima-se que entre 10% e 20% das crianças e jovens em Portugal sofrem algum tipo de perturbação psicológica. E que, destas, só 25% estejam referenciadas e acompanhadas por algum tipo de serviço de saúde.
Num país onde, ainda por cima, o tema da saúde mental é alvo ainda de preconceito, atuar na prevenção pode fazer a diferença. É essa a convicção da Associação Prevenir que, através dos programas que desenvolve junto de crianças e jovens, atua na promoção de hábitos e comportamentos saudáveis. A associação, nascida em 2002, recebeu agora o prémio Saúde Sustentável na categoria da Prevenção e Promoção da Saúde.
Atuar nesta área implica trabalhar competências como a disciplina e o autocontrolo, a gestão emocional, a verbalização de sentimentos, a resolução de problemas e tomada de decisões. Isto num contexto específico, o escolar, em que a aprendizagem formal é o foco central de tudo. E começando o mais cedo possível, ou seja, pelo menos no 1º ciclo.
1.183
Alunos
Este é o número de alunos que já foram abrangidos pelo programa Crescer a Brincar.
Neste projeto da associação, o Crescer a Brincar, o objetivo é que as escolas desenvolvam, em parceria com a equipa da associação, programas longitudinais, ou seja, que acompanhem as crianças durante os quatro anos do 1.º ciclo, com competências emocionais diferentes a desenvolver em cada um deles. O autocontrolo, a autoestima ou a redução da agressividade e da indisciplina são outras das áreas abordadas na escola primária.
A equipa da associação forma os professores, desenha os programas e vai apoiando a sua implementação. Cada criança tem o seu manual e o professor também tem um próprio, da autoria do psicólogo Paulo Moreira. Por regra o financiamento destes programas é assegurado por autarquias e, pontualmente, por algumas empresas.
Ao fazer-se uma intervenção na promoção da saúde mental, poupa-se muito dinheiro mais tarde. MARGARIDA BARBOSA
Presidente da Associação Prevenir
"Fazemos intervenção em doze concelhos", adianta Margarida Barbosa, presidente da Associação. Esta psicóloga educacional explica que "em cada ano, são trabalhadas diferentes competências". No quarto ano, por exemplo, trabalham-se as emoções negativas , a tomada de decisão, o saber dizer não, a gestão da pressão dos pares, o lidar com as emoções e previne-se o bullying.
"Há crianças que não têm emoções positivas a não ser na escola. Ali sentem que se cria um espaço de confiança", acrescenta Inês Moirinha, assistente social que integra igualmente a equipa de especialistas da Associação.
Ao trabalhar a parte emocional, e dado o seu impacto no funcionamento cognitivo das crianças e jovens, contribui-se também para uma melhor aprendizagem escolar. Há depois outro lado, que não sendo o foco principal, constitui um benefício adicional a retirar deste tipo de programas, refere Margarida Barbosa: "ao fazer-se uma intervenção na promoção da saúde mental, poupa-se muito dinheiro mais tarde".
Para os professores, este tipo de programas constitui também uma ferramenta muito valorizada já que os ajuda a detetar situações problemáticas e a trabalhar melhor com os miúdos em sala de aula. E contribui para a gestão emocional do próprio professor.
Entre os concelhos abrangidos gestão Amares, Braga, Cascais, Fafe, Guimarães, Lisboa, Monção, Oeiras, Póvoa de Lanhoso, Vila Nova de Famalicão, São João da Madeira e Valpaços num total de 1183 alunos alvo do programa Crescer a Brincar.