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Ali, onde disponibilizam cuidados de terapêutica endovascular - trombectomia mecânica - à população do Norte (Gaia, Espinho, Sana Maria da Feira, Braga e Viana do Castelo), há "uma monitorização permanente", equipas multidisciplinares "entrosadas" e com vocação para a fase aguda do AVC. Trabalham 24 horas por dia, 365 dias por ano. "Estamos sempre disponíveis." Mais: "Vimos cá às três ou às seis da manhã e as pessoas trabalham com o mesmo ritmo e entusiasmo", diz Manuel Ribeiro.
Com o advento da trombectomia e cientes de que as "doenças cerebrovasculares são a principal causa de morbimortalidade" em Portugal e em vários países europeus, Manuel Ribeiro e Miguel Veloso arrancaram com o projecto Stroke Center. Que também nasceu da evidência clínica e das orientações da European Stroke Organization ao conceder certificação internacional às unidades de Neurorradiologia de Intervenção e de AVC do CHVNG/E enquanto centro de referência a nível europeu pela "excelência, qualidade e diferenciação" do serviço. Aquele hospital foi, aliás, o primeiro no país a ser acreditado internacionalmente nesta área.
Médico, coordenador do Centro de Referência do CHVNG/E
Desde 2015 foram definidas "relações inter-institucionais estreitas" com as unidades de AVC da Administração Regional de Saúde (ARS) Norte, entre elas as dos hospitais de Feira, Braga e Viana do Castelo. Foram criadas unidades funcionais com princípios de actuação conjunta e coordenada, critérios de tratamento endovascular - trombectomia mecânica - e protocolos científicos e clínicos, designadamente para a transferência do doente com AVC agudo. E foi criada uma "equipa multidisciplinar altamente diferenciada", composta por cinco médicos, fisiatra, assistente social, nutricionista, terapeuta da fala e auxiliares.
Três anos depois, os números revelam "uma excelente relação custo/eficácia" do trabalho conjunto, afirma Manuel Ribeiro. A taxa de mortalidade aos três meses, que era de 30% nos doentes não tratados, baixou para 12,7%. A taxa de recanalização eficaz no tratamento endovascular, considerada "fundamental" para o sucesso do tratamento e para possibilitar benefício clínico ao doente, chega aos 90%. O número de pacientes tratados aumentou 48% ao ano, o número de trombectomias está em crescimento - 251 em 2018 com previsão de 334 em 2019 e de 418 em 2020 - e o número de dias de internamento dos pacientes reduziu 70%.
Ainda assim, há escassez de meios humanos e técnicos afectos ao projecto. "Só temos um angiógrafo", que tem de ser partilhado com outras especialidades, lamenta Manuel Ribeiro. É certo que um segundo equipamento custa "um milhão de euros", mas o coordenador do Centro de Referência de Neurorradiologia de Intervenção do CHVNG/E contrapõe com um estudo já entregue à administração do hospital.
Nesse documento é demonstrado que "a dependência gerada nos doentes decorrente dos atrasos na trombectomia pela ausência do angiógrafo no CHVNG/E entre Janeiro de 2015 e Julho de 2017 gerou um agravamento financeiro ao SNS de cerca de 1.6 milhões de euros no primeiro ano após o AVC". E, a esse valor, "acresce um agravamento de cerca de 830 mil euros/ano nos anos subsequentes".
Projecto Stroke Center
O projecto Stroke Center nasce da evidência clínica e das orientações da European Stroke Organization, que concedeu certificação internacional às unidades de Neurorradiologia de Intervenção e de AVC do CHVNG/E pela "excelência, qualidade e diferenciação" do serviço. Estima-se, com base da incidência de AVC em Portugal (2,79/1000 habitantes/ano), que existam cerca de 28 mil acidentes vasculares cerebrais (AVC) por ano e 10 doentes por dia com necessidade de terapêutica endovascular. Um estudo revela que a aquisição de um segundo angiógrafo para o Hospital de Gaia evitaria um "agravamento financeiro ao SNS de cerca de 1,6 milhões de euros no primeiro ano após o AVC" e "um agravamento de cerca de 830 mil euros/ano nos anos subsequentes".