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A sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS) interessa a todos, inclusive à indústria farmacêutica. Alberto Inez, director-geral da Sanofi Portugal, diz, em entrevista dada por escrito, que os laboratórios também têm dado o seu contributo para promover a sustentabilidade do SNS, mas lamenta que a indústria continue a ser encarada como "contribuinte privilegiado".
Qual a importância da sustentabilidade do SNS para a indústria?
Quanto maior for a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS) maior será a capacidade do Estado em cumprir os seus compromissos com os utentes e com os seus parceiros, garantindo que todos os elementos deste processo têm a capacidade de fazer a sua parte em prol de um bem comum. Neste âmbito também a indústria farmacêutica deve ser avaliada no conceito de parceria e não ser vista pelo Estado como contribuinte "privilegiado" do SNS.
De que forma a indústria farmacêutica pode contribuir para esse fim? E tem-no feito?
Num contexto económico onde é premente uma gestão parcimoniosa e rigorosa dos recursos existentes, o conceito de sustentabilidade ganha uma nova dinâmica e impõe a necessidade de encontrar soluções, por vezes inovadoras, que resultem em modelos eficazes e eficientes na relação e intervenção nas diferentes áreas da nossa sociedade, em particular, na área da saúde. Com um portfólio que abrange áreas tão distintas como sendo as doenças raras, a diabetes, oncologia, OTC's ou genéricos, este tem sido o compromisso da Sanofi com o sistema de saúde.
Mas de que forma tem a Sanofi contribuído para este objectivo da sustentabilidade do SNS?
Esse apoio tem-se traduzido na colaboração que temos mantido com todos os parceiros, nomeadamente com o Ministério da Saúde, cujo fim visa alcançar um objectivo comum: continuar a garantir o acesso de todos os cidadãos aos melhores cuidados de saúde. A nossa forma de colaboração é comum a muitas outras farmacêuticas, situação reflectida no protocolo assinado entre a Apifarma e o governo em que se expressa o compromisso e o esforço das partes para assegurar essa mesma sustentabilidade. É pois legítimo que esperemos o mesmo nível de compromisso por parte das autoridades de Saúde e, consequentemente, do Estado.
Administradores hospitalares estão a gerir com mais rigor.
Qual o impacto das medidas que têm vindo a ser adoptadas na Sanofi?
O maior impacto é seguramente no acesso à inovação. A indústria farmacêutica continua a ser o sector que mais investe em inovação e que, com isso, gera valor e estimula a economia. Cortes discricionários e ausência de medidas de "governance" podem comprometer estes objectivos e, mais grave ainda, penalizar o acesso dos doentes ao medicamento. Mais uma vez, o entendimento e a colaboração de todos os intervenientes são os catalisadores da mudança e a Sanofi tem procurado ser um dinamizador e um sério contribuinte para a mudança.
É possível cortar mais no preço dos medicamentos? Porquê?
Considerando que o preço dos medicamentos em Portugal é dos mais baixos da Europa, não me parece que cortar mais no preço dos medicamentos seja o caminho. Enquanto gestor, os cortes no preço dos medicamentos não me são, de todo, indiferentes mas a minha preocupação maior são, indubitavelmente, os cortes na saúde em geral, os quais, na minha perspectiva, são medidas reactivas e avulsas com consequências severas naquele que deve ser o princípio basilar do acesso aos cuidados: a equidade.
Sente que os hospitais estão a reduzir no consumo?
Os hospitais têm orçamentos para cumprir e metas para respeitar sob pena de comprometerem a sustentabilidade dos seus serviços. O que se assiste é a uma gestão mais rigorosa por via da negociação com os diferentes parceiros, o que é distinto de reduzir no consumo.
Qual a importância do "Prémio Saúde Sustentável" para a Sanofi?
Para nós é extremamente gratificante podermos patrocinar e estimular estas iniciativas, permitindo o conhecimento e divulgação das melhores práticas na área da Saúde e reconhecer o contributo dos participantes para um sistema mais equilibrado e, igualmente, mais consonante com os interesses e necessidades dos doentes.