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A crise na saúde "é uma oportunidade para se reinventar e definir uma nova estratégia que tenha resultados práticos e visíveis no médio e longo prazo e para capitalizarmos o valor da inovação, dos medicamentos e vacinas, do investimento e contributo da indústria farmacêutica para a saúde pública e o seu reconhecimento em questões de emergência", refere Helena Freitas, country lead da Sanofi Portugal.
Em entrevista, concedida na entrega do Prémio Saúde Sustentável, a gestora fala dos desafios da farmacêutica que dirige e dos projetos que estão a desenvolver. Defende ser fundamental a existência de um sistema que avalie os resultados clínicos, mas também os resultados que importam ao doente, para criar mais valor em saúde.
Assumiu a liderança da Sanofi em julho de 2022. Quais são os seus principais desafios e projetos a desenvolver pela Sanofi em Portugal?
Os nossos principais desafios internos são a priorização do nosso portefólio para nos focarmos em áreas nas quais ainda existem grandes necessidades para os doentes e os profissionais de saúde, a investigação científica interna e através de parcerias e a correta alocação de custos e poupança para investir nas nossas áreas-chave.
Em termos de projetos, a nossa ambição é alcançar posições competitivas em áreas como os cuidados especializados (imunologia, oncologia, doenças raras, doenças raras do sangue e esclerose múltipla) e as vacinas, que vão desde a infância até aos seniores. Adicionalmente, queremos reforçar a nossa liderança em áreas em que temos um legado importante como a diabetes, doenças cardiovasculares e a saúde do consumidor, com a nossa unidade de produtos de venda livre ao consumidor.
Um dos meus objetivos é também alavancar o investimento em inovação e estabelecer parcerias locais como a que temos com o iBET - Instituto de Biologia Experimental e Tecnológica, e posicionar a Sanofi no mercado em termos de oferta integrada de saúde às autoridades e ao utente.
Os momentos de crise são, para além de desafios, momentos de oportunidades para melhorarmos as nossas atividades, iniciativas e estratégias num determinado setor. Uma das principais oportunidades é criarmos um sistema de saúde baseado em valor, ou seja, organizar os cuidados na perspetiva do doente, privilegiar a qualidade dos serviços prestados em detrimento da quantidade e melhorar os resultados e a satisfação sem aumentar a despesa.
É fundamental haver um sistema que avalie os resultados clínicos, mas também os resultados que importam ao doente e trabalharmos no sentido de criarmos mais valor em saúde. Com esta estratégia estaremos não só a prestar melhores cuidados de saúde, como também a trabalhar na própria sustentabilidade do sistema ao geramos poupanças significativas e implementando critérios de eficácia e eficiência com as equipas clínicas no tratamento dos doentes.
Qual é o impacto que esta crise do SNS pode ter nas áreas de atuação da Sanofi como os medicamentos, as vacinas, os ensaios clínicos? Que aspetos há a melhorar no acesso aos medicamentos e às vacinas para facilitar os ensaios clínicos?
Existem desafios que potencialmente nos afetam e que são comuns à indústria, à área da saúde e inerentes ao próprio contexto social e económico que vivemos. Destaco o envelhecimento da população e o consequente aumento de doenças crónicas e as suas despesas; a necessidade de aumentarmos os níveis de literacia em saúde e o investimento na prevenção da doença e promoção da saúde; a transição e transformação digital no SNS e a integração de dados; o valor, avaliação e financiamento de tecnologias de saúde e acesso a inovação; a necessidade de haver uma aposta forte na investigação clínica e a promoção de Portugal como destino privilegiado para a prática da investigação; uma maior estabilidade de políticas e o facto de a saúde ainda não ser vista como um todo e um investimento. Trabalhamos em estreita colaboração com o Serviço Nacional de Saúde e o governo, apoiando com medicamentos, vacinas e ensaios clínicos, sendo parte integrante da solução para um serviço de saúde estável e financeiramente sustentável. Estamos sempre disponíveis para negociar as melhores opções e proporcionar as ferramentas terapêuticas necessárias aos profissionais de saúde cujo objetivo último é o bem-estar dos seus doentes. Em relação à melhoria do acesso às vacinas e ensaios clínicos, temos verificado que é um caminho cada vez mais aberto, fruto de um trabalho continuo por parte da indústria farmacêutica e de todos os "players" na sensibilização para a inovação. Há sempre aspetos a melhorar, mas o caminho que temos feito reflete o compromisso de todos os envolvidos na melhoria das condições de saúde pública em Portugal.
Reconhecimento e distinção
Os Prémios Saúde Sustentável têm contribuído para que muitas instituições mantenham os seus projetos e melhorem a vida e a saúde de um grande número de pessoas.
Qual a importância do Prémio Saúde Sustentável para a Sanofi e qual é o seu olhar sobre este património de onze anos?
O Prémio Saúde Sustentável nasceu com o objetivo de premiar o que de melhor se faz em Portugal pela saúde, sejam iniciativas com impacto tangível na sustentabilidade das instituições e na melhoria da saúde do utente. A divulgação destas é o reconhecimento do trabalho destes profissionais e instituições para que possam ser replicadas e sirvam de incentivo e exemplo.
Tenho um enorme orgulho no nosso prémio e estou convicta de que o reconhecimento e a distinção de muitas das instituições já premiadas contribuíram para que estas conseguissem manter os seus projetos, melhorar a vida e a saúde de um grande número de pessoas e contribuir para uma área da saúde mais coesa e inovadora.
Quais são as suas expectativas para a 11.ª edição do Prémio Saúde Sustentável?
As edições anteriores impactaram-nos com projetos muito bons, com ideias extraordinárias e verdadeiramente merecedores da atenção de todo o país. Nesta edição, estreio-me enquanto membro do júri, posição que encaro com grande entusiasmo e responsabilidade e a minha expectativa é de que os projetos apresentados sejam inspiradores e que provoquem alguma "dificuldade" no momento da seleção dos vencedores. Apesar de premiarmos um projeto por categoria, este ano recebemos candidaturas genuinamente boas e merecedoras da atenção e do reconhecimento de todos nós, em áreas impactantes para a sociedade como o apoio durante a pandemia, a saúde mental e o envelhecimento ativo, a integração de cuidados, a prevenção e a digitalização saúde, pelo que a seleção não será fácil.
Em entrevista, concedida na entrega do Prémio Saúde Sustentável, a gestora fala dos desafios da farmacêutica que dirige e dos projetos que estão a desenvolver. Defende ser fundamental a existência de um sistema que avalie os resultados clínicos, mas também os resultados que importam ao doente, para criar mais valor em saúde.
Assumiu a liderança da Sanofi em julho de 2022. Quais são os seus principais desafios e projetos a desenvolver pela Sanofi em Portugal?
Os nossos principais desafios internos são a priorização do nosso portefólio para nos focarmos em áreas nas quais ainda existem grandes necessidades para os doentes e os profissionais de saúde, a investigação científica interna e através de parcerias e a correta alocação de custos e poupança para investir nas nossas áreas-chave.
Em termos de projetos, a nossa ambição é alcançar posições competitivas em áreas como os cuidados especializados (imunologia, oncologia, doenças raras, doenças raras do sangue e esclerose múltipla) e as vacinas, que vão desde a infância até aos seniores. Adicionalmente, queremos reforçar a nossa liderança em áreas em que temos um legado importante como a diabetes, doenças cardiovasculares e a saúde do consumidor, com a nossa unidade de produtos de venda livre ao consumidor.
Um dos meus objetivos é também alavancar o investimento em inovação e estabelecer parcerias locais como a que temos com o iBET - Instituto de Biologia Experimental e Tecnológica, e posicionar a Sanofi no mercado em termos de oferta integrada de saúde às autoridades e ao utente.
Os momentos de crise são, para além de desafios, momentos de oportunidades para melhorarmos as nossas atividades, iniciativas e estratégias num determinado setor. Helena Freitas
Country lead da Sanofi Portugal
O Serviço Nacional de Saúde atravessa uma crise em várias frentes, acentuada pelas exigências do combate à pandemia. Como vê esta crise e quais poderiam ser as principais medidas para uma evolução mais positiva? Seria importante que se pensasse mais em Sistema Nacional de Saúde?Country lead da Sanofi Portugal
Os momentos de crise são, para além de desafios, momentos de oportunidades para melhorarmos as nossas atividades, iniciativas e estratégias num determinado setor. Uma das principais oportunidades é criarmos um sistema de saúde baseado em valor, ou seja, organizar os cuidados na perspetiva do doente, privilegiar a qualidade dos serviços prestados em detrimento da quantidade e melhorar os resultados e a satisfação sem aumentar a despesa.
É fundamental haver um sistema que avalie os resultados clínicos, mas também os resultados que importam ao doente e trabalharmos no sentido de criarmos mais valor em saúde. Com esta estratégia estaremos não só a prestar melhores cuidados de saúde, como também a trabalhar na própria sustentabilidade do sistema ao geramos poupanças significativas e implementando critérios de eficácia e eficiência com as equipas clínicas no tratamento dos doentes.
Qual é o impacto que esta crise do SNS pode ter nas áreas de atuação da Sanofi como os medicamentos, as vacinas, os ensaios clínicos? Que aspetos há a melhorar no acesso aos medicamentos e às vacinas para facilitar os ensaios clínicos?
Existem desafios que potencialmente nos afetam e que são comuns à indústria, à área da saúde e inerentes ao próprio contexto social e económico que vivemos. Destaco o envelhecimento da população e o consequente aumento de doenças crónicas e as suas despesas; a necessidade de aumentarmos os níveis de literacia em saúde e o investimento na prevenção da doença e promoção da saúde; a transição e transformação digital no SNS e a integração de dados; o valor, avaliação e financiamento de tecnologias de saúde e acesso a inovação; a necessidade de haver uma aposta forte na investigação clínica e a promoção de Portugal como destino privilegiado para a prática da investigação; uma maior estabilidade de políticas e o facto de a saúde ainda não ser vista como um todo e um investimento. Trabalhamos em estreita colaboração com o Serviço Nacional de Saúde e o governo, apoiando com medicamentos, vacinas e ensaios clínicos, sendo parte integrante da solução para um serviço de saúde estável e financeiramente sustentável. Estamos sempre disponíveis para negociar as melhores opções e proporcionar as ferramentas terapêuticas necessárias aos profissionais de saúde cujo objetivo último é o bem-estar dos seus doentes. Em relação à melhoria do acesso às vacinas e ensaios clínicos, temos verificado que é um caminho cada vez mais aberto, fruto de um trabalho continuo por parte da indústria farmacêutica e de todos os "players" na sensibilização para a inovação. Há sempre aspetos a melhorar, mas o caminho que temos feito reflete o compromisso de todos os envolvidos na melhoria das condições de saúde pública em Portugal.
Reconhecimento e distinção
Os Prémios Saúde Sustentável têm contribuído para que muitas instituições mantenham os seus projetos e melhorem a vida e a saúde de um grande número de pessoas.
Qual a importância do Prémio Saúde Sustentável para a Sanofi e qual é o seu olhar sobre este património de onze anos?
O Prémio Saúde Sustentável nasceu com o objetivo de premiar o que de melhor se faz em Portugal pela saúde, sejam iniciativas com impacto tangível na sustentabilidade das instituições e na melhoria da saúde do utente. A divulgação destas é o reconhecimento do trabalho destes profissionais e instituições para que possam ser replicadas e sirvam de incentivo e exemplo.
Tenho um enorme orgulho no nosso prémio e estou convicta de que o reconhecimento e a distinção de muitas das instituições já premiadas contribuíram para que estas conseguissem manter os seus projetos, melhorar a vida e a saúde de um grande número de pessoas e contribuir para uma área da saúde mais coesa e inovadora.
Quais são as suas expectativas para a 11.ª edição do Prémio Saúde Sustentável?
As edições anteriores impactaram-nos com projetos muito bons, com ideias extraordinárias e verdadeiramente merecedores da atenção de todo o país. Nesta edição, estreio-me enquanto membro do júri, posição que encaro com grande entusiasmo e responsabilidade e a minha expectativa é de que os projetos apresentados sejam inspiradores e que provoquem alguma "dificuldade" no momento da seleção dos vencedores. Apesar de premiarmos um projeto por categoria, este ano recebemos candidaturas genuinamente boas e merecedoras da atenção e do reconhecimento de todos nós, em áreas impactantes para a sociedade como o apoio durante a pandemia, a saúde mental e o envelhecimento ativo, a integração de cuidados, a prevenção e a digitalização saúde, pelo que a seleção não será fácil.
Perfil Helena Freitas, da auditoria para a gestão
Em 1999, recém-licenciada em Economia pela Universidade do Porto, Helena Freitas foi recrutada pela E&Y, uma das Big 4 da auditoria, para os escritórios do Porto. Mais tarde foi para a E&Y em Moçambique. "Foi uma excelente oportunidade de começar no mercado de trabalho numa multinacional e ser exposta a diferentes áreas de negócio e processos", reconhece Helena Freitas. No regresso de Moçambique, decidiu deixar o setor da auditoria. Surgiu uma oportunidade na indústria farmacêutica e em 2006 foi trabalhar na BMS - Bristol Myers Squibb em auditoria interna & financeira. Em setembro de 2016 entrou para a Sanofi como diretora de Acesso ao mercado e Public Affairs e depois passou a general manager da área de Vacinas. Em julho de 2022, tornou-se country lead da Sanofi, substituindo Francisco del Val, que quatro anos depois foi nomeado head of Oncology Iberia. Para a gestora, a igualdade de género não deve ser entendida "como um privilégio, mas sim continuar a trabalhar para que seja uma realidade e uma forma ‘normal’ de gerir os nossos recursos e talentos. Liderar é liderar, mas a liderança feminina tem as suas particularidades".
Em 1999, recém-licenciada em Economia pela Universidade do Porto, Helena Freitas foi recrutada pela E&Y, uma das Big 4 da auditoria, para os escritórios do Porto. Mais tarde foi para a E&Y em Moçambique. "Foi uma excelente oportunidade de começar no mercado de trabalho numa multinacional e ser exposta a diferentes áreas de negócio e processos", reconhece Helena Freitas. No regresso de Moçambique, decidiu deixar o setor da auditoria. Surgiu uma oportunidade na indústria farmacêutica e em 2006 foi trabalhar na BMS - Bristol Myers Squibb em auditoria interna & financeira. Em setembro de 2016 entrou para a Sanofi como diretora de Acesso ao mercado e Public Affairs e depois passou a general manager da área de Vacinas. Em julho de 2022, tornou-se country lead da Sanofi, substituindo Francisco del Val, que quatro anos depois foi nomeado head of Oncology Iberia. Para a gestora, a igualdade de género não deve ser entendida "como um privilégio, mas sim continuar a trabalhar para que seja uma realidade e uma forma ‘normal’ de gerir os nossos recursos e talentos. Liderar é liderar, mas a liderança feminina tem as suas particularidades".