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Três vencedores exemplares

Estes projetos foram premiados em edições anteriores do Prémio Saúde Sustentável, o que lhes permitiu ganhar visibilidade e mostrar a sua valia. Hoje, mantêm-se ativos e em crescimento.

17 de Junho de 2021 às 11:20
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"O Prémio Saúde Sustentável foi muito importante e veio na altura certa, deu visibilidade e começou a perceber-se que era algo que poderia fazer a diferença no cuidado dos doentes", disse Adelaide Belo, coordenadora do "Programa de gestão de caso para doentes crónicos com multimorbilidade", que em 2018 ganhou a categoria de Projetos Especiais Integrados, e que se desenvolve no Litoral Alentejano. Foi um dos três vencedores do Prémio Saúde Sustentável que apresentaram a sua evolução durante a 9.ª conferência de Valor APAH, que se realizou entre 25 e 28 de maio de 2021, e que dedicou uma sessão ao Prémio Saúde Sustentável, uma iniciativa da Sanofi e do Negócios.

Os doentes crónicos com multimorbilidade

Em 2018, o "Programa de gestão de caso para doentes crónicos com multimorbilidade" da Unidade Local de Saúde (ULS) do Litoral Alentejano. Tem como cliente-alvo o doente crónico com multimorbilidade e os principais objetivos são a estabilização clínica do doente, o suporte social mantendo o doente em casa, o que implica equipas multidisciplinares constituídas por médicos, enfermeiros e assistentes sociais e a coordenação entre os cuidados primários e os cuidados hospitalares.

"Existe um gestor de caso que é um enfermeiro dos cuidados de saúde primários e que faz a ponte entre o doente, o cuidador e os vários níveis de cuidados. O que reduziu em 66% as idas aos serviços de urgência e reduziram-se em metade os internamentos e os que foram internados estiveram menos tempo internados", revela Adelaide Belo.

Entretanto, o projeto passou a ser alavancado pela telemonitorização, o que foi muito importante "tanto para a gestão dos doentes que estão dispersos, como para a gestão dos recursos, pois só existe um gestor de caso a tempo inteiro, os restantes são a tempo parcial, e foram feitas parcerias comunitárias, com instituições públicas, farmácias".

Num estudo com 100 doentes há mais de um ano ativos, mantém-se a redução do recurso às urgências e aos internamentos. Mas constataram que não estavam a dar um seguimento adequado aos doentes com insuficiência cardíaca e por isso foi criada uma consulta, o que fez aumentar as consultas hospitalares. Estas realidades constatam-se também na redução de custos num programa que está a tratar 157 doentes. Recentemente entraram num programa europeu de disseminação de boas práticas, o jadecare.eu.

A neurorradiologia

A Unidade de Neurorradiologia de Intervenção da unidade de AVC de Gaia-Espinho, em 2018, venceu o Prémio Saúde Sustentável em Cuidados Hospitalares. Utilizam uma técnica muito diferenciada "com grandes exigências técnicas, o que implica uma equipa diferenciada. Procurou-se potenciar algumas áreas do hospital treinando pessoas, reestruturação de circuitos porque para estes doentes o tempo é muito importante. É um dos centros de referência na neurorradiologia de intervenção", como explicou Manuel Ribeiro, do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia-Espinho.

"O principal objetivo do Stroke Center era criar uma teia de relações estreitas em que no centro está a Unidade de Neurorradiologia de Intervenção e depois as restantes unidades hospitalares que trabalham connosco e de forma interdisciplinar e troca mútua", explicou Manuel Ribeiro. Criaram uma rede inter-hospitalar e interdisciplinar com protocolos clínicos, teleconsulta, registo padronizado, disseminação de boas práticas, protocolos científicos e clínicos padronizados.

Ao longo do tempo verificaram que "os doentes mais distantes dos centros de referência tinham menos acesso, mas entendemos que este menos acesso não tinha relação com a geografia, mas sim com a distância técnico-científica", e hoje os doentes tratados são em maior número mesmo das áreas mais distantes.

"A nossa população-alvo eram os hospitais onde alicerçamos as unidades funcionais que atingiam uma população de 1,2 milhões de pessoas, mas quando se falava de patologia urgente alargamos a população-alvo para cima de 4 milhões de pessoas contemplando a ARS Norte e a população mais a Norte da ARS Centro", diz Manuel Ribeiro. "Um das medidas que mostram a eficácia é que um doente do Hospital da Feira demorava, em 2017, 113 minutos para ser tratado na unidade e, em 2020, esse valor baixou para 80 minutos e, portanto, a aumentar a possibilidades de os doentes manterem a sua independência, o que permite poupar milhões de euros", considerou .

A reabilitação cognitiva

Em 2019, o Projeto Reabilitação Cognitiva, dinamizado pelos Serviços de Medicina Física e Reabilitação do SESARAM (Serviço de Saúde da Região Autónoma da Madeira), coordenado por Jean-Claude Fernandes, médico fisiatra, foi galardoado com uma menção honrosa pelo seu Caráter Inovador. Começou pela colaboração entre a Universidade da Madeira (M-iti Madeira Interactive Technologies Institute) e a SESARAM com a criação de um software para a reabilitação, "conseguindo adicionar um serviço extra sem custos para os serviços", refere Jean-Claude Fernandes.

A abordagem da reabilitação privilegiava a função motora e esta nova intervenção de reabilitação cognitiva veio colmatar uma carência, pois é importante para "utentes que sofreram intervenção cirúrgica por lesão tumoral ou tiveram infeção do sistema nervoso central nomeadamente AVC ou Traumatismo Crânio Encefálico, o programa de reabilitação convencional inclui áreas como: fisioterapia, terapia ocupacional, terapia da fala", refere Jean-Claude Fernandes.

Candidaturas até 30 de junho de 2021 A 10.ª edição do Prémio Saúde Sustentável já está em marcha com a abertura das candidaturas a 6 de maio e que se prolongam até 30 junho de 2021. Este ano pretende-se dar visibilidade às entidades e pessoas que estão a construir o futuro, que têm uma visão prospetiva da saúde, assente nos princípios de sustentabilidade, para enfrentar os desafios pós-pandemia.
Saúde Sustentável - O júri 

O júri do Prémio Saúde Sustentável tem como presidente honorario Jorge Sampaio, ex-Presidente da República. Os restantes membros são:

 

l Diana Ramos, diretora do Jornal de Negócios.

l Francisco Del Val, diretor-geral da Sanofi Portugal.

l Adalberto Campos Fernandes, prof. da Escola Nacional de Saúde Pública

l Alexandre Lourenço, presidente da APAH – Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares.

l Ana Paula Martins, bastonária da Ordem dos Farmacêuticos.

l António Couto dos Santos, ex-ministro da Educação.

l Céu Mateus, presidente da Associação Portuguesa de Economia da Saúde.

l Eurico Castro Alves, presidente da Comissão Organizadora da Convenção Nacional da Saúde.

l Francisco Ramos, professor associado convidado da Escola Nacional de Saúde Pública.

l Heitor Costa, diretor executivo da APIFARMA – Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica.

l José Luís Biscaia, médico de família e diretor executivo AceS BM.

l José Mendes Ribeiro, economista do ISEG.

l Manuel Lemos, presidente da União das Misericórdias Portuguesas.

l Maria Antónia Almeida Santos, presidente da Comissão de Saúde da Assembleia da República.

l Maria de Belém Roseira, ex-ministra da Saúde.

l Maria do Céu Machado, professora da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa.

l Miguel Guimarães, bastonário da Ordem dos Médicos.

l Ricardo Baptista Leite, deputado PSD e head of Public Health do Instituto Ciências da Saúde da Universidade Católica Portuguesa.

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