Guterres, o líder universal: Contrariando as previsões, António Guterres foi eleito secretário-geral das Nações Unidas, recolhendo um quase inédito consenso, em especial da parte dos membros do Conselho de Segurança da organização. Em vez de uma mulher da Europa de Leste, o processo de eleição mais transparente na história da ONU acabou por eleger o português. Guterres assume funções no próximo dia 1 de Janeiro e já avisou que pretende reformar a pesada e burocrática estrutura da ONU. O futuro mostrará até onde conseguirá chegar.
O adeus de Barack Obama: O ano que agora termina assinalou a recta final da presidência de Barack Obama. Em 2016, Obama tornou-se no primeiro presidente norte-americano, em 88 anos, a visitar Cuba, viagem que selou mediaticamente o normalizar das relações EUA-Cuba. Foi um ano que começou com o levantamento de todas as sanções aplicadas ao Irão devido ao programa nuclear de Teerão. E que terminou com a vitória de Donald Trump, o que não deixa de ser um revés para Obama que pode ver parte do seu legado revertido pelo futuro presidente.
O reforçado Putin: Vladimir Putin apostou fichas em várias mesas e ganhou em quase todas. Na Síria, reassegurou o predomínio de Assad e garantiu a centralidade da Rússia seja qual for o desfecho do conflito. Na Europa viu vitórias de candidatos pró-russos nas presidenciais da Bulgária e da Moldávia. Também apostou na vitória de Trump. A derrota surgiu nos Jogos Olímpicos, com vários atletas banidos por doping e a queda russa para quarto lugar no medalheiro.
Theresa May entra em Downing Street: O referendo que deu a vitória ao Brexit ditou a saída do até então primeiro-ministro do país. David Cameron demitiu-se e abriu espaço para nova liderança do Partido Conservador. Depois de um processo eleitoral interno, Theresa May garantiu o posto e a entrada no número 10 de Downing Street. Tendo apoiado o Remain, discretamente, Theresa May chegou à liderança do Governo britânico dando uma garantia: Brexit significa Brexit.
Erdogan ainda mais poderoso: Caminhava calmamente rumo há muito pretendida presidencialização do regime quando, em Julho, o presidente da Turquia, Recep Tayyp Erdogan, foi importunado por uma tentativa de golpe de Estado. Erdogan não estava em Ancara e, via Facetime, pediu aos turcos que ocupassem as ruas e salvassem o actual regime. As ruas apoiaram Erdogan, que saiu reforçado. Entretanto o AKP de Erdogan está em negociações avançadas com o Partido do Movimento Nacional (MHP) para alterar a Constituição, mudanças que o tornarão ainda mais poderoso.
José Eduardo dos Santos de saída: Presidente de Angola desde 1979, José Eduardo dos Santos comunicou a decisão de não se candidatar às eleições de 2017, circunstância que abre caminho à sua sucessão. Ao que tudo indica, caso o MPLA vença o acto eleitoral marcado para Agosto do próximo ano, será substituído na liderança do país pelo actual ministro da Defesa, João Lourenço. É o fim de um ciclo de mais de quatro décadas que cria expectativas sobre o futuro de Angola, atendendo à forma como José Eduardo dos Santos sempre centralizou o processo de tomada de decisões.
Tim Cook a criar uma nova Apple: Acabou 2016 como o 11.º CEO do mundo em valor criado para os accionistas. O ano marca a tentativa do sucessor de Steve Jobs de deixar a sua marca na Apple. Apesar de o foco continuar nos aparelhos - foi lançado o iPhone 7 e o novo MacBook Pro -, a Apple já aposta a sério nos conteúdos (é a segunda maior fonte das suas receitas, que caíram pela primeira vez desde 2001) e aventura-se em áreas como o automóvel e a saúde. Pelo meio, a guerra política devido aos impostos - Bruxelas determinou que a Apple devolvesse à Irlanda 13 mil milhões de euros - continua a dar-lhe dores de cabeça.
Juan Manuel Santos, o pacificador: A consagração de Juan Manuel Santos com a atribuição do Nobel da Paz já seria suficiente para destacar o presidente colombiano. Mas o destaque é reforçado pela forma como se concretizou a paz entre o Governo colombiano e as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). Depois de um primeiro acordo que valeu o Nobel a Santos, foi realizado um referendo que chumbou o compromisso. Contudo, o presidente Santos não desistiu e há cerca de um mês foi assinado um segundo acordo de paz, que deverá finalmente pôr fim a mais de 50 anos de conflito armado.
As vitórias do moderado Rouhani: Nas legislativas de 2016, a ala moderada protagonizada pelo presidente iraniano, Hassan Rouhani, retirou a predominância aos ultraconservadores, que deixaram de dominar o Parlamento e a Assembleia dos Peritos. Rouhani também saiu reforçado para prosseguir as reformas económicas já encetadas e ainda melhor posicionado para garantir a sua reeleição. E se em 2015 foi crucial para possibilitar o acordo sobre o programa nuclear, em 2016 fez valer a exigência de este só ser implementado após o levantamento efectivo das sanções.
O ano explosivo de Kwon Oh-Hyun: A Samsung, liderada por Kwon Oh-hyun, enfrentou uma crise sem precedentes. O produto de topo da líder mundial de telemóveis - o Galaxy Note 7 - foi lançado em Agosto para combater o iPhone, mas foi retirado do mercado em Outubro depois de casos em que as baterias sobreaqueciam e se incendiavam. Factura: só 4,8 mil milhões de euros com a operação, para além de quebra acentuada das vendas e danos irreparáveis de imagem. A tecnológica sul-coreana batalhou também em 2016 contra a acção de fundos especulativos.
Buffett foi o que mais enriqueceu: Com as bolsas americanas a baterem máximos, Warren Buffett foi um dos grandes vencedores do ano. A fortuna do investidor conhecido como o Oráculo de Omaha teve o maior aumento na lista dos 100 maiores multimilionários da Bloomberg. Em 2016, o património de Buffett aumentou 11,9 mil milhões de dólares (11,4 mil milhões de euros) para 74,2 mil milhões de dólares, graças à valorização de 25% da Berkshire Hathaway. Apesar de ter sido o que mais ganhou, ocupa a segunda posição na lista dos mais ricos, liderada por Bill Gates.
Alô Musk? Fala Portugal: Elon Musk ganhou notoriedade especial em Portugal com a possibilidade de instalar a fábrica de baterias para carros eléctricos numa cidade europeia. Desde petições a pedidos directos de autarcas, a Tesla tem sido o desejo de todos para 2017. Mas Musk foi um fenómeno global em 2016. Das viagens espaciais com a SpaceX à vanguarda automóvel com a Tesla, e ao apresentado Model3 (em 24 horas teve 180 mil encomendas), Musk está no topo.
Óbitos: Fidel Castro - 25 de Novembro. A notícia da morte de Fidel Castro, aos 90 anos, correu o mundo. A morte do comandante, figura da revolução cubana, levou Cuba a decretar nove dias de luto nacional.
Óbitos: Música mais pobre - David Bowie, Prince e Leonard Cohen foram ícones da música que morreram em 2016, que terminou com a notícia da morte de George Michael no dia de Natal. David Bowie e Cohen tinham lançado, há pouco tempo, os últimos álbuns.
Óbitos: Umberto Eco - O autor do Nome da Rosa morreu no dia 19 de Fevereiro em Milão. Tinha 84 anos. Escritor, filósofo e ensaísta foi das mais ilustres figuras da cultura contemporânea italiana.
Óbitos: Shimon peres - Morreu a 28 de Setembro. Político israelita, foi Nobel da Paz em 1994, com Arafat e Yitzhak Rabin pelo acordo de paz entre Israel e a OLP. Foi Presidente (de 2007 a 2014) e primeiro-ministro (1984 a 86 e 1995 a 96) de Israel.
- Partilhar artigo
- ...
4.837.248
Refugiados sírios
Há mais de 4,8 milhões de refugiados da Síria. 6,6 milhões estão deslocados dentro do país. E cerca de um milhão pediu asilo a países europeus.
Refugiados sírios
Há mais de 4,8 milhões de refugiados da Síria. 6,6 milhões estão deslocados dentro do país. E cerca de um milhão pediu asilo a países europeus.