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(Entrevista publicada na edição em papel a 1 de Setembro)
O anterior Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações liderado por Mário Lino foi absorvido pelo novo super-Ministério de Álvaro Santos Pereira. Para o anterior dono das três pastas, "houve fusões de ministérios que são aceitáveis, legítimas, outras que parecem absurdas. Esta que foi feita no Ministério da Economia deu uma coisa que me parece ingovernável".
Na visita ao Negócios, Mário Lino hesitou na avaliação que faz ao desempenho do Governo ("ainda está há muito pouco tempo"), lançou atenuantes ("tem um programa da troika muito complicado para resolver"), mas acabou por destacar dois pontos: estrutura e experiência.
"Há um problema de estrutura do Governo. Na estrutura do Governo, você tem um secretário de Estado no Ministério da Justiça que é responsável pelas infra-estruturas da Justiça. Depois há outro secretário de Estado, que é responsável por todas as estradas, caminhos de ferro, portos, comunicações, aeroportos... Não faz sentido, do meu ponto de vista". Neste contexto, adiantou, poderá "haver muita paralisia na tomada de decisões".
Por outro lado, "este Governo tem várias pessoas com pouca experiência governativa, empresarial. [Há] uma componente académica ou teórica muito forte neste Governo", completou.
TGV e Aeroporto? "Há coisas na vida que não têm recuperação possível"
Embora consciente de que o Governo só "vai decidir em Setembro [o TGV]", o anterior responsável político pelos dossiês da Alta Velocidade e do novo aeroporto deixa um aviso: "há coisas na vida que a gente pode fazer mais tarde e recupera, há outras que não têm recuperação possível. Nessa situação estão o transporte de alta velocidade e o novo aeroporto". Para Mário Lino "se nós tomamos uma decisão errada sobre essas duas matérias, isso vai ter repercussões brutais no futuro do País". Porquê? "Porque passamos a ter, e isso não é recuperável, um grande 'hub' internacional na Europa, o de Madrid, e a linha de alta velocidade da fronteira de Espanha para a frente".
O ex-ministro admite "ajustar às nossas dificuldades o desenvolvimento dos projectos e até alterá-los, faseá-los, mas isso não pode ser um discurso ideológico, tem que ser com números e contas feitas".
Sobre o "timing", dominado pelo aumento dos sacrifícios dos portugueses, Lino tem resposta rápida: "se o TGV ajudar o País a crescer, eu acho que as pessoas ficam contentes". E vai mais longe: "se calhar com o TGV não precisam de tirar [50% do subsídio de Natal]". Para rematar: "o projecto TGV é estratégico, não foi este governo, foram vários governos, vários partidos, que defenderam isso".
O anterior Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações liderado por Mário Lino foi absorvido pelo novo super-Ministério de Álvaro Santos Pereira. Para o anterior dono das três pastas, "houve fusões de ministérios que são aceitáveis, legítimas, outras que parecem absurdas. Esta que foi feita no Ministério da Economia deu uma coisa que me parece ingovernável".
Na visita ao Negócios, Mário Lino hesitou na avaliação que faz ao desempenho do Governo ("ainda está há muito pouco tempo"), lançou atenuantes ("tem um programa da troika muito complicado para resolver"), mas acabou por destacar dois pontos: estrutura e experiência.
"Há um problema de estrutura do Governo. Na estrutura do Governo, você tem um secretário de Estado no Ministério da Justiça que é responsável pelas infra-estruturas da Justiça. Depois há outro secretário de Estado, que é responsável por todas as estradas, caminhos de ferro, portos, comunicações, aeroportos... Não faz sentido, do meu ponto de vista". Neste contexto, adiantou, poderá "haver muita paralisia na tomada de decisões".
Por outro lado, "este Governo tem várias pessoas com pouca experiência governativa, empresarial. [Há] uma componente académica ou teórica muito forte neste Governo", completou.
TGV e Aeroporto? "Há coisas na vida que não têm recuperação possível"
Embora consciente de que o Governo só "vai decidir em Setembro [o TGV]", o anterior responsável político pelos dossiês da Alta Velocidade e do novo aeroporto deixa um aviso: "há coisas na vida que a gente pode fazer mais tarde e recupera, há outras que não têm recuperação possível. Nessa situação estão o transporte de alta velocidade e o novo aeroporto". Para Mário Lino "se nós tomamos uma decisão errada sobre essas duas matérias, isso vai ter repercussões brutais no futuro do País". Porquê? "Porque passamos a ter, e isso não é recuperável, um grande 'hub' internacional na Europa, o de Madrid, e a linha de alta velocidade da fronteira de Espanha para a frente".
O ex-ministro admite "ajustar às nossas dificuldades o desenvolvimento dos projectos e até alterá-los, faseá-los, mas isso não pode ser um discurso ideológico, tem que ser com números e contas feitas".
Sobre o "timing", dominado pelo aumento dos sacrifícios dos portugueses, Lino tem resposta rápida: "se o TGV ajudar o País a crescer, eu acho que as pessoas ficam contentes". E vai mais longe: "se calhar com o TGV não precisam de tirar [50% do subsídio de Natal]". Para rematar: "o projecto TGV é estratégico, não foi este governo, foram vários governos, vários partidos, que defenderam isso".