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"Não vendemos nada aos países que nos fornecem petróleo"

Num ápice, a partir de Dezembro de 2010, o mundo árabe começou a sentir um terramoto político, com réplicas em cadeia.

30 de Dezembro de 2011 às 16:05
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(Entrevista publicada na edição em papel a 18 de Agosto)

Num ápice, a partir de Dezembro de 2010, o mundo árabe começou a sentir um terramoto político, com réplicas em cadeia. Ben Ali foi deposto na Tunísia. Hosni Mubarak caiu da cadeira do poder no Egipto. Muammar Khadafi tenta sobreviver numa sangrenta Líbia e existem, ainda, sinais de forte desestabilização na Síria e no Iémen. Estes tumultos foram uma surpresa? "Todos fomos confrontados com uma realidade completamente nova. Os grandes analistas e estudiosos desses países, para não falar dos sistemas de 'intelligence' desses mesmos países, todos falharam na previsão de uma realidade completamente nova", regista Luís Amado.

O ex-ministro dos Negócios Estrangeiros português, que nesta qualidade visitava regularmente países como a Tunísia e a Líbia, diz ter sentido que "esses sistemas tinham a noção de que estavam em risco e estavam a preparar mudanças controladas de sistema político". Só que funcionou a chamada Lei de Bronze, a qual estabelece que quando se mexe, mais tem que se mexer. "E a cascata de acontecimentos precipitou essas mudanças", anota.

Neste caso, causou ainda perplexidade a aproximação de Portugal a regimes como o de Khadafi. Luís Amado responde: "A única coisa que nos limitámos a fazer foi tentar o que todos os países que compram petróleo à Líbia fazem. Tentar vender e ter alguma margem de negócio na Líbia. Era só o que nos faltava. Uma das razões do desequilíbrio da nossa balança comercial é a de que não vendemos nada aos países que nos fornecem petróleo. Não conheço nenhum país na Europa que não tivesse boas relações com a Líbia. Incluindo os Estados Unidos."

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