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No mundo dos seguros, o processamento de documentos é uma tarefa crítica, mas muitas vezes repetitiva e altamente consumidora de tempo. A Fidelidade, apesar de contar com oito mil colaboradores, enfrentava desafios significativos na gestão eficiente de grandes volumes de documentos, desde sinistros a reembolsos. Este foi o mote para o desenvolvimento pelas equipas internas da Fidelidade do GAMA - Generic Analytical Model Automation. Trata-se de uma solução de Processamento Inteligente de Documentos (IDP) que combina a configurabilidade do back-end com a eficiência do front-end.
Esta plataforma, garante a empresa, permite a configuração de processos de trabalho, definição de campos e fluxos de integração, independentemente da linha de negócio, localização geográfica ou tipo de documento. Uma iniciativa que possibilitou à Fidelidade a conquista do Prémio Nacional?de Inovação na categoria de Transformação de Posto de Trabalho. “Ganhar o Prémio Nacional de Inovação com o GAMA foi um marco extraordinário para todos nós. Este reconhecimento não só validou o nosso esforço, dedicação e criatividade, mas também sublinhou a importância da inovação no nosso setor”, comentou ao Negócios Ricardo Leitão Gonçalves, diretor do Center for Artificial Intelligence & Analytics da Fidelidade.
Ricardo Gonçalves e Mário Saraiva, diretor de IT Delivery e Operations do Grupo Fidelidade, foram os dois responsáveis das áreas que idealizaram e implementaram o GAMA.
Automatizar a leitura de documentos
A Fidelidade classifica o GAMA (Generic Analytical Model Automation) como uma solução IDP (Intelligent Document Processing) abrangente, apresentando uma combinação de configurabilidade de back-end, eficiência de front-end e integrações de sistemas de entrada/saída reutilizáveis. Consiste numa interface de back-office única para utilizadores que têm no seu dia-a-dia um uso intensivo de documentos. Permite configurar facilmente os processos de trabalho desde a definição dos campos e fluxos de integração da informação a recolher, até à interface perfeita com modelos de Inteligência Artificial (IA).
Basicamente, o GAMA é uma interface que é colocada nos processos informáticos de negócio dos diversos departamentos, destinada a processar toda a informação que é rececionada com origem em documentos. “E como sabemos, nas seguradoras existem imensas situações deste tipo”, explicou Ricardo Leitão Gonçalves. “O GAMA receciona os documentos e permite de forma nativa a aplicação sobre cada documento dos mais variados modelos de extração de informação baseados em Inteligência Artificial”.
O responsável explica que nos casos em que os modelos de IA têm dúvidas sobre a informação que está a ser recolhida, o GAMA pede a um operador que indique qual a leitura correta para essa mesma informação, e guarda esse novo input para mais tarde ser utilizado para que os modelos de IA aprendam a lidar com esses novos casos. “Isto permite que, de forma automática, os modelos possam estar em treino contínuo. Sempre que um documento chega ao GAMA para ser processado, pode ser extraída do mesmo toda a informação necessária para aquele processo de forma completamente automática, sem qualquer intervenção humana”.
Imaginemos que num NIF (Número de Identificação Fiscal), por exemplo, existe um algarismo mas os modelos de IA não estão a conseguir perceber se é um seis ou um oito – logo não permitindo fazer a leitura automática. Nesse caso, explicou ao Negócios o responsável, o GAMA envia para o ecrã do Operador esse registo, ajudando-o a esclarecer a dúvida. “Após ter o resultado correto da leitura daquele NIF e como a restante informação do documento já foi recolhida automaticamente através da IA, submete toda a informação para o sistema de destino, onde será dada continuidade ao tratamento do processo”. Ou seja, apesar de altamente automatizado, o processo prevê curadoria humana em caso de dúvida.
Assim, com foco duplo em aceleração e automação, o GAMA permite uma indexação manual “extremamente rápida” por meio de recomendações inteligentes, recursos visuais e atalhos de teclado. Na frente de automação, aproveita modelos analíticos e de IA para agilizar a captura de dados estruturados, proporcionando ganhos substanciais de eficiência. Além disso, sublinha Ricardo Leitão Gonçalves, o ciclo de feedback que é dado pelo operador a utilizar o GAMA garante que as previsões do modelo sejam continuamente melhoradas, permitindo um rápido melhoramento contínuo dos modelos de IA que extraem a informação dos documentos.
Impacto interno foi imenso
Na seguradora o impacto foi “imenso”, afirmou o responsável, para quem o prémio reforçou o orgulho e a motivação da equipa, confirmando que estão no caminho certo ao desenvolver soluções que realmente fazem a diferença. “Criou um ambiente de entusiasmo e uma vontade renovada de continuar a inovar, elevando os padrões de excelência dentro da Fidelidade”. Já externamente, o prémio comprovou “o reconhecimento que a Fidelidade tem vindo a receber na área da inovação. Demonstrou aos nossos clientes, parceiros e à indústria em geral que estamos na vanguarda da inovação, comprometidos com a criação de soluções pioneiras e eficazes”.
A visibilidade e o prestígio trazidos por este prémio fortaleceram a reputação “como líderes inovadores”, atraindo novas oportunidades de colaboração e potenciando o crescimento da marca e influência no setor. “A inovação no grupo Fidelidade tem um objetivo muito importante que é prestar o melhor serviço possível ao nosso cliente, em especial com a maior rapidez, eficiência e eficácia”.
Dada a flexibilidade e adaptabilidade do GAMA, Ricardo Leitão Gonçalves admite que este pode ser implementado em diferentes linhas de negócios e locais geográficos. “Isso significa que mais pessoas, independentemente da sua localização ou processo de negócio, podem beneficiar das suas capacidades, promovendo uma inclusão mais ampla”.
Para este responsável, a solução GAMA apresenta um potencial significativo de poder ser aplicado em outros setores, indústrias e mercados adjacentes devido à sua natureza genérica, às suas funcionalidades avançadas e ao facto primordial de ter sido desenhado/construído como um produto. “Foi desenvolvido desta forma, para que pudesse ser transversalizado internamente no Grupo Fidelidade e para várias operações internacionais”.
Diretor do Center for Artificial Intelligence & Analytics da Fidelidade