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Semear impacto social

O objetivo é capacitar e empregar pessoas com dificuldades intelectuais e de desenvolvimento, apoiar famílias em dificuldades e desenvolver negócios sociais que contribuam para a sua sustentabilidade.

13 de Setembro de 2024 às 15:00
Iolanda Valente, diretora do projeto Semear.
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"O Semear é um programa sustentável cujo objetivo é capacitar e empregar pessoas com dificuldades intelectuais e de desenvolvimento", explicou Iolanda Valente, diretora do projeto Semear. Esta organização social nasceu em 2014 através da instalação de uma academia de formação no Instituto Superior de Agronomia (ISA), na Tapada da Ajuda.

Iolanda Valente falou, sobretudo, sobre a prática de agricultura biológica em sete hectares na Estação Agronómica em Oeiras. Produz cerca de sete toneladas de alimentos, distribuídos por 14 associações, desde Cascais a Sesimbra, passando por Sintra e Lisboa, a famílias em situação de carência económica, o que faz com que aumente o "seu impacto social, fazendo chegar alimentos frescos". Fazem cabazes para venda porta a porta e abastecem restaurantes, incluindo cadeias de restaurantes como o Sushi Café, Manjericão, entre outras.

Explicou ainda que o Semear tem procurado construir negócios sociais com o objetivo de tornar o projeto sustentável. "As áreas que escolhemos para estes negócios sociais são tendencialmente operacionais para que as pessoas que apoiamos consigam ter sucesso e sejam um exemplo da sua prática", disse Iolanda Valente. Nestes incluem-se uma exploração agrícola, uma mercearia, e o café Único no CCB em parceria.

Os verdes de Oeiras

Neste espaço agrícola de Oeiras estão 12 das 48 pessoas que fazem parte do Semear, e metade da equipa é de pessoas com dificuldade intelectual. Este espaço é também palco de "team building" solidários e voluntariado corporativo. "É uma exploração pequena, não temos muitos recursos, o processo de produção é muito manual, e se não fossem os voluntários não conseguíamos produzir o que produzimos. Em 2023, tivemos cerca de 3 mil voluntários. Temos capacidade para acolher perto de 300 a 400 voluntários de cada vez, já testado e comprovado. Normalmente as empresas trazem-nos grupos de 30 a 50 pessoas", revelou Iolanda Valente.

Lembra que chegaram a produzir 36 variedades de tomate, "mas se calhar fazia pouco sentido perante a emergência de famílias em carência económica e alimentar, em que as pessoas querem ter produtos para fazer uma sopa, uma alimentação de base. Por isso, começámos a afinar as escolhas". Hoje fazem, sobretudo, hortícolas, como aipo, alho-francês, e, ainda, nabo, batata-doce.

Iolanda Valente afirmou que a taxa de desperdício "é muito reduzida, até porque evitamos a perda alimentar porque todos os excessos vão para a nossa mercearia, que é outro dos nossos negócios sociais, onde fazemos a produção. A cozinha está no ISA, na Tapada da Ajuda, mas depois os armazéns são na Terrugem." Acrescentou que "a mercearia, cujas vendas são, sobretudo, online, ainda é a nossa principal fonte de receitas da organização, permite-nos uma autossustentabilidade financeira, o que não é habitual no setor social". O Semear recebeu em 2023 o Prémio Nacional da Agricultura na categoria Institucional.

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