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Perceber quais as tecnologias que vão transformar a sociedade no futuro e investir nas empresas que estão na vanguarda desse processo pode garantir avultados retornos a quem der os tiros certeiros. Foi com o objectivo de identificar as chamadas "inovações disruptivas" que o Citi elaborou este ano um estudo onde elenca dez exemplos. O Negócios apresenta-lhe cinco.
Impressão 3D: a próxima revolução industrial
"Acreditamos que a impressão 3D tem o poder para reescrever os métodos da produção mundial", diz o estudo do Citi. A tecnologia está já a ser usada para protótipos de produtos e no fabrico de peças, sobretudo em áreas de elevado valor acrescentado. Aeronáutica e saúde (próteses e implantes) são os sectores que melhor estão a aproveitar as potencialidades desta nova tecnologia, cujo mercado poderá valer 6,5 mil milhões de dólares em 2019, segundo um estudo da Wohlers Associates. Stratasys e 3D Systems são exemplos de empresas do sector.
Tratamentos à medida do ADN
Sequenciar o genoma humano exigia um investimento de 3.000 milhões de dólares há 10 anos. Agora não chega a 10 mil dólares. O banco de investimento acredita que a descida do custo da sequenciação – o objectivo da comunidade científica é chegar aos mil dólares – abre novas possibilidades. A chamada medicina personalizada "já está a ser usada para desenvolver testes moleculares de resposta a medicamentos e testes de despistagem de doenças hereditárias e anomalias cromossomáticas (por exemplo para testes pré-natais não invasivos e tipificação de cancros)", assinala o estudo. O Citi identifica a Life Technologies e a Illumina como as duas empresas que foram centrais neste processo. "À medida que os instrumentos de sequenciação se tornarem mais pequenos e baratos, a colocação em laboratórios, clínicas e hospitais vai crescer", prevê o banco.
Novo paradigma na produção energética
A Agência Internacional de Energia afirma no último "World Energy Outlook" que os EUA deverão suplantar a Arábia Saudita como maior produtor mundial da matéria-prima no espaço de cinco anos. O país, que produz apenas 20% das suas necessidades, deverá tornar-se autosuficiente em 2030. Uma revolução que "só é possível graças ao avanço nas técnicas de fragmentação hidráulica e perfuração horizontal que permitem chegar ao petróleo e gás de xisto", assinala o Citi. Estima-se que os Estados Unidos tenham apenas 13% das reservas recuperáveis de gás de xisto em todo o mundo. Os novos avanços tecnológicos permitirão que a revolução se estenda ao resto do globo. Outra área emergente é a exploração de petróleo em águas ultra profundas, como o pré-sal brasileiro. Schlumberger e Cameron International são exemplos de empresas de serviços no sector.
"Software" que está sempre disponível na nuvem
Em vez de comprar, já é possível subscrever o acesso a determinado "software", utilizando-o através do "browser" da Internet, fazendo uso da "cloud". Uma mudança de paradigma que, diz o Citi, oferece um forte potencial de crescimento ao Software-as-a-Service (SaaS), em que os programas são vendidos como um serviço, não como um produto. "Estamos claramente no princípio. Com a maioria das categorias de ‘software’ com taxas de penetração em torno dos 10%, há uma auto-estrada para o crescimento", diz o Citi. Muitas das companhias "tradicionais" de "software" estão a procurar adaptar-se à nova realidade, convertendo o seu "software" para versões que podem ser subscritas através da Internet. Outras, procuram crescer neste negócio através de aquisições cirúrgicas de pequenas empresas que surgiram com o crescimento do SaaS. A Oracle e a SAP são dois exemplos de empresas que andam às compras. Salesforce, NetSuite e Workday estão no negócio do SaaS.
Há um lugar ao sol no futuro da energia
O potencial de utilização da energia solar está longe de estar esgotado. A redução de custos associada ao desenvolvimento da tecnologia deverá tornar o solar fotovoltaico cada vez mais competitivo em relação à produção a partir de combustíveis fósseis, onde os custos devem aumentar. "A grande surpresa nos últimos anos tem sido o ritmo a que o custo dos painéis solares tem baixado, aproximando-se do de outras alternativas mais depressa do que era esperado", afirma o Citi.A redução de custos significa que a energia solar torna-se competitiva face às alternativas de produção a partir de combustíveis fósseis. Segundo o Citi isso já é verdade em alguns países, como a Alemanha, Itália, Espanha e Portugal. SunEdison, Trina Solar e Canadian Solar são alguns players do sector.