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Afinal, a poupança não cresceu tanto como se pensava

As alterações contabilísticas introduzidas há um mês provocaram uma revisão em baixa da taxa de poupança das famílias, que está estagnada há quase dois anos. Portugueses poupam um em cada dez euros.

31 de Outubro de 2014 às 00:01
Reuters
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A recuperação da taxa de poupança das famílias tem sido um dos indicadores com evolução mais positiva durante os últimos anos, várias vezes citado pelo Governo. No entanto, a alteração no cálculo do indicador revela um cenário menos optimista: em vez de chegar quase aos 14%, a taxa de poupança nunca ultrapassou os 10,1%.


É que as alterações introduzidas pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) em Setembro – mudança para o Sistema Europeu de Contas 2010 e alteração do ano base para 2011 – levaram a uma revisão em baixa da série de taxa de poupança, "afastando-se de forma mais expressiva da série anterior a partir de 2010, com enfoque especial no ano de 2011", explica o INE.

 

Entre as principais alterações estão mudanças no cálculo de juros pagos e recebidos pelas famílias, assim como dos dividendos recebidos. "Em menor grau, a capacidade de financiamento ao longo da série foi também afectada por uma reavaliação em baixa das remunerações, associado sobretudo a um menor nível de emprego remunerado", acrescenta o INE.

 

Uma taxa de poupança saudável é importante para um pequeno país como Portugal. Serve não só para criar uma almofada financeira em tempos de crise, como representa uma espécie de semente do investimento. Embora a concessão de crédito não esteja directamente dependente dos depósitos, teoricamente, a constituição de depósitos ajuda a alimentar o fluxo de empréstimos às empresas e às famílias, fazendo mexer a economia e criando emprego.

 

A taxa de poupança em Portugal começou a afundar a partir de 2002, atingindo o seu ponto mais baixo no segundo trimestre de 2008, com 5,2% do rendimento disponível das famílias. A recuperação iniciada desde a explosão da crise financeira regrediu em 2010/2011, voltando a a ser reforçada durante o programa de ajustamento da troika.


"Durante o período de ajustamento, o peso do consumo privado no PIB diminuiu em termos reais, corrigindo parcialmente a trajectória de subida da década anterior, ao mesmo tempo que o endividamento das famílias diminuiu, situando-se actualmente em 116% do rendimento disponível. Este movimento foi concomitante com um aumento da taxa de poupança dos particulares", pode ler-se no Orçamento do Estado para 2015.


Só não recuperou tanto como o Governo pensava. Na realidade está estagnado há praticamente dois anos. Entre Julho e Setembro de 2012, a taxa de poupança das famílias era equivalente a 9,7% do rendimento disponível. No segundo trimestre deste ano – o último disponível – a poupança está nos 10,1%.

 

 

 

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