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Quantos somos, como vivemos, de que sofremos e de que morremos

Numa “radiografia” da saúde em Portugal ficamos a saber que o país perdeu população, está mais envelhecido e que os portugueses têm mais doenças crónicas.

19 de Abril de 2023 às 11:07
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Os Censos, publicados em 2021 pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), vieram atualizar os principais dados demográficos e socioeconómicos sobre a população portuguesa que antes reportavam a 2011. Mas o que mudou entretanto? Em 10 anos, muito se alterou na nossa sociedade e população. Fica a análise desses números, bem como das mais recentes Estatísticas da Saúde do INE e da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), que ajuda a fazer um "retrato" atual das principais componentes da saúde e das condições de vida dos portugueses. Numa altura decisiva para o reequilíbrio e futuro da saúde em Portugal, o Negócios e a Sábado lançaram o Portugal Health Summit, uma iniciativa que pretende analisar a conjuntura atual nas diferentes áreas da saúde nacional e saber que futuro está a ser planeado e que inovações e transformações podemos esperar do setor.

Doenças crónicas aumentam
A elevada esperança de vida à nascença não anda de mãos dadas com qualidade de vida em Portugal, pois apesar de vivermos muito, as mais recentes Estatísticas da Saúde, do INE, divulgadas em 2022, revelam que, em 2021, quase metade (43,9%) da população com 16 ou mais anos referia ter uma doença crónica ou problema de saúde prolongado, situação que se tem vindo a agravar, atingindo o valor mais elevado dos últimos seis anos em ambos os sexos. As mulheres, à semelhança dos anos anteriores, são mais afetadas (47,0%) do que os homens (40,4%), e especialmente a população com 65 ou mais anos.
Por outro lado, concluiu-se que a doença está associada ao grau de escolaridade. A percentagem das pessoas que referiram ter doença crónica ou um problema de saúde prolongado era consideravelmente menor naquelas que concluíram o ensino secundário ou o ensino superior (nos dois casos, cerca de 31% em 2021), comparativamente com aquelas com o ensino básico (53,3%) e sem qualquer nível de escolaridade completo (80,1%).

Estado de saúde piorou
Os mesmos dados do INE mostram que o nosso estado de saúde piorou após a pandemia da covid- -19. Se no início da pandemia, em 2020, 51,3% da população residente com 16 ou mais anos avaliava o seu estado de saúde como bom ou muito bom, o valor obtido no segundo ano da crise sanitária reduziu- se para 50,2%. Paralelamente, a percentagem dessa mesma população que indicou sentir-se limitada na realização de atividades devido a um problema de saúde aumentou de 32,1% em 2020 para 34,9% em 2021, sendo que as mulheres foram as que mais frequentemente referiram alguma limitação na realização de atividades.
Quanto à saúde mental, 26,6% reportaram ter sentido um efeito negativo da pandemia sobre a sua saúde mental em 2021. Esta situação foi referida por mais mulheres (30,2%) do que homens (22,4%), e em proporções bastante semelhantes na população com menos de 65 anos (26,8%) e na população idosa (25,9%).

Circulação e tumores
Já quanto às patologias que mais matam os portugueses, os dados mais atuais, divulgados em 2021 pelo INE, revelam que as doenças do aparelho circulatório e os tumores malignos continuam a ser as duas principais causas de morte em Portugal. Em conjunto, estes dois grupos de doenças concentraram cerca de 55% dos óbitos ocorridos no país (mais 1% do que nos dois anos anteriores). Além disso, registou-se uma tendência no seu agravamento. As doenças preveníveis como a diabetes matam mais do que os acidentes nas estradas. Até 17 de fevereiro de 2021, o Sistema de Informação dos Certificados de Óbito registava a ocorrência, em Portugal, de 112 334 óbitos, menos 1,1%, que em 2018.


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