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Produto digital: As novas fronteiras dos negócios

A alteração dos hábitos dos consumidores obrigou as empresas a criarem novas ferramentas de gestão. A criação de lojas online foi apenas o ponto de partida.

22 de Maio de 2017 às 11:28
Marlos Silva, area manager innovation & future tech da Sonae. Inês Lourenço
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A era digital alterou radicalmente os hábitos dos consumidores, em grande parte devido à popularidade dos smartphones que abriu caminho à mobilidade.

As empresas passaram a ser obrigadas a ir ter com os clientes. Desde a abertura de uma conta no banco, passando pelas compras de alimentação até à marcação de uma consulta médica, os consumidores exigem, cada vez mais, que todos os processos possam ser feitos através de um simples clique num dispositivo móvel e em qualquer lugar.

Uma mudança que tem sido abraçada pelas empresas e que é encarada como uma mais-valia. Como é o caso da Sonae, vencedora da edição do ano passado do Portugal Digital Awards na categoria de Produto Digital.

Para a Sonae um produto digital é tudo "aquilo que nos permite ter novas áreas de negócio e mudar a maneira de fazer negócios", explicou Marlos Silva, "area manager innovation & future tech" do grupo. Como? Através "de novas ferramentas para entrar em contacto com os consumidores".

"No final do dia, olhamos para o digital como uma forma de fazer coisas que criem valor" e "que nos permite estar na linha da frente dos novos modelos de negócio", acrescentou.

Também aqui neste campo há alguns desafios: "As novas fronteiras do mundo dos negócios hoje são muito maiores ou estão muito mais distantes por causa do digital", sublinhou Marlos Silva.

Uma das soluções apontadas para chegar além-fronteiras passa pela aposta em plataformas digitais de partilha de dados entre todos os intervenientes do processo.

O projecto SELIS, plataforma de partilha de informação logística entre 38 "stakeholders" europeus, entre os quais a Sonae, foi um dos exemplos. "Antes tínhamos uma prateleira de produtos. Agora, [com as plataformas de partilha de dados] também podemos vender ou comprar informação", contou.

E brincou: "Como os retalhistas e os bancos costumam dizer, estamos sentados numa montanha de dados que não usamos". Queremos quebrar esse paradigama e utilizar esses dados em benefício do cliente", acrescentou

Uma solução, e preocupação, que também se estende à administração pública. Jaime Quesado, presidente do conselho directivo da Entidade de Serviços Partilhados da Administração Pública (ESPAP), considera que "o tema da plataforma digital também é muito importante para a administração pública". E explica porquê: " Hoje tudo se faz através de plataformas: compras públicas, relacionamento com parceiros, recursos humanos, etc.".

Por estes motivos, defendeu que "era importante haver, cada vez mais, uma maior convergência entre todos os stakeholders que de certa forma podem ser importantes para as plataformas".


Telecomunicações
Vodafone: "A transformação é um projecto cultural"

Mafalda Alves Dias, directora da área large business e public sector.

A caminhada da Vodafone Portugal no trilho da transformação digital é antiga. Como destacou Mafalda Alves Dias, "head of large business and public sector" da Vodafone Portugal, sendo uma empresa de telecomunicações há muito que "utiliza tecnologias de ponta" de forma, também, "a ajudar" todos os seus clientes.

A responsável da operadora destacou ainda que os projectos de transformação digital também devem ser olhados "como um projecto cultural dentro das organizações. É um projecto estratégico", apontou.

Por estes motivos, considera que "a tecnologia está cá para suportar" o processo da transformação digital, "mas não é o fim em si mesmo", alertou. Para Mafalda Alves Dias "o cliente deve ser o centro disto tudo. O valor é o cliente e a experiência do cliente", concluiu.


Tecnologia
Axians: "A tecnologia nunca esteve tão madura"

Paulo Ferreira, director executivo da área de cloud e business transformation.

A transformação digital tem sido um desafio para todas as empresas, incluindo as de tecnologia. Como explicou Paulo Ferreira, director executivo da área de "cloud e business transformations" da Axians, "nós próprios estamos num processo de transformação".

O responsável da antiga Novabase IMS , vendida no ano passado pela tecnológica portuguesa ao grupo francês Vinci Energies, destacou que o melhor exemplo da transformação digital pela qual também estão a passar, "é talvez a função que ocupo hoje, que não existia há dois anos dentro daquilo que era a Novabase".

Paulo Ferreira relembrou ainda a importância do papel que a tecnologia pode ter no próprio processo de transformação digital das organizações. Até porque, "nunca a tecnologia esteve tão madura de forma a acrescentar valor ao processo".


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