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Fresh.Land, o TripAdvisor dos agricultores

A plataforma online nasceu há um ano. Hoje, está presente em seis países. O objectivo é vender frescos de qualidade directamente aos retalhistas, uma garantia que é assegurada através de um sistema de classificação.

06 de Julho de 2016 às 14:41
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Filipe Leal cresceu a ouvir a sua família a falar dos negócios que faziam com as retalhistas para conseguir vender os produtos que cultivavam. O avô, o pai e o irmão sempre trabalharam na agricultura. Conforme foi crescendo, melhor ia percebendo que o "os produtores estão nas mãos dos grandes retalhistas que compram os produtos a preços reduzidos", contou ao Negócios. E pensou: "Um dia, quero fazer alguma coisa para mudar esta situação".

O dia chegou em Junho do ano passado, quando Filipe Leal juntou os seus conhecimentos na área de produção à paixão da dinamarquesa Matilde Jakobsen por consumo amigo do ambiente e criaram a Fresh.Land.

Um passo que representou a concretização do desejo antigo de "libertar os produtores do esquema com os retalhistas que os oprime", sublinha Filipe Leal, actual "head of operations" da Fresh.Land, empresa que tem sede na Dinamarca mas está representada em Braga com um escritório e em breve irá marcar presença também em Lisboa, adiantou o responsável.

A plataforma online permite aos produtores venderem fruta e legumes directamente aos retalhistas, com um contrato "standard". Ou seja, com preços iguais para todos.


6
Mercados
A Fresh.Land está em Portugal, na Dinamarca, Suécia, Holanda, Noruega e Alemanha.


10
Trabalhadores
Até ao final do ano a empresa quer reforçar a equipa em Portugal com mais sete pessoas.


E os produtos são vendidos com base na qualidade. Comparando ao mundo do Turismo, funciona como o TripAdvisor ou o Airbnb, mas para a Agricultura. Depois de finalizarem uma compra ou venda, todos os produtores e retalhistas têm uma classificação.

Além disso, como a plataforma permite que os produtores vendam directamente, sem mais intermediários, os frescos são enviados directamente sem precisarem de armazenamento e produtos químicos, explica Filipe Leal.

"É um sistema que incentiva a qualidade", e com o modelo de "ratings", "todas as partes têm uma reputação em jogo", sublinha.

Ao permitir enviar os produtos directamente e evitar ter quatro ou cinco intermediários, como segundo o responsável acontece agora, os frescos chegam aos retalhistas até "um máximo de quatro dias".

Filipe Leal não adianta o número de produtores e retalhistas inscritos na plataforma, por "questões de confidencialidade". Mas faz um balanço bastante positivo da operação até à data.

Além da Dinamarca e Portugal, a Fresh.Land também está online na Holanda, Suécia, Noruega e Alemanha. E já deram os primeiros passos no mercado britânico .

Recentemente assinaram um contrato com uma empresa de 'catering' do Reino Unido, um cliente diferente dos actuais, mas que Filipe Leal considera que pode representar o primeiro passo para entrar neste mercado. Um plano que o responsável acredita que não será impactado pelo Brexit.

Outro sinal "positivo" das operações prende-se com os planos da empresa para reforçar a equipa em terras lusas. "Actualmente temos três pessoas em Portugal" que têm como função ajudar os produtores desde a plantação dos alimentos até à embalagem. Até ao final do ano, "queremos aumentar para 10 pessoas", concluiu.

Da ideia à concretização A Fresh.Land nasceu do desejo antigo de Filipe Leal em ajudar os produtores a não estarem tão dependentes dos grandes retalhistas. A plataforma, que permite aos produtores venderem frutas e legumes directamente aos retalhistas, foi lançado em Junho do ano passado. Filipe Leal, "head of operations", não detalha, contudo, o número de produtores e retalhistas inscritos na plataforma, por "questões de confidencialidade".

O desafio
Quando Filipe Leal e Matilde Jakobsen lançaram a Fresh.Land o objectivo era simples: ajudar os agricultores a não estarem nas mãos das grandes retalhistas e aumentarem a sua margem de lucro com a venda de frescos. Uma meta que foi alcançada através da implementação de contratos "standard", com preços iguais para todos, e com o corte do número de intermediários.

A concepção
O desejo de criar um novo modelo para facultar a relação entre os produtores e retalhistas era antigo. E consoante Filipe Leal e Matilde Jakobsen iam estudando o tema, e "sabendo cada vez mais sobre a indústria alimentar", perceberam que era urgente fazer alguma coisa para alterar a situação. Um terço do que os agricultores produzem nunca chega aos consumidores porque não cumpre os requisitos exigidos pelos grandes retalhistas como, no caso da fruta, o tamanho, contou Filipe Leal.

Os obstáculos
Depois de decidirem avançar mesmo com o projecto, Filipe Leal e Matilde Jakobsen iniciaram os contactos com os agricultores e retalhistas. Um dos obstáculos sentidos foi a reticência de alguns produtores por já terem sido contactados por outras empresas com ideias semelhantes que não chegaram a avançar. Por isso, "não acreditavam que o modelo funcionasse". O outro motivo que levou alguns agricultores a ficar de pé atrás foi o receio de eventuais repercussões das retalhistas com quem tinham acordos, contou Filipe Leal.

A implementação
Desde que criaram o conceito até à implementação da plataforma online "foi muito rápido". Os primeiros passos foram dados em Portugal e na Dinamarca, tendo depois alargado a sua presença à Suécia, Holanda, Noruega e Alemanha. O próximo destino em vista é o Reino Unido.
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