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O turismo é uma atividade fundamental para a economia portuguesa. Em 2018 o consumo turístico valeu 14,6% do PIB, em 2019 representou 19,7% das exportações totais, 52,3% das exportações de serviços. "Tudo o que se conseguir fazer para recuperar rapidamente o setor turismo terá impacto evidente e imediato terá efeito no que será a performance da economia portuguesa", acentuou Sérgio Guerreiro. Acrescentou ainda a importância do turismo como indústria exportadora e o seu contributo para o equilíbrio das contas externas. Em 2019 foram 18,4 mil milhões de receitas no turismo. A este recorde juntam-se outros em 2019 como quase 27 milhões de hóspedes, 70 milhões de dormidas, 4,3 mil milhões de receitas da hotelaria, 65,6% de taxa média de ocupação.
Os dois primeiros meses de 2020 cresceram a dois dígitos o que fazia antever um ano muito positivo e sobretudo mostrava o esbatimento da sazonalidade que tem sido uma marca do turismo.
Em dois meses, uma crise, que parecia muito semelhante às de anos anteriores, confinada à Ásia e restrita a uma zona territorial definida, rapidamente migrou para o Ocidente, primeiro para a Europa e depois nos Estados Unidos e Américas. "Isto significa que a economia global se vai ressentir e primeiro nas economias mais avançadas que são as principais emissoras internacionais de turistas como a Europa, que representa 80% da procura do turismo em Portugal", referiu Sérgio Guerreiro.
Confiança e economia
"Um elemento fundamental tem a ver com a confiança do consumidor porque sem confiança não há economia", sublinhou Sérgio Guerreiro. Houve uma queda abrupta da atividade e da confiança e é o índice de confiança que tem de ser monitorizado porque é este que "vai ditar se as pessoas vão viajar mais ou menos e tem a ver com as sequelas na economia real, que a pandemia deixou, e que impactam sobre um outro elemento que é essencial para o turismo que é o rendimento disponível das famílias", acentuou.
Em fevereiro, a IATA circunscrevia a crise mundial sobretudo na Ásia-Pacífico e previa uma quebra de passageiros de 13% em termos globais. A UNWTO apontava quebras para o setor entre 1 e 3%. No início de maio, esta organização já partilha uma outra previsão em que aponta para uma quebra não inferior a 60%, no pressuposto que há abertura de fronteiras e viagens em julho de 2020. Se este cenário não acontecer até fim do ano, a quebra vai ser de 80%.
Abril no turismo
-97,1% de hóspedes
-96,7% de dormidas
-85% de receitas
Segundo Sérgio Guerreiro, há uma correlação direta entre os casos de covid-19 e as reservas aéreas. A partir de dados da Forward Keys conclui-se que, desde que a crise chegou à Europa e que acelerou, houve uma queda igual em todas as regiões europeias do volume de reservas. O que também aconteceu em Portugal em que as reservas caíram à medida da eclosão dos casos. A 21 de fevereiro de 2020 com os primeiros casos confirmados em Espanha tiveram impacto em Espanha e uma semana depois em Portugal foi similar com as reservas para o mês seguinte a caírem a pique.
O setor do turismo foi a atividade mais afetada com 98% das empresas a terem reduções no volume de negócios por causa da pandemia de covid-19 e mais de 70% tiveram impactos superiores a 75%.
Sérgio Guerreiro partilhou na sua comunicação os primeiros sinais animadores de retoma. Nas reservas para o mês de agosto já há níveis de quebras de reservas que são significativamente inferiores aos que temos hoje e estamos a falar de mercados internacionais. Se o mercado interno se comportar bem e se houver permissão de viagens haverá ainda mais sinais animadores como prenuncia um inquérito rápido em que 43% das empresas turísticas estão sem cancelamentos para agosto.
Elementos-chave para a retoma
1 - A capacidade de controlo da pandemia, que tem muito a ver com a confiança do consumidor como da confiança que o setor consegue inspirar. Outra coisa que veio para ficar são as condições dos destinos em matéria de segurança e saúde pública e sanitária. Depois um conjunto de protocolos de viagem que vamos ter de observar, como aconteceu após do 11 de setembro de 2001 e de limitações de uso de espaços.
2 - Capacidade de transporte aéreo, que está a ser severamente afetado pela crise, regressar a um nível normal e a abertura de fronteiras de forma coordenada. As primeiras viagens a arrancar serão as de proximidade, os grupos de jovens dos 18-35 anos, que são os menos vulneráveis à covid-19 também serão os primeiros a viajar e a tendência será para viagens mais curtas.
3 - Comportamento do consumidor sobre o qual há uma grande diversidade de opinião. No primeiro survey que se fez na China, a primeira viagem preferida era a Wuhan, enquanto em Itália, com a abertura, a praça de São Marcos em Veneza voltou a encher. Os dados que existem de procura em alojamento em Portugal mostram que na zona rural está a crescer de uma forma significativa para o verão. Certezas: lazer primeiro do que negócios, turismo ativo e da saúde.
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