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Portugal tem crescido tanto em ocupação como em preço, o que é "bom porque cria valor acrescentado o que tem permitido aumentar a qualificação e a remuneração dos profissionais na hotelaria", referiu José Theotónio. Acrescentou que "muitas vezes os estudos da hotelaria misturam coisas que não são idênticas porque se houvesse um estudo só sobre a hotelaria ver-se-ia esse crescimento em termos de remunerações".
Ao setor colocam-se problemas de mão-de-obra, sobretudo nas regiões sazonais. "Com a redução do desemprego e o desenvolvimento de outras profissões, os trabalhadores sazonais que existiam em zonas como o Algarve e Porto Santo - nesta ilha temos um hotel que só funciona seis meses - deixaram de existir, e é muito difícil encontrar pessoas", refere o gestor.
Políticas e pessoas
A falta de pessoas é uma das ameaças que paira sobre o futuro do turismo. As outras são, segundo José Theotónio, "a concorrência internacional porque beneficiámos do crescimento económico, mas também da debilidade de alguns dos nossos concorrentes, nomeadamente nos setores de resort, como a Turquia e a Tunísia". Sublinhou que voltaram em força e como estão fora da União Europeia podem ter políticas de apoio a operadores, à captação de novas linhas aéreas, até na construção de novas unidades em zonas paisagísticas que são proibidas na Europa".
CEO do Grupo Pestana
O grupo Pestana na política europeia de redução do uso dos plásticos e concluiu que 50% do plástico utilizado na hotelaria é nas amenities, como os shampoos, etc. "Já fizemos experiências e, uma das formas de redução em 70% desses 50%, é através de dispensadores em vez de pacotes individuais. Mas o mercado estará disponível para aceitar o dispensador em vez de ter as unidades individuais? E pode resultar numa perda de competitividade", explica José Theotónio.
O CEO do Pestana referiu-se ainda à falência da Germania Wings, que fazia a ligações turísticas entre a Alemanha, que é o segundo mercado em termos de resort, a Madeira e o Algarve. "Já tínhamos o primeiro mercado inglês com as incertezas provocadas pela Brexit, temos agora um problema que é a falta de transporte aéreo do mercado alemão". A solução está na criação de uma nova companhia de aviação. No caso anterior da falência da Air Berlin demorou 18 meses.
O aeroporto de Lisboa estrangula crescimento
"Em termos de turismo, o aeroporto de Lisboa é um estrangulamento não só para a cidade de Lisboa mas também as regiões Centro e do Alentejo", realçou José Theotónio. Refere que há companhias aéreas que queriam aumentar o número de slots e de voos e não conseguem "porque o aeroporto está esgotado". Acrescentou que a prova de que se houvesse aeroporto, o turismo estaria a crescer ainda mais está no facto de no Porto "como não há limitações no aeroporto o número de slots, companhias e voos continua a aumentar e a procura pelo destino Porto continua a crescer".
Os desafios para a economia portuguesa
Produtos inovadores
No setor agroalimentar a nossa capacidade de transformar conhecimento em produto é um desafio fundamental.
Amândio Santos, presidente da Portugal Foods
As pessoas
As pessoas são um desafio, porque Portugal é o país do Mundo que tem mais emigrantes, que vivem e trabalham no estrangeiro. Está a formar excelentes profissionais e é pena que tenham de emigrar porque não encontram ou não se sentem atraídos pelas empresas em Portugal. A própria banca tem um desafio de rejuvenescimento porque a idade média dos quadros de pessoal é elevado, temos de atrair jovens para a banca.
José Luis Vega, diretor de empresas do Bankinter Portugal
Ser um parceiro digital e um novo aeroporto
O principal desafio para o turismo é o aeroporto de Lisboa porque não se faz um aeroporto em menos de cinco anos e quando se tem uma infraestrutura já esgotada. Portugal em termos turísticos é como se fosse uma ilha, porque com exceção de Espanha a principal transporte é o aéreo.
O segundo desafio tem a ver com a mudança do modelo de negócio e a introdução das plataformas e do comércio eletrónico numa indústria fragmentada que não tem massa crítica nem escala para fazer os investimentos e ter as equipas que possibilitem não depender de terceiros. O que a Pestana tem feito é investir para ser parceiro e não ficar dependente de terceiros.
José Theotónio, CEO do Grupo Pestana
Crescer, crescer, crescer
O objetivo tem de ser crescer, crescer, crescer para gerar para riqueza, termos um PIB maior, para vivermos como quisermos. Para crescer precisamos das exportações e do investimento exportador.
Nas exportações diria três coisas muito simples: diversificação com a eliminação de risco e a entrada em mercados de maior crescimento; estabelecer a perceção de marca, associar marca a alguns dos nossos produtos e que é um caminho longo e caro, não só para subir a margem mas para atrair talento; a qualidade é boa mas temos de conquistar o valor acrescentado que está sobre isso; finalmente, e que vai ser o grande desafio dos próximos três anos é, dentro da diversificação, entrar em cadeias de valor complexas porque aumentam a recorrência da exportação.
Luís Castro Henriques, presidente da AICEP
Atração do talento
Como não temos petróleo, ouro, o nosso recurso natural é a posição geográfica, com dias de sol, o que aliado à segurança que temos, faz de nós um dos países mais atrativos para as pessoas viverem, o que pode ser aliado para a atração de talento. Outro recurso importante é a tecnologia. Se conseguirmos atrair as pessoas mais inteligentes para viver em Portugal e com isso criar o que se possa vender no mundo. Se aumentarmos o valor do que vendemos, aumentamos a produtividade e os salários.
Rui Paiva, CEO da WeDo Technologies