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Os factores imateriais da competitividade

As empresas precisam de liderança e estratégia para apresentar as candidaturas que concorrem ao Portugal 2020, diz Ana Abrunhosa, presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimentoda Região Centro.

Filipe S. Fernandes 17 de Abril de 2018 às 11:17
Ana Abrunhosa diz que os fundos têm de apoiar empresas que sejam sustentáveis e com futuro. José Gageiro
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"Podemos ter duas empresas com os mesmos equipamentos e sistemas de informação e, no entanto, podem ser completamente diferentes. A forma como nós fazemos a combinação dos vários conhecimentos, a que chamo os factores imateriais da competitividade, é que faz a diferença", referiu Ana Abrunhosa, presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional da Região Centro.

É na inovação organizacional que se faz a selecção competitiva de grande parte das empresas. "Há fornecedores que customizam as soluções, mas se a empresa não tiver as pessoas e a organização certas, não retira o potencial da digitalização", diz Ana Abrunhosa.

Candidatura com estratégia

Acrescenta ainda que "estamos a falar da componente imaterial da competitividade, que passa um pouco ao lado das empresas, apesar de o Portugal 2020 ter verbas disponíveis e até são a fundo perdido". Por exemplo, a eco-eficiência, as diferentes certificações, que são muito valorizadas nos mercados internacionais, são financiadas a fundo perdido.

Ana Abrunhosa, que pelas suas funções tem um grande conhecimento das candidaturas do Portugal 2020, sublinhou que as empresas precisam de liderança e estratégia também para fazer a apresentação das candidaturas.

"Quando apresentam a candidatura esta tem de ter por base o reforço da estratégia e do percurso e não apenas a vontade de ir buscar dinheiro que está disponível. Nós temos forma de distinguir uma candidatura que está ao serviço de uma estratégia da empresa e que vai permitir que cresça", esclareceu.

Adiantou que recebe candidaturas em que não se consegue perceber a estratégia da empresa. O projecto de candidatura deve mostrar a estratégia e estar feito para a mudança e a sustentabilidade e os empresários devem dedicar tempo e recursos às candidaturas.

"Tal como dedicam recursos numa relação comercial com o banco, com as empresas, a empresa tem de dedicar recursos a uma candidatura que considera importante e não pode deixá-la apenas nas mãos dos consultores", disse Ana Abrunhosa.

Privilégio exportador

Recordou que recentemente foi a uma empresa que estava a executar um projecto apoiado em 3 milhões de euros pelos fundos do Portugal 2020 e perguntou quantas pessoas estavam dedicadas ao projecto. O empresário disse que tinha o consultor. E Ana Abrunhosa perguntou-lhe se entregava ao consultor a responsabilidade de uma encomenda de 3 milhões de euros.

Ana Abrunhosa explicou ainda por que privilegiam os apoios às empresas exportadoras e às empresas que substituem importações. Estas dão mais garantias de que "estamos a apoiar empresas que são sustentáveis e que vão estar na economia nos próximos cinco ou dez anos. O apoio é um investimento no futuro e se estivermos a apoiar a empresas que só apostam no mercado interno têm poucas bases sustentáveis. Não podemos ser menos exigentes que a banca.


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