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"O importante é crescer, não se a empresa é pequena ou grande"

"Há uma relação virtuosa entre o crescimento, a escala e a inovação" refere Jorge Portugal, director-geral da Cotec. A empresa só investe em inovação se libertar recursos do negócio no presente para investir no futuro.

Filipe S. Fernandes 17 de Abril de 2018 às 11:23
"A ciência transforma dinheiro em conhecimento e a inovação faz dinheiro do conhecimento", diz Jorge Portugal. José Gageiro
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Há um ano a Cotec publicou o relatório "A performance das PME inovadoras - Estudo sobre o impacto económico-financeiro da inovação", em que destaca a importância das PME inovadoras em todos os sectores. São inovadoras, exportadoras, têm melhor eficiência na gestão dos activos, melhores margens, são mais rentáveis e têm menos risco no negócio. "São mais empregadoras e empregam melhor, os salários são mais elevados em 60% em relação à média", sublinha Jorge Portugal.

"O importante não é se a empresa é pequena ou grande, o importante é crescer para se desenvolver. Até porque há uma relação virtuosa entre o crescimento, a escala e a inovação" salienta Jorge Portugal.


As empresas inovadoras criam mais emprego e pagam salários mais elevados.


Uma empresa só investe em inovação se libertar recursos do negócio no presente para investir no futuro. O ciclo entre ser rentável, libertar recursos, investir na inovação, em novos produtos, processos, mercados, clientes, que não dão resultados no ano imediato mas a prazo, vai permitir à empresa conquistar novas opções de crescimento.

Três características da empresa inovadora

1. Vive obrigatoriamente no presente e no futuro. Têm de garantir as encomendas dos seus clientes, ser competitivas, entregar a tempo e horas, com qualidade, as vendas e as exportações com que se comprometem. Este é o dia-a-dia da empresa e do empresário, mas as empresas têm de perceber o que vai acontecer ao seu negócio num horizonte de cinco anos, por exemplo. São várias as questões que se colocam: qual vai ser a natureza do negócio dentro de cinco anos? Quais são as capacidades que tenho de criar hoje para servir os clientes do futuro? Como vai ser a concorrência e a cadeia de abastecimento?

2. Para criar o futuro é preciso antecipá-lo, para isso é preciso gerir os processos de inovação. As empresas têm processos de negócio como a fábrica, a relação comercial, a gestão de risco comercial, o serviço pós-venda. A inovação tem processos concretos que podem ser medidos. O Innovation Scoring, criado em 2008 pela Cotec, é um modelo para a empresa medir a sua qualidade na gestão dos processos de inovação.

É constituído por cinco dimensões de análise. O primeiro é a Estratégia e mede a relação entre a estratégia de mercado a prazo e os projectos de inovação que sustentam essa estratégia de mercado.

O segundo tem que ver com a Organização, que analisa a dimensão do capital humano e da cultura. Uma empresa em transformação, com processos mais avançados de produtos, tem de ter pessoas com capacidade, autonomia, treino e uma cultura de colaboração com empresas, universidades. O terceiro é Processos de IDI, com a criação de novo conhecimento e de transformação desse conhecimento em produtos. O quarto é Potenciadores, que mede a capacidade de gerir redes abertas, a estratégia de financiamento da inovação. A quinta dimensão é o Impacto e analisa em que medida as actividades de IDI da organização têm impacto no seu desempenho.

3. São empresas que crescem mais. Há empresas, associadas da Cotec, que facturavam 10 milhões de euros ou 20 milhões de euros há dez anos e hoje têm volumes de negócios na ordem dos 60 a 70 milhões de euros. Não há alquimia, cresceram através de um projecto sustentado de inovação que tem dois ciclos.

O ciclo da renovação tem que ver com os clientes, a organização e os processos de melhoria contínua. A inovação transformacional requer capacidade de ter uma visão sobre o mercado a prazo, de como as novas grandes tendências que afectam o negócio vão evoluir e abrir a empresa aos centros de conhecimento e transformá-lo em produtos. Ciência é transformar dinheiro em conhecimento, inovação é transformar conhecimento em dinheiro.

Portugal 2020 em números

30.000
Candidaturas analisadas

11.600
Candidaturas aprovadas

4.000
Milhões de euros de apoios directosàs empresas

14.000
Milhões de euros pagos às empresas

"Apesar da burocracia, de não cumprirmos os prazos, somos uma máquina muito pequena no Portugal 2020, mas estamos a cumprir", salientou Ana Abrunhos, a presidente da CCDRC. Salientou a capacidade de execução das empresas: "já pagámos às empresas 1,4 mil milhões, ou seja 35% de taxa de pagamento".

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