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O futuro está em chegar aos 75% do PIB em exportações

Luís Castro Henriques, presidente da AICEP diz que nos próximos três a quatro "iremos chegar aos 50% de exportações do PIB e, dentro de um ano e meio, temos de pensar como vamos chegar aos 75% do PIB".

Filipe S. Fernandes 24 de Abril de 2019 às 14:15
Luís Castro Henriques, presidente da AICEP Inês Gomes Lourenço
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"Estamos num ponto em que não sabemos se é um ponto de inflexão ou de ciclo", referiu Luís Castro Henriques, presidente da AICEP, assinalando que 2017 foi um grande ano em termos de exportações, um 2018 que foi bom, em que as exportações cresceram três vezes o PIB, "mas sentimos um desaceleração pois a tónica principal que temos hoje é a incerteza por causa do Brexit, das guerras comerciais entre a China, os Estados Unidos, a Europa".

As empresas têm de planear a longo prazo a sua capacidade, o seu investimento, e "passam a ponderar muito bem e perceber o que é certo", e, adianta Luís Castro Henriques, que há "duas ou três coisas que são certas". A dimensão e a integração do mercado europeu, que é ainda o maior mercado do mundo e como as tendências demográficas mostram, a médio e longo prazo o crescimento está na Ásia, África e América do Sul. "Portugal está integrado no maior mercado no mundo e é uma ponte muito favorável para África e a América do Sul".

"As nossas expectativas são que as exportações vão crescer mais depressa do que PIB e isso vai permitir manter este crescimento acima da média da Europa", diz Luís Castro Henriques.

Esforço de investimento

Até porque as empresas estão a fazer um esforço de investimento nestes últimos dois anos e que prossegue em 2019. "Esse investimento é altamente inovador, permite adaptar os modelos de negócio às novas exigências do comércio mundial e aos desafios da concorrência". Admite que se tenha mais um ano e meio de implantação de stock de capital e que vai permitir colocar Portugal numa outra rota de crescimento. "Nos próximos três a quatro iremos chegar aos 50% de exportações do PIB e, dentro de um ano e meio, temos de pensar como vamos chegar aos 75% do PIB".

Luís Castro Henriques fez uma revisão histórica e das mudanças estruturais. "Há menos de 20 anos era um caloiro em Economia e se o professor entrasse na aula e dissesse que dez anos depois que o setor mais exportador seria o automóvel e componentes, as pessoas lembravam-se da Autoeuropa, e era previsível. Mas se dissesse nessa altura iríamos exportar mais medicamentos do que vinho, e centenas de milhões de euros em componentes aeronáuticos, ninguém acreditaria".

A expansão das exportações trouxe o crescimento económico acima da média e ainda permitiu que se aumentasse a produtividade média na economia, sublinhou Luís Castro Henriques. Lembrou que nos últimos 15 anos iniciou-se um processo de diversificação de mercados, que uns consideram lento, outros, normal. Hoje ainda se depende em 71% da União Europeia, mas com maior diversificação de mercados. "Este processo tem de continuar porque 51% das empresas exportadoras dependem de um só mercado, o que é uma enorme preocupação", refere Luís Castro Henriques.

"Temos de garantir que trazemos mais empresas à exportação e que as empresas diversificam mais, não por uma questão de crescimento porque as geografias fora da Europa têm maiores taxas de crescimento mas por uma questão de segurança".

Os sinais da demografia

O país que temos hoje compete nas variáveis mais importantes com os outros países do Mundo, mas o factor primordial de atração de investimento, segundo Luís Castro Henriques, "é talento, talento, as pessoas", no que está em consonância com Pedro Siza Vieira, ministro da Economia, que disse que quando pergunta nas multinacionais porque é que funcionam bem tem como respostam que "é a qualidade do capital humano".

Em 2018, a nossa balança do automóvel e dos componentes automóveis foi positiva e que hoje o software da BMW, da Mercedes e da VW e na sua larga maioria produzido a partir de Portugal.

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