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O dinheiro vai continuar a render zero no banco?

As remunerações pagas nos depósitos deverão continuar a baixar no próximo ano, fruto das taxas de juro historicamente baixas na Europa. Os depósitos superiores a 100 mil euros terão ainda menor segurança.

30 de Dezembro de 2015 às 00:01
Bloomberg
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O ano arrancou já com taxas baixas, mas os juros desceram ainda mais. De 1,2% em Janeiro, a taxa média das novas aplicações a prazo baixou da fasquia de 1% em Março, altura em que vários bancos começaram a dar zero no curto prazo, já as Euribor estavam em "terreno" negativo. A tendência acentuou-se, levando a taxa média a chegar a 0,61% em Setembro, o nível mais baixo de sempre. Mas com as taxas de mercado cada vez mais negativas, há margem para que os juros fiquem ainda mais baixos.

Depois do mínimo histórico em Setembro, a taxa recuperou para 0,66% em Outubro. E, em Novembro, o BPI tornou-se no primeiro banco português a passar a dar zero. Deixou de dar qualquer remuneração nas pequenas poupanças a um ano – paga apenas para depósitos de valor superior a 5.000 euros. Os restantes grandes bancos do sector financeiro português continuam a pagar, mas os juros não vão além dos 0,2%, 0,3% ou 0,5%.

A perspectiva é de que as taxas oferecidas nestes produtos se mantenham nestes níveis. Com a manutenção do programa de compras do BCE, pode haver até novas reduções. "A tendência para os depósitos remunerarem a 0% vai aumentar. É algo a que os portugueses terão de se habituar", diz Filipe Garcia. "Somadas as comissões pagas, já são muitos os casos em que a liquidez depositada já gera um custo", remata o economista da IMF.

Este corte nas taxas não deverá, contudo, ter grande impacto no saldo dos depósitos. O montante confiado pelas famílias está perto de recorde, nos 139 mil milhões de euros, mas é crescente o valor deixado à ordem. Cerca de 25% não está a render nada, com muitos portugueses a preferirem a mobilidade do capital em detrimento da imobilização com baixos retornos à entrada para um ano em que os preços deverão crescer 1,1%. Essa mesma lógica aplica-se aos certificados de aforro, que estão a captar cada vez menos dinheiro, sendo que a taxa média de 2,25% dos CTPM continua a atrair aforradores para a segurança do Estado.

Menos protecção

Ao mesmo tempo que as taxas caem, a protecção oferecida pelos depósitos é reduzida. É que entra em vigor, de forma obrigatória, a "Directiva de Recuperação e Resolução Bancária", que chamará os depositantes a salvar as instituições financeiras.

Há um alargar do espectro de contribuições para o chamado "bail-in", prevendo que não só os accionistas e os detentores de dívida subordinada (obrigações mais arriscadas), mas também aos depósitos acima de 100 mil euros e a dívida sénior sejam chamados a contribuir para o reforço do capital do banco, antes que qualquer dinheiro público seja injectado. Este factor poderá condicionar a banca em futuras descidas das taxas já que necessitará de apresentar algum prémio pelo risco.

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