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Quem quer comprar casa tem, na maior parte das vezes, de pensar também no financiamento. Os tempos estão diferentes para quem procura e para quem concede crédito, diz Vítor Pereira, director de desenvolvimento de negócio do banco Bankinter.
Se as taxas de juro mais baixas têm tornado a decisão das famílias de recorrer a esta via de financiamento mais imediata, a verdade é que próprios bancos também estão a conceder mais crédito. "Mas não estamos a níveis de procura pré-crise", alerta o responsável do Bankinter.
Segundo dados do Banco de Portugal, em 2016, as instituições financeiras disponibilizaram 5.790 milhões de euros em crédito à habitação, traduzindo um crescimento de quase 45% face aos 4.013 milhões registados em 2015 - tendência que se tem mantido em 2017.
"Há um novo fluxo, uma nova procura, que no último ano e meio se tem acentuado", confirma Vítor Pereira. Quem procura crédito à habitação está, geralmente, mais velho e busca uma segunda habitação, porque a família também cresceu. Longe está a procura por clientes na casa dos 20 anos, acabados de entrar no mercado de trabalho e constituir família.
Mais idade, mais conhecimento. "Esse escrutínio que os clientes hoje fazem é muito maior", para evitar riscos desnecessários, conta o responsável do Bankinter. E dá o exemplo: mais de 20% do crédito à habitação concedido pelo seu banco já é feito com taxa fixa. "É uma opção de maturidade que não existia há uns anos" e que demonstra que "a decisão de financiamento é estritamente racional", realça.
No passado ficam também os financiamentos a 100% de longa duração. "E não creio que haja condições para voltar aí", adverteVítor Pereira durante a terceira edição do "Observatório: o imobiliário em Portugal", que decorreu no Teatro Thalia, em Lisboa, no passado dia 14 de Setembro.
Depois dos promotores imobiliários e dos grandes projectos – alguns que ainda pesam nos balanços dos bancos nacionais – há um novo perfil de investidores a afirmar-se: os particulares e as pequenas empresas que querem dedicar-se à reabilitação urbana. Vítor Pereira acredita que esta será a componente "com mais força nos próximos tempos" mas adverte: "não estamos no caminho do dinheiro fácil, barato, disponível".