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A placa comemorativa da inauguração da Drinkin pelo então Presidente da República Jorge Sampaio ainda está na entrada da fábrica. Mas, a Cintra foi substituída por outras cervejas como a Tagus ou a Estrella Damn. A fábrica de Santarém foi comprada pela espanhola Font Salem, do grupo Damn, em 2010. Quatro ampliações depois, é agora a maior exportadora de Santarém, tendo Espanha como principal destino.
Em Santarém é feito todo o processo da cerveja, desde a moagem dos cereais à bebida final que irá chegar às prateleiras dos supermercados portugueses e da região Oeste de Espanha – país que recebe 60% da produção. "Se considerarmos só o mercado interno, esta fábrica não tem hipótese", diz Antoni Folguera. Por estar integrada no grupo Font Salem, consegue atingir níveis de competitividade - que permitiram que lucrasse "desde o primeiro ano de actividade –, que os anteriores proprietários não tinham", aponta o director-geral.
A cerveja começa a ser feita na sala de brassagem, onde os cereais são cozidos em grandes caldeiras. Uma das duas salas ainda é a original da Drinkin, que foi comprada por 15,5 milhões de euros pelos espanhóis com o objectivo de aumentar a capacidade de produção. Numa caldeira está o malte de cevada, "o ingrediente que nunca pode faltar na cerveja", explica Patrícia Nunes, a chefe do fabrico. Noutra estão os cereais adjuntos, que variam consoante o sabor e aroma que se pretende. No caso do mosto base para a cerveja Pilsner Lager, a produção mais comum na Font Salem, são a cevada e o gritz de milho.
Para transformar os cereais em estado líquido, as caldeiras podem chegar até aos 100 graus. O que torna a sala de brassagem muito quente. Mas, o fabrico é todo automatizado, há poucos trabalhadores (dos cerca de 140 colaboradores da fábrica) junto das linhas de produção. É tudo dirigido remotamente, numa pequena sala de controlo.
Cerveja amarga
A pasta amarelada feita nas caldeiras é então filtrada - para retirar as cascas e os restos sólidos - e vai para a caldeira de ebulição, onde o líquido ferve durante uma hora. É aqui que é adicionado o lúpulo, a planta que dá o sabor amargo característico da cerveja. "Sem ele não faz sentido, não é cerveja", diz Patrícia Nunes.
Para obter a cerveja final, límpida, falta apenas filtrar - mais ou menos consoante o teor de álcool desejado. No caso da Tagus é 4,8%. Esta é a cerveja do grupo mais vendida no mercado português - o segundo maior -, ainda que o principal negócio da Font Salem seja a produção de marcas próprias de cadeias de distribuição, para clientes como o Lidl e o Intermarché.
Enchimento rápido
A cerveja pronta é provada por um painel de trabalhadores, todas as manhãs, e é sujeita a análises físico-químicas, nos laboratórios de qualidade, durante as várias fases. Depois de aprovada, passa, através de tubos, para o enchimento, noutro edifício da fábrica. É aqui que as cervejas são embaladas em latas, garrafas ou barris. Ao contrário do fabrico, em que são necessários horas ou até semanas para completar os processos, no enchimento tudo é muito rápido. Está a ser construída uma nova linha, que enche mil latas por minuto.
As mesmas linhas de enchimento são também usadas para embalar sumos e refrigerantes, que a fábrica começou a produzir recentemente, para complementar a venda de cerveja que não evoluiu como esperado. "Será o piso mais polivalente de Portugal e Espanha", diz Charina Antolín, chefe de fábrica, que destaca a dimensão da unidade de Santarém em comparação com as pares em Valência, que produzem ou cerveja ou refrescos.