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WeAdd: Engenharia e design contra o impossível

Máquinas de café, contadores de água, equipamento médico. Do design à engenharia, a pequena WeAdd projecta, desenha e desenvolve novidades de grandes marcas.

27 de Dezembro de 2018 às 15:00
A WeAdd quer mostrar que não há impossíveis. David Cabral Santos
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Agostinho Carvalho, Daniel Caramelo e Sónia Josué trabalhavam juntos desde 2008 no desenvolvimento, engenharia e inovação de produtos e serviços. "Tínhamos clientes como a Sonae, a Cuétara, a Panrico, a Delta… Era o início das máquinas [de café de cápsula] e nós fizemos a primeira máquina de extracção do Grupo Nabeiro", recorda Agostinho. Estabeleceram uma avença para desenvolver produtos para o gigante português e tudo corria bem até terem recebido a proposta de incorporar o grupo de Campo Maior.

Rapidamente o trio percebeu que cingir-se a uma área de produto não estava na sua lista de desejos. "Houve uma série de projectos com outras empresas que deixaram de poder acontecer." Em 2013, trocaram este caminho pela criação da WeAdd, na Marinha Grande, onde, "num raio de cinco quilómetros, tem-se tudo à mão e criam-se muitas sinergias", ilustra Sónia Josué. No projecto de um "shaker" para uma marca de nutrição desportiva, por exemplo, participaram nove empresas, oito das quais são vizinhas.

Da medicina à internet das coisas

Em quatro anos, deu-se uma inversão do negócio e o café deixou de ocupar o centro para representar 20% da facturação, que no ano passado se aproximou dos 500 mil euros. "Não é que tenhamos reduzido o trabalho com o café, ganhámos foi noutras áreas", esclarece Sónia. As mais fortes são a nutrição desportiva e o sector médico, mas há uma terceira "que deverá equiparar-se no próximo ano, que é a electrónica", acrescenta Agostinho.

A previsão assenta numa nova parceria com a Nos, em que a WeAdd se assume como "o gestor do seu IoT-Lab [laboratório de internet das coisas] na Open [o Centro de Incubação de Oportunidades de Negócio da Marinha Grande]". "Estamos a desenvolver projectos como contadores de água inteligentes, mas também para gás e electricidade. São tecnologias que estão a entrar cada vez mais e, portanto, passámos a incorporar a electrónica na equipa", descreve o engenheiro.

Projectaram medidores do nível de sal para a demolha do bacalhau e talheres amigos do ambiente, mas é uma máquina de café em cápsulas o produto que mais se destaca entre as suas invenções. A Time foi distinguida com quatro prémios de design, na China, nos Estados Unidos e na Alemanha. "É a única máquina de café com um só botão e com ele é possível fazer tudo", como personalizar o volume de café que queremos, explica Sónia. Por outro lado, há detalhes incorporados pela WeAdd que são muitas vezes invisíveis ao cliente final mas que permitem ao fabricante reduzir custos ou melhorar o desempenho do equipamento. "Para que faça sentido existir, um objecto produzido por nós tem de ter uma valia adicional", explica. Ao mesmo tempo, há uma tecla persistente que move esta equipa de seis inventores: "Quando o cliente diz que é impossível, nós gostamos de mostrar que não é."

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Em busca de mais países e sectores

Os próximos passos da WeAdd, que conta com uma equipa de seis elementos, serão no mercado externo. A diversificação de sectores continuará nos planos.

De Portugal à China
Portugal é o principal mercado da WeAdd, mas a China, a Suíça e a Itália já têm uma grande expressão no volume de facturação da empresa. Para o futuro, a estratégia passa por "olhar cada vez mais para o mercado externo", sendo que na China já trabalham para o AAA Group, que detém um dos maiores produtores do mundo de máquinas de café em cápsulas.

Uma máquina, quatro prémios
A máquina de café Time - que é comandada por um único botão - foi distinguida com quatro prémios internacionais: o Canton Fair Design Award (China); o Red Dot Product Design Award (Alemanha); o Good Design Award (Estados Unidos da América); e o German Design Award Winner (Alemanha).

O domínio do plástico
Apesar de projectarem para materiais como o metal ou a borracha, é no plástico que são especialistas. Mas não foi um caminho tomado de ânimo leve: "É onde há mais necessidade de um 'know-how' específico", nota Agostinho Carvalho.

"Não somos uma start-up"
"Estamos muito fora desta loucura toda que existe à volta do empreendedorismo e do 'startupismo'. Não achamos que é a arrancar com 30 pessoas que alguma empresa vai ser sustentável", sublinha o engenheiro.



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