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Qual o principal fator de atração empresarial do concelho?
Leiria tem a grande vantagem de estar a pouco mais de uma hora de Lisboa e a uma hora e meia do Porto. Por outro lado, tem um setor privado muito dinâmico e gente com uma capacidade empreendedora notável. Temos empresários que estão a absorver as práticas da Indústria 4.0 há alguns anos e uma associação empresarial, a Nerlei, muito dinâmica.
O concelho é forte na indústria dos moldes. Que outro tipo de empresas quer atrair?
Queremos trazer empresas ligadas às tecnologias de inovação. Estamos para isso a avançar com o Centro de Negócios de Leiria, a instalar no topo Norte do Estádio Municipal, um investimento de 7,5 milhões de euros e que ocupará uma área de 17 mil metros quadrados. As empresas do setor querem instalar ali centros de inovação e neste momento já temos alguns contactos feitos através do Nerlei. Temos start-up em grande crescimento que vão necessitar de mais espaço.
E vai surgir um cluster novo?
Vai, sem dúvida, um cluster de empresas TICE (Tecnologias de Informação, Comunicação e Eletrónica). As empresas estão a contar que, daqui a dois anos, necessitarão de cerca de 900 engenheiros informáticos. Creio que nem há neste momento 900 engenheiros informáticos disponíveis no mercado de trabalho.
Isto não vai criar uma sobrevalorização dos salários?
Há quem já esteja a trabalhar com o Politécnico de Leiria e a protocolar a criação de academias para haver licenciados e mestrados disponíveis. Mas é a dinâmica do mercado que vai ter de dar resposta a isto tudo. Sabemos que é complicado, e é por isso que tenho vindo a alertar para o problema da demografia. Hoje temos falta de gente para trabalhar. Fizemos uma proposta que foi apresentada a vários membros do Governo, que mostra precisamente esta nossa preocupação com o problema demográfico. Realizámos um inquérito e as respostas mostram que há falta de pessoas para ocupar dezenas de postos de trabalho. Vamos trabalhar esses resultados para perceber bem a situação, e a nossa ideia é levar esta proposta a embaixadas, ter a intervenção do MAI, através do SEF, para trazer gente de outros países, mas que tragam as suas famílias. Se não trouxerem as famílias, para ficarem enraizadas, não se resolve o problema.
Esta é uma das vossas políticas para atrair mão de obra?
É, claro. Temos pessoas oriundas de vários países. Recentemente descobri que temos aqui uma comunidade de 300 pessoas do Uzbequistão a trabalhar. Temos de olhar também para os oriundos do Bangladesh, do Nepal, que costumam vir para a zona . Mas queremos que venham devidamente enquadrados. Também se nota a procura de casas por russos, belgas, franceses, que estão mais ativos nas casas de aldeia.
Esta atração de mão de obra não traz pressão imobiliária?
É evidente que há o problema da habitação, mas hoje há modelos pré-fabricados com qualidade e acessíveis. Há um empresário na região que construiu vinte e tal apartamentos, arrendou todas as casas que conseguiu e fez com que casas abandonadas fossem restauradas para o mercado do arrendamento.
Mas isto é dirigido a um certo tipo de mão de obra. E para os trabalhadores mais especializados?
Para esses há muitas respostas. O mercado de arrendamento está a funcionar bem. É verdade que há poucas casas para arrendar, mas está a ser feita uma importante reabilitação do parque habitacional. Estamos a fazer uma grande aposta no centro histórico, onde temos 56 projetos.
Leiria quer ser Capital Europeia da Cultura 2027. Qual é a dinâmica desta candidatura?
Fomos os primeiros a anunciar a candidatura já com a ideia de que seria um processo de unidade do território. Começámos por trabalhar dez municípios em redor, e entretanto as câmaras do Oeste também se juntaram, e ainda entraram alguns concelhos do Médio Tejo. Associaram-se também o Politécnico de Leiria e de Tomar, a Diocese e a Nerlei. Estamos a trabalhar nisto e pela primeira vez, em prol da cultura, conseguimos juntar 26 municípios para atingir este objetivo. A ideia é trabalhar com todos os agentes culturais dos concelhos e começar a cruzar eventos de um lado para o outro. Penso que temos condições para ganhar a candidatura, mas, se isso não acontecer, vamos manter essa estrutura para continuar este trabalho.
As contas da autarquia estão equilibradas neste momento?
O exercício tem sempre saldo positivo, mas estamos a diminuir o passivo, sobretudo a dívida à banca. Em 2009, a dívida total era de 108 milhões de euros e vamos acabar o ano com uma dívida de apenas 25 milhões.
Liderança pela proximidade
Raul Castro nasceu em Abrantes, em 1948, frequentou o curso de Economia em Coimbra, e licenciou-se em Ciência Política na Universidade Internacional. Fez ainda uma pós-graduação e um mestrado. Foi na Batalha que foi presidente da Câmara pela primeira vez e manteve-se no cargo durante dois mandatos. Entretanto fez carreira na Administração Geral dos Impostos e foi vereador da Câmara de Leiria. Em 2009 venceu as eleições em Leiria pelo PS, e em 2013 reforçou a vitória com maioria absoluta. Está, entretanto, de saída da Câmara de Leiria para ser cabeça de lista do PS nas próximas legislativas.