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A capa de massa crocante é feita com farinha e água, e amassada depois com gordura animal. O recheio é de gema de ovo, amêndoa e chila. O "grande segredo" está no consecutivo tempo de descanso depois do trabalho manual de amassar, enrolar, cortar, abrir e rechear as tortas de Guimarães. "A correr bem", demora 36 horas a confeccioná-las no primeiro piso do n.º 8688 do Largo do Toural, num "cantinho reservado" e afastado até das mãos e dos olhos dos pasteleiros.
A sabedoria está por inteiro na posse da família Ferreira. "Resistimos muito a esta divulgação. Os meus filhos já sabem fazê-las – é um legado que vamos passando – e, se acharmos que está em vias de desaparecer, temos um vídeo para memória futura", explica Rosário, um dos cinco filhos do casal fundador, que assumiu a gerência há pouco mais de um ano. É por isso que, "a trabalhar certinho", por dia saem apenas sete a oito dúzias do forno, com um preço entre 2 e 3,20 euros. Se tivesse de pagar a mão-de-obra não podia vendê-las por menos de quatro a cinco euros, assegura.
Às 10:30, as tortas descem às vitrinas da Clarinha, onde trabalham sete e se podem sentar perto de 50 pessoas. Vendem-se todas e é raro não haver encomendas. Já não de vimaranenses que, como era hábito, levavam uma caixinha quando iam ao médico ao Porto, mas para amigos que visitam ou filhos que estudam fora.
Por aguentar até três semanas sem frio e viagens longas, respondem a pedidos do Brasil, EUA, França e até China, onde um industrial do concelho tem clientes. Uma das últimos, de 350 unidades para um congresso médico e feita com urgência, obrigou Rosário a interromper as férias e a "passar o dia de aniversário sentada a fazer tortas até às três da manhã".
A professora de português, 52 anos, fala deste "património familiar" com o entusiasmo que só se dedica a um grande amor.
As tortas surgiram no Convento de Santa Clara, onde está a Câmara. Encerrado em definitivo após a implantação da República, duas empregadas ficaram com a receita original. Até ao início da década de 1990, as que havia na Clarinha eram feitas por uma vizinha, a dona Emilinha, que acabou por vender a receita a Avelino Ferreira na condição de "nunca passá-la, a não ser aos filhos".
Este amor pela doçaria conventual é um dos três alicerces do negócio. O segundo assenta na cidade, expresso no enraizamento do clã - que até era originário de Famalicão - na cultura vimaranense, materializado também no cartão de sócio do Vitória Sport Clube.
A terceira e mais notável história de amor é a de Avelino e Olívia que, para viverem o resto da vida juntos, aceitaram tomar conta de um dos negócios do irmão "novo rico" da pretendida. Casaram a 27 de Junho e passaram a "lua-de-mel" em Guimarães a preparar a inauguração da pastelaria a 4 de Outubro de 1953.
A sabedoria está por inteiro na posse da família Ferreira. "Resistimos muito a esta divulgação. Os meus filhos já sabem fazê-las – é um legado que vamos passando – e, se acharmos que está em vias de desaparecer, temos um vídeo para memória futura", explica Rosário, um dos cinco filhos do casal fundador, que assumiu a gerência há pouco mais de um ano. É por isso que, "a trabalhar certinho", por dia saem apenas sete a oito dúzias do forno, com um preço entre 2 e 3,20 euros. Se tivesse de pagar a mão-de-obra não podia vendê-las por menos de quatro a cinco euros, assegura.
Às 10:30, as tortas descem às vitrinas da Clarinha, onde trabalham sete e se podem sentar perto de 50 pessoas. Vendem-se todas e é raro não haver encomendas. Já não de vimaranenses que, como era hábito, levavam uma caixinha quando iam ao médico ao Porto, mas para amigos que visitam ou filhos que estudam fora.
Por aguentar até três semanas sem frio e viagens longas, respondem a pedidos do Brasil, EUA, França e até China, onde um industrial do concelho tem clientes. Uma das últimos, de 350 unidades para um congresso médico e feita com urgência, obrigou Rosário a interromper as férias e a "passar o dia de aniversário sentada a fazer tortas até às três da manhã".
A professora de português, 52 anos, fala deste "património familiar" com o entusiasmo que só se dedica a um grande amor.
As tortas surgiram no Convento de Santa Clara, onde está a Câmara. Encerrado em definitivo após a implantação da República, duas empregadas ficaram com a receita original. Até ao início da década de 1990, as que havia na Clarinha eram feitas por uma vizinha, a dona Emilinha, que acabou por vender a receita a Avelino Ferreira na condição de "nunca passá-la, a não ser aos filhos".
Este amor pela doçaria conventual é um dos três alicerces do negócio. O segundo assenta na cidade, expresso no enraizamento do clã - que até era originário de Famalicão - na cultura vimaranense, materializado também no cartão de sócio do Vitória Sport Clube.
A terceira e mais notável história de amor é a de Avelino e Olívia que, para viverem o resto da vida juntos, aceitaram tomar conta de um dos negócios do irmão "novo rico" da pretendida. Casaram a 27 de Junho e passaram a "lua-de-mel" em Guimarães a preparar a inauguração da pastelaria a 4 de Outubro de 1953.