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Os pioneses coloridos agitam a habitual monotonia de um mapa-múndi, com dimensão suficiente para dominar a sala de reuniões. Rodeado de aquários de múltiplos tamanhos e feitios – numa amostra, ainda assim, escassa dos perto de cem modelos em catálogo, de 30 centímetros a dois metros –, assinala as dezenas de países onde a Aquatlantis vende 97% da produção anual de 300 mil unidades. Desde a Austrália e África do Sul, as geografias onde espetou estes últimos pequenos pregos; até à França e Alemanha, onde coloca quatro em cada dez artigos fabricados na freguesia de Lordelo.
A unidade industrial é um aglomerado de várias especialidades. Além da estrutura de montagem dos equipamentos, tem uma área de corte e tratamento de vidro, uma secção de carpintaria e madeira e uma linha de montagem de sistemas eléctricos.
"Começámos por fazer aquários e fomos integrando as várias competências, que antes subcontratávamos. Somos uma empresa cada vez mais vertical", apresenta o administrador David Pereira, 39 anos, natural de Vizela.
É para continuar a trazer mais produtos e acessórios para dentro de portas que acaba de somar quatro mil metros quadrados aos 18 mil que antes tinham as instalações. Este investimento de 3,5 milhões de euros, comparticipado por fundos comunitários, permite agora fabricar outros materiais eléctricos, como aquecedores e bombas de água, além dos filtros, recargas, consumíveis ou iluminação. "Fazemos o hardware e outros fazem o software, que são os peixes e plantas", ilustra o gestor, que emprega 190 pessoas.
Luzes para crescer
A suportar a subida homóloga de 30% da facturação em 2015, acima dos 14 milhões de euros, esteve sobretudo a criação de uma lâmpada "LED" universal, que permite substituir a iluminação em qualquer marca de aquários. Além disso, a empresa fundada em 1996 por José Pereira e pelos três filhos começou a negociar "de forma mais consolidada" no maior mercado europeu de aquariofilia, que é o alemão, onde tem um distribuidor há quatro anos.
Aliás, esta dependência é um dos factores que contribui para a sazonalidade da aquariofilia, um mercado que quebra entre Abril e Julho. É que, com o início da Primavera, o foco da comunicação dessas grandes cadeias é direccionado para as plantas e flores. A outra razão? Quase ninguém compra um aquário antes de partir para férias.
Competição "online"...
O mercado é de nicho e não há estudos que expliquem a retracção nos últimos anos. Porém, os agentes do sector falam na concorrência actual da internet, das consolas e dos jogos online, quando "nos tempos áureos da aquariofilia as pessoas começavam por ter um aquário quando eram miúdos", explica David Pereira.
...e o mito do trabalho
O "mito" de que o aquário dá muito trabalho também prejudica. Qualquer animal doméstico exige "um mínimo de cuidado" e estes, calcula o gestor da Aquatlantis, ocupam perto de meia hora por semana. Os equipamentos funcionam cada vez melhor, mas "as pessoas têm na cabeça que metem lá peixes e plantas e passados uns dias morre tudo e arruma-se com o aquário", desabafa.
Amplitude de preços
O preço de um aquário varia consoante o equipamento e outras características, sendo que "pode-se gastar outro tanto" com extras. Por exemplo, um topo de gama pode custar três a quatro mil euros, mas equipado de ponta "facilmente chega aos seis a sete mil euros", detalha o empresário.
Combate asiático
Na Europa há "poucos concorrentes" e, por regra, com produtos de qualidade. Da Ásia chegam competidores da quantidade, que só pode superar com um posicionamento médio e médio-alto através de materiais como o alumínio e algumas madeiras, e a aposta no factor estético e decorativo.