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Fundador da Indasa
Só a unidade da Renault supera os 38 milhões de euros em exportações da Indasa, gerados a partir de mais de 100 mercados. No ano passado, segundo Benjamim Santos, fundador da empresa, as vendas da Indasa Portugal totalizaram 49,7 milhões de euros. Mas o volume de negócios consolidado, contando com as filiais comerciais em Espanha, Inglaterra, Alemanha, França, Polónia, Brasil e Estados Unidos, ascende a 63,7 milhões. Investe-se e cresce-se. Tem sido a receita.
"Entre 2012 e 2017, investiram-se à volta de 14 milhões de euros em armazéns robotizados, sistemas automáticos de movimentação das cargas, sistemas de aquisição online em que se tem acesso aos stocks em tempo real. No início, nem tínhamos computadores", compara o empresário que entrou para a indústria das lixas em Abril de 1970, numa aventura partilhada com o amigo Belmiro de Azevedo, continuando mais tarde a solo. Benjamim Santos conta melhor: "Vi lá fora [em Itália] uma fábrica pequena de lixas e tive a ideia de fazer também uma para nós. Formei um grupo, fui ter com o meu amigo Belmiro de Azevedo e perguntei-lhe: 'Queres alinhar neste projecto?' Esse projecto era a Indasa, e obedecia a pontos muito importantes: era fundamentalmente para exportar, com marca própria e para um segmento de mercado", o mundo infinito da repintura automóvel.
Criar novas bases
O novo investimento representa "as bases dos próximos 10 a 15 anos, não só em termos de equipamento, tecnologias e melhoria da produtividade, como em termos de pessoal qualificado", explica o fundador e presidente do conselho de administração. "Estamos fundamentalmente ligados ao que se faz nas tintas, uma vez que a lixa serve para fazer uma preparação da superfície, criando pontos de adesão", diz Machado Lobo, engenheiro químico e membro da administração. Ao mesmo tempo, a modernização actual é uma resposta à "fase muito avançada e sofisticada da produção de lixas", nota Benjamim Santos.
Membro da administração da Indasa
É aí que entra a área de investigação e desenvolvimento, onde a coordenadora Vera Melo estuda os materiais vindos do exterior. "Todas as matérias-primas que recebemos, sem excepção, têm de ter a aprovação do laboratório", explica a engenheira. Em pequenos frascos sobre o balcão, a olho nu, o diâmetro dos grãos que compõem as lixas oscila entre farinha e purpurina e as suas composições também variam, consoante os destinos que terão em "vida". Além da auditoria constante, também é no laboratório que o grupo de engenheiros analisa produtos da concorrência e estuda formas de aumentar o tempo de vida dos abrasivos, entre outras melhorias. E foi daqui que surgiu a tecnologia Ultravent, uma das mais inovadoras da Indasa, que consiste num disco com 57 (para grãos finos) ou 21 furos (para grãos grossos), com aspiração integrada.
Para completar a cadeia, a empresa criou, em 2016, a Indasa Academy, onde, numa cabine com as características de uma oficina de classe A, Alfredo Vizinho ensina técnicos e visitantes a utilizar os materiais Indasa (as lixas são o produto principal, mas a marca também fabrica aspiradores e outros equipamentos) para aumentar a performance ligada à repintura. Desde 1979 na empresa, também leva esta tarefa com ele no avião, de cada vez que vai à Malásia ou ao México dar formação, seja em oficinas de topo ou sobre um chão de terra batida.
Perguntas a Benjamim Santos
Fundador da Indasa
"Quem diz que não vamos ter uma filial no Extremo Oriente?"
Ainda Portugal não integrava a então Comunidade Económica Europeia e já Benjamim Santos tinha criado a Indasa pensando na sua vocação eminentemente exportadora. Apesar do cariz internacional, o empresário não reconhece, ainda assim, benefícios em abrir uma segunda fábrica fora de Portugal, mas desde cedo viu vantagens em ter filiais comerciais pelo mundo.
Para onde começou a Indasa a exportar?
Espanha, França, Inglaterra, Alemanha, Suécia, Noruega, Dinamarca... Mas começámos pouco a pouco. Os clientes foram crescendo e conseguimos tornar o projecto sustentável. Depois, nos anos 1980, iniciámos a nossa política de criação de filiais [comerciais]. A primeira foi em Espanha, depois, Inglaterra, Alemanha, e depois foi a França, Polónia, Brasil e os Estados Unidos da América. E se calhar não vamos ficar por aqui. Tudo isto foi bem-sucedido e hoje exportamos cerca de 90% da nossa produção para mais de 100 países.
Nunca ponderaram abrir uma segunda fábrica, noutro ponto do mundo?
Uma fábrica destas exige uma estrutura muito complexa. Depois, é fácil mandar este produto para qualquer país. Nós exportamos para a Austrália, por exemplo.
Fundador da Indasa
Este investimento de 25 milhões de euros é o maior de sempre?
É capaz de ser. Entre 1999 e 2002, fizemos um investimento na ordem dos 12 milhões… Sim, este é o maior.
Vão aumentar a área de produção?
Vamos ampliar as instalações significativamente, entre mais 10.000 a 15.000 metros quadrados, sendo que agora temos cerca de 25 mil.
Estão constantemente a desenvolver novos produtos. O que exige actualmente o mercado da repintura automóvel?
Melhorar a qualidade e baixar custos. Depois, tem a ver com as tintas. A resistência e a espessura de tintas utilizadas hoje não têm nada a ver com o que se usava há 10 e 20 anos. O grão [que compõe as lixas] é cada vez mais fino. Na década de 1970, o mais fino que se fazia era 400/500; agora já fazemos acima de 2.500. Se passar a mão numa lixa destas, não parece lixa, parece papel.
Disse que talvez não fiquem por aqui, em termos de filiais. Onde será a próxima?
O mundo cresce... Quem me diz que um dia não vamos ter uma filial no Extremo Oriente? Vamo-nos desenvolvendo e depois surge uma oportunidade. Portanto, [a próxima filial será] onde surgir a oportunidade.