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Por que é que Ourém não integra uma rota europeia de turismo religioso? E por que razão São Pedro do Sul não aproveita as águas termais para aquecer alojamentos turísticos? Estas e outras propostas saíram de uma das salas da antiga Fábrica da Companhia Aveirense de Moagens, onde funciona a Idtour, uma "spin-off" da Universidade de Aveiro (UA) que compõe planos estratégicos e de marketing, investiga tendências, estuda segmentos de mercado e debruça-se sobre projectos de requalificação. Sempre no sector do turismo.
Olhando em retrospectiva, a academia parece ter acertado ao apostar na Idtour. Criada em 2008 sob um capital inicial de 30 mil euros (10% da universidade), a empresa planeia facturar 750 mil euros em 2023, "na pior das hipóteses", conta José Mendes, o director executivo. Começou - e mantém-se - com grandes clientes institucionais (não tivesse o director passado pela Direcção-Geral de Turismo antes de se lançar no projecto Idtour), como a Região de Turismo da Rota da Luz (hoje Entidade Regional de Turismo do Centro) ou a Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP), mas agora quer apostar com mais força no sector empresarial. Para isso, a equipa de nove elementos vai diversificar e reforçar o negócio, através de projectos de comunicação - "vai nascer, muito provavelmente, uma start-up dentro da Idtour para isso" - e de serviços de "consultoria estratégica pura e dura", como lhe chama José Mendes, referindo-se, por exemplo, ao apoio em candidaturas a sistemas de incentivo financeiro. "Não é por isso que queremos ser conhecidos", mas é importante para o negócio, acredita.
O peso teórico
A Idtour nasceu em 2008 pela mão de Carlos Costa, director do Departamento de Economia, Gestão, Engenharia Industrial e Turismo da UA, e pela vontade de um grupo de investigação aplicada que acompanhava. Mas a palavra "investigação", mesmo não devendo, pode assustar clientes, na perspectiva de José Mendes. Se o "endosso" académico representa "uma mais-valia na abordagem comercial", também existe um sentimento de que a Idtour pode ser um grupo de "teóricos que não resolvem problemas". Nem sempre é fácil desmascarar esta impressão. Mas uma das formas encontradas pelo grupo passa pelo acompanhamento da execução de cada projecto. "Percebemos que não bastava fazer e entregar; era preciso acompanhar todo o processo", explica o director. Ainda assim, é a capacidade de investigação e de acesso ao conhecimento que os demarca da concorrência, acreditam.
Foi sobre esta base que a Idtour criou conceitos como o Restaurante do Futuro, com vista a melhorar a competitividade num sector que vive muito do amadorismo, ou o Alojamento do Futuro, que abre aos empresários a porta ao mundo das soluções tecnológicas e promove a internacionalização de unidades de alojamento, entre outros projectos.
Uma tour até aos 750 mil euros
Com a nova start-up na área de comunicação, a empresa espera crescer mais rapidamente e entrar com mais argumentos no sector empresarial.
Plano de crescimento
Se em 2017 facturaram 290 mil euros, no final deste ano esperam chegar perto dos 400 mil euros. Para 2020, traçaram a meta de meio milhão de euros e, com a nova área de negócio dedicada à comunicação, esperam chegar em 2023 aos 750 mil euros de facturação. "Os orçamentos da área da comunicação são de loucos", afirma José Mendes.
Maior é institucional
Já trabalharam (e, em alguns casos, ainda trabalham) com entidades como o Turismo de Portugal, a AHRESP, a Rota da Bairrada, a Universidade de Coimbra, a Rota dos Vinhos de Portugal, o Turismo do Douro ou a Quinta do Ortigão. A maior porção de negócios vem da esfera institucional, mas a Idtour tem nos planos crescer nos serviços prestados a empresas.
Capital repartido
"Criámos a empresa com 30 mil euros. Deu para os primeiros dois a quatro meses", conta José Mendes. Os actuais sócios maioritários são Carlos Costa, com 60%; José Mendes, com 10%; e a Universidade de Aveiro, também com 10% iniciais.
Investigação deu mote
Durante 12 anos, foram um grupo de investigação de turismo na UA, mas a "vocação comercial" de alguns elementos de equipa "acelerou" a sua transformação em empresa. "Também coincidiu com uma fase em que a universidade passou a fundação e começou a estimular mais os professores a criarem empresas. Aliás, a UA foi a primeira universidade a criar uma incubadora de empresas", nota José Mendes.