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Adesto: Entre o mundo real e os computadores

Deixou há muito de ser uma start-up mas o início fez-se na universidade. Hoje fazem parte do grupo norte-americano Adesto e exportam para praticamente todo o lado.

29 de Agosto de 2019 às 13:30
Apesar da compra em 2018, o objetivo da Adesto é manter a unidade portuguesa. Mariline Alves
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No início chamava-se Acacia Semicondutores e foi um exemplo típico de uma empresa que nasceu no seio da universidade, neste caso no núcleo de investigação da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Caparica, para desenvolver conversores.

Rui Monteiro foi um dos primeiros trabalhadores da empresa, criada em 2003, sendo hoje o seu colaborador mais antigo. "Com os primeiros produtos conseguimos publicar alguns resultados e apareceram os primeiros clientes, na altura do Japão e Coreia do Sul." Do apoio inicial da faculdade e de fundos europeus passariam, cerca de cinco anos depois, para um aumento de capital que levou à entrada de duas empresas de capital de risco. A irlandesa S3 acabaria por comprar a empresa em 2007. No ano passado, os norte-americanos da Adesto compraram a S3.

À frente da unidade portuguesa está João Marques. Na empresa desde 2011, é ele que tem a administração da operação em Portugal, ainda que existam outros dois administradores responsáveis, um dos EUA e outro da unidade irlandesa do grupo.

"O que se faz aqui são conversores de analógico para digital. Fazemos o desenho do circuito, ele vai para a fábrica e nós, muitas vezes, depois, nem o vemos; fica com o cliente", diz. É sobretudo em Taiwan e na China que este produto é fabricado.

A General Electric, a Amazon e a Samsung são alguns dos clientes da empresa. 

Mas o que são conversores de analógico para digital? João Marques explica: "Vivemos num mundo analógico. Ouvimos som, vemos imagens, mas todo o processamento de informação faz-se no digital por uma questão de agilidade e robustez. Quando falamos para um telemóvel, por exemplo, estamos a passar de analógico para digital." Do lado de quem ouve há uma conversão de digital para analógico. Os conversores representam "a fronteira entre o mundo real e o processamento em computador". Desengane-se, portanto, quem pensa que este é um produto raro. "Em qualquer sistema eletrónico há, no mínimo, um conversor, mas normalmente até há muitos", acrescenta. Portugal é, de resto, reconhecido no mundo por este produto, afiançam.

Para crescer vão reforçar a proatividade na busca de clientes e antecipação de necessidades. E, em determinadas áreas, desenhar produtos que possam ser comprados por diferentes clientes, para rentabilizar o investimento no desenvolvimento dos mesmos. Ao mesmo tempo que mantêm, noutras, a capacidade e mais-valia de personalizar produtos para cliente.

O facto de existir uma grande partilha de custos com o resto do grupo significa que não é possível discriminar as contas de Portugal, explica João Marques.

Tome nota

De Portugal para quase todo o mundo

O negócio corre bem e é para reforçar, o que está a levar a um reforço de pessoal. Dos atuais 18 trabalhadores, deverão terminar o ano com mais cinco.

A internet das coisas
A IoT (Internet of Things) é uma rede de veículos, prédios e muitos outros objetos físicos dotados de tecnologia, sensores e ligação à internet entre os quais se podem transmitir dados e estabelecer ligações. Tal implica conseguir comunicar muita informação, o que só recentemente se tornou possível. É uma área "que está a explodir", diz João Marques, tanto na vertente consumidor como industrial, oferecendo enormes possibilidades para o negócio do grupo Adesto.

A ponte com a universidade
"É muito difícil contratar nesta área. É um nicho que não é fácil porque temos de saber dos dois mundos: o digital e o analógico", assume o responsável pela unidade portuguesa do grupo Adesto. "Daí a importância da ponte com a faculdade, que nos ajuda a criar os futuros trabalhadores para esta área."

Os clientes
"O nosso produto final é um ‘chip’. Ninguém sabe que pode estar um ‘chip’ nosso dentro de um aparelho." Fornecem sobretudo para a América, Europa e Ásia. General Electric, Amazon ou Samsung são apenas exemplos de uma extensa carteira de clientes. "Já fizemos muitos ‘chips’ para satélites." A compra pela Adesto "traz volume e muitas mais oportunidades" e o acesso a uma carteira de clientes "muito grande".

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