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Vamos falar de tendência

Artigo de Marco António Oliveira, Administrador do Caldeirão de Bolsa

Negócios 28 de Novembro de 2024 às 13:30
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Após explorarmos volatilidade e "momentum" nas edições anteriores, esta semana abordaremos outro conceito fundamental na análise do comportamento dos preços e, consequentemente, de grande interesse para os participantes no Jogo da Bolsa (JdB): a tendência. Compreender o conceito de tendência, no contexto dos investimentos nos mercados financeiros, é essencial para a tomada de decisões mais informadas e estratégicas. Mas o que é exatamente uma tendência? Em termos simples, por tendência referimo-nos à direção predominante em que o preço de um ativo se está a mover, ao longo de um período específico. Estas podem ser de alta, quando predomina o movimento ascendente; de baixa, quando o preço tende predominantemente a cair; ou laterais, quando os preços se movem dentro de uma gama de valores sem direção clara. Para evitar confusão, estamos a falar do movimento dominante. Na realidade, o comportamento do preço é tipicamente bastante errático, envolvendo uma sucessão de subidas e descidas que chamamos de "swings". Além disso, categorizamos as tendências com base nos seus prazos temporais: as de longo prazo (ou primárias), as intermediárias e de curto prazo.

Para identificar e analisar tendências, os investidores podem contar com diversas ferramentas e indicadores técnicos, também eles disponíveis na plataforma de negociação utilizada no JdB. Entre os mais populares encontram-se: as médias móveis, que suavizam os valores do preço dentro de uma janela temporal, removendo o "ruído" dos movimentos mais erráticos; o MACD, um indicador que compara duas médias móveis de prazos diferentes e que permite identificar a tendência dominante, assim como potenciais inversões; e o RSI, que muito embora seja fundamentalmente um indicador de momentum, pode ainda ser utilizado como indicador de tendência, onde valores consistentemente acima de 50 refletem uma tendência de alta, e de baixa abaixo de 50. Uma outra ferramenta, de caráter mais subjetivo, mas amplamente utilizada, é a das Linhas de Tendência ("trendline", em inglês) e que servem de guia visual, para além de serem indicativas de níveis de suporte ou resistência nos preços.

Estratégias de "trading" assentes na identificação da tendência predominante são conhecidas como "trend following", envolvendo tomar posições longas ou curtas apenas em ativos que se encontram em tendência de alta ou baixa, respetivamente. Esta abordagem contrasta com estratégias contrárias, que procuram identificar momentos de reversão de tendência e apostar nessa inversão. Ambas as abordagens são válidas e aplicáveis no JdB. Mas cada uma tem as suas próprias limitações. Uma tendência pode ser interrompida, a priori, a qualquer momento. Embora as estratégias de seguimento de tendência sejam geralmente consideradas de menor risco, identificar a tendência predominante não garante que ela continuará indefinidamente. Por outro lado, tentar adivinhar o fim de uma tendência é um exercício arriscado e incerto. Durante um bull market, por exemplo, uma tendência primária de alta que pode durar anos, aqueles que tentam prever o seu fim tendem a errar uma série de vezes até verem essa inversão confirmada. Os participantes poderão inclusive alternar entre estratégias conforme a maior ou menor necessidade de proteger ou alterar a sua posição na classificação geral.

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