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Qual o impacto das eleições norte-americanas no mercado de ações?

Ao contrário do que muitos analistas previam, os índices de ações mundiais valorizaram após os primeiros resultados das eleições nos EUA

Negócios 30 de Novembro de 2020 às 13:30
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Pedro Oliveira, Trader GoBulling, Banco Carregosa

Ao contrário do que muitos analistas previam, os índices de ações mundiais valorizaram após os primeiros resultados das eleições nos EUA, que apontavam para uma vitória de Biden e consequente mudança de partido no Governo norte-americano.

Por norma, uma mudança de governo na Casa Branca costuma ter um impacto negativo no mercado de ações, devido principalmente à instabilidade que essa transição poderá ter relativamente à alteração de políticas e pensamentos. É também verdade que, normalmente, o partido Democrata costuma ter um impacto negativo (impacto de curto prazo) nos mercados financeiros no momento da mudança, devido sobretudo ao facto de não serem tão liberais a nível económico e não facilitarem empreendimentos como o Partido Republicano. No entanto, a médio/longo prazo o mercado tende a reagir normalmente seja o Partido Republicano ou Democrata no poder.

Um estudo interessante da Fidelity, uma das grandes instituições financeiras a nível mundial, diz que há uma correlação entre o mercado de ações e o ciclo eleitoral, não deixando de referir também que nada é mais importante no longo prazo que os fundamentais das empresas.

Para um investidor de longo prazo o impacto das eleições norte-americanas é praticamente nulo, sendo que o foco aqui deverá estar no crescimento da economia e nos fundamentais dos ativos, mas se for um investidor de curto prazo deverá sim estar atento às políticas económicas de cada um dos candidatos a presidente dos EUA.

Apesar de haver alguma lógica na ideia de que o Partido Republicano é mais favorável para os mercados de ações comparativamente ao partido Democrata, essa narrativa tende a desaparecer quando olhamos para os dados. Na grande maioria das vezes os dois primeiros anos de mandato de ambos os partidos tendem a ser anos de retorno abaixo da média para os investidores, havendo depois uma recuperação nos últimos dois anos em que se verificam ganhos. Ou seja, o governo eleito "luta" para que as suas ideias sejam aprovadas no Congresso e nos últimos dois anos o partido "luta" para se reeleger fazendo com que haja estímulos na economia através de políticas fiscais e/ou monetárias.

No que diz respeito às últimas eleições nos EUA, a vitória de Joe Biden poderá ser mais favorável para o setor das energias alternativas depois de ter reafirmado a intenção de se afastar da indústria do petróleo, e das canabinoides com a expectativa dos investidores relativamente à sua legalização nos EUA. Pela negativa o setor das petrolíferas, devido ao referido anteriormente, e o das grandes tecnológicas com a política tributária a poder representar uma ameaça aos seus resultados, visto que foi equacionado um plano de forma a garantir que nenhuma grande empresa consiga evitar pagar impostos inferiores a 15%.



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