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Market Monitor: mercados financeiros em direto do ISCTE

Após uma pandemia que destroçou a economia global, estamos agora num momento que se antevê de próspera recuperação económica, com os mercados financeiros a refletirem essa expectativa.

Negócios 10 de Novembro de 2021 às 10:36
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Samuel Cavaco, ITIC - ISCTE Trading & Investment Club
Luís Oliveira, Departamento de Finanças ISCTE Business School

Após uma pandemia que destroçou a economia global, estamos agora num momento que se antevê de próspera recuperação económica, com os mercados financeiros a refletirem essa expectativa. No entanto, existem diversos fatores que devem neste momento preocupar os investidores, pois põem em causa um crescimento sustentável dos mercados.

Uma das maiores preocupações centra-se na inflação provocada, em parte, pelo preço da energia e do petróleo que chegou a máximos dos últimos cinco anos, a par das dificuldades que as cadeias de logística têm sentido para satisfazer a procura e da falta de algumas matérias-primas, ameaçando o fornecimento de stocks. A taxa de inflação já chegou a 4,1% e 5,4% na Zona Euro e nos Estados Unidos, respetivamente, valores muito acima do que se previa no início da recuperação. A sensibilidade dos mercados à inflação poderá constituir um grande risco.

Por seu turno, entre alguns investidores de retalho, a pandemia parece ter criado uma nova tendência de investimento baseada em expectativas de ganhos não fundamentados. Esta tendência levou a que "meme stocks" se tornassem virais no mercado e conduzissem a valorizações sem qualquer fundamento analítico e que há dois anos seriam impensáveis. O investimento ESG parece ter vindo para ficar e contribuir para a drenagem dos elevados níveis de liquidez, retirando espaço a fatores como solidez das contas, robustez dos negócios ou estabilidade dos "dividend yield" na hora da tomada de decisão de investimento.

O endividamento dos governos aumentou, assim como tensões sociais, maioritariamente nos EUA, e discute-se um novo imposto que irá incidir em ganhos não realizados. O BCE e a Fed deram sinais de abrandamento da atual política monetária, tendo o Fed já anunciado a diminuição do seu programa de compra de ativos em 15 mil milhões de dólares em novembro e dezembro. O "Buffet indicator" chegou aos 200% apontando para um dos momentos de maior entusiasmo da história dos mercados. Mas nada parece ser suficiente para arrefecer um dos maiores bull markets de sempre.

Apesar deste cenário, existem fatores que têm sido suficientes para contrabalançar os riscos. A economia global encontra-se num momento crucial de desenvolvimento; tanto os EUA como a UE preparam pacotes de estímulo que irão alavancar a economia e melhorar as infraestruturas. As alterações climáticas exigem de todos um esforço acrescentado, e representam uma oportunidade nos mercados financeiros, reforçada por apoios cada vez maiores por parte dos governos na área das ESG. Apesar de um abrandamento da política monetária por parte dos bancos centrais, estes demonstram que irão continuar a garantir condições favoráveis às pessoas e aos mercados, dando confiança aos investidores que não surgirão mudanças drásticas na condução das suas políticas, sendo que as taxas de juro continuam a 0% no caso do BCE e 0,08% no caso da Fed. Acima de tudo, os resultados da empresas cotadas têm sido fortes e as projeções apontam para um crescimento contínuo nos próximos anos, podendo justificar a valorização de algumas empresas.


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