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Jogo da Bolsa: O Monitor dos Mercados

Opinião de Luís Oliveira, Professor de Finanças da ISCTE-IUL Business School

Negócios 07 de Novembro de 2018 às 12:36
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Chegados ao último trimestre do ano, o mês de Outubro trouxe uma correcção súbita e generalizada nos mercados accionistas, com destaque para a praça norte americana que, até aí, vinha registando máximos históricos e cuja queda foi, não só maior do que as das restantes praças, como anulou todos os ganhos do ano. A nível global, as bolsas mundiais afundaram de forma generalizada, com o índice mundial para o mercado de acções a cair cerca de 7,6% em Outubro. A única excepção foi São Paulo que registou um crescimento de 13,5% no ano, reflexo da queda do real e do efeito Bolsonaro, nas eleições presidenciais brasileiras.

As justificações apontadas têm sido várias: a escalada da guerra comercial iniciada pela administração Trump, com efeitos no abrandamento do comércio internacional, o que, de acordo com as previsões divulgadas pelo World Economic Outlook (WEO), terá um impacto negativo no crescimento económico mundial e nas principais economias dos G20; os receios de uma deterioração do ciclo económico em 2019, fruto de uma Reserva Federal Americana mais restritiva, a percepção de que alguns segmentos de activos nos mercados financeiros em algumas economias desenvolvidas se encontravam excessivamente sobrevalorizados, e que acabaram por contagiar outros sectores de actividade e geografias. Na europa as tensões entre Itália e Bruxelas, apresentaram-se como um dos principais condicionantes dos mercados, embora o ruído seja cada vez mais de cariz idiossincrático e menos sistémico.

Estes acontecimentos e o consequente reflexo nos mercados mundiais consolidam a ideia de que a análise e decisão de qualquer investimento deve, antes de mais, suportar-se em três pilares fundamentais nos quais assenta o comportamento dos mercados: Economia, Bancos Centrais e Poder Político, ou seja, a dinâmica do ciclo económico, a rotação das políticas económicas e o risco político são os principais fatores de risco que, intrinsecamente, justificam uma maior volatilidade nos activos financeiros.

Apesar dos receios, mais ou menos fundados, de um arrefecimento económico, a verdade é que continuam a ser escassas as alternativas credíveis, em termos de aplicações fora de bolsas. O mercado acionista mantém-se como uma das classes de activos mais atrativas, apresentou-se como a melhor opção de investimento no que toca à rendibilidade. Ao invés, as rendibilidades dos mercados obrigacionistas de dívida soberana dos países desenvolvidos, continuam a apresentar rendibilidades, reais e nominais, negativas. Já no que respeita aos mercados obrigacionistas de dívida privada, parece que se esgotou o potencial de apreciação, não se vislumbrando grande valor numa perspectiva de risco/retorno a médio e longo prazo.

Neste contexto nunca é demais lembrar que, enquanto investidores, há que manter uma visão fundamentada e consubstanciada em informação bem fundamentada, posto que a melhor forma de garantir um retorno efectivo no médio e longo prazo é através de um elevado grau de disciplina emocional e de uma carteira devidamente diversificada. Os tempos que se aproximam, podem não prenunciar o diabo, mas afiguram-se diabólicos para os intervenientes nos mercados.

O autor escreve de acordo com o novo acordo ortográfico.

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