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Inês Oliveira, Risk Manager BBVA Portugal
Procurar explicações racionais sobre o comportamento dos mercados financeiros é como procurar padrões num mar turbulento. Com todas as suas contradições, a informação é a chave para antecipar os impactos nas economias, nos mercados, nas vidas. A entrada na nova década parecia estar a suceder segundo um padrão de pacifismo invejável. O início de 2020 antecipava um ano de consolidação, sem grandes convulsões num clima de crescimento mais moderado. O Brexit parecia ter finalmente encontrado o seu caminho, a economia verde dominava grande parte das agendas mundiais e as eleições americanas seriam realizadas num clima de crescimento económico nos EUA, o que teoricamente jogaria a favor da reeleição do candidato republicano. É neste cenário que, ainda no decorrer do primeiro trimestre, o mundo se confronta com uma pandemia mundial sem precedentes provocando uma das mais violentas recessões da história recente e, talvez, a mais violenta no que respeita às "vidas" de grande parte das populações.
O confinamento a que grande parte dos países se viu votado, na tentativa de contenção da propagação do vírus, afetou de forma generalizada as economias mundiais, embora com intensidades diferentes e de forma mais incisiva em setores como o turismo, a aviação, a restauração, o automóvel, retalho generalista e a indústria petrolífera.
Perante este cenário tornou-se imperativo a adoção de estímulos governamentais que contivessem o colapso económico. EUA e Europa, as geografias mais afetadas pela pandemia, implementaram medidas diferentes com um propósito comum: manter a economia a funcionar num contexto em que o consumo caiu abruptamente. Nos Estados Unidos o foco foi na manutenção do poder de compra da população desempregada, que em abril subiu para perto dos 15%, através de subsídios diretos extraordinários aos desempregados, enquanto a Europa se focou na manutenção do emprego através de programas de curta duração de suporte ao emprego (lay-offs, mais simplificados ou menos dificultados).
Chegados ao último trimestre do ano, surpreendentemente ou não, o mundo continua em suspenso e as economias seguras por pinças suportadas nas medidas de apoio implementadas a nível governamental e com a economia mundial a sofrer com os efeitos da pandemia, embora em magnitudes e impactos bastante diferenciados, dependendo das economias e, dentro destas, dos particulares setores de atividade. Neste cenário, as indústrias têm-se mostrado mais resilientes do que os serviços, em particular os relacionados com as atividades de turismo e lazer. Por outro lado, os estímulos fiscais anunciados não deverão chegar a todas as economias em simultâneo. Na Europa, enquanto alguns países dependem do financiamento via orçamento europeu, que só estará disponível em 2021, outros já implementaram medidas no início do segundo semestre de 2020, que deverão acelerar a sua tração até à completa implementação do Plano de Recuperação para a Europa em que as apostas nas infraestruturas de transportes, a expansão da economia digital e a aposta no elétrico parecem ser os eixos que se irão impor, transversalmente, aos vários programas já em marcha. Já nos EUA, as eleições presidenciais realizadas no passado dia 3 de novembro poderão vir a constituir um entrave à aprovação da extensão das medidas inicialmente adotadas, pelo que se poderá assistir neste trimestre a uma disparidade na evolução económica dos dois blocos. Já nos mercados emergentes, a China destaca-se claramente pela positiva depois de, aparentemente, ter conseguido controlar a pandemia e reunir boas probabilidades de fornecer as primeiras vacinas aprovadas e reguladas pela OMS ainda antes do final do ano.
2021 é um ano de grande expectativa quanto ao impacto do que se tem vindo a denominar de "tempestade perfeita". As economias irão depender em grande escala das pessoas. As pessoas irão depender, também em grande escala, das economias. Como ficará este novo normal?
Procurar explicações racionais sobre o comportamento dos mercados financeiros é como procurar padrões num mar turbulento. Com todas as suas contradições, a informação é a chave para antecipar os impactos nas economias, nos mercados, nas vidas. A entrada na nova década parecia estar a suceder segundo um padrão de pacifismo invejável. O início de 2020 antecipava um ano de consolidação, sem grandes convulsões num clima de crescimento mais moderado. O Brexit parecia ter finalmente encontrado o seu caminho, a economia verde dominava grande parte das agendas mundiais e as eleições americanas seriam realizadas num clima de crescimento económico nos EUA, o que teoricamente jogaria a favor da reeleição do candidato republicano. É neste cenário que, ainda no decorrer do primeiro trimestre, o mundo se confronta com uma pandemia mundial sem precedentes provocando uma das mais violentas recessões da história recente e, talvez, a mais violenta no que respeita às "vidas" de grande parte das populações.
O confinamento a que grande parte dos países se viu votado, na tentativa de contenção da propagação do vírus, afetou de forma generalizada as economias mundiais, embora com intensidades diferentes e de forma mais incisiva em setores como o turismo, a aviação, a restauração, o automóvel, retalho generalista e a indústria petrolífera.
Perante este cenário tornou-se imperativo a adoção de estímulos governamentais que contivessem o colapso económico. EUA e Europa, as geografias mais afetadas pela pandemia, implementaram medidas diferentes com um propósito comum: manter a economia a funcionar num contexto em que o consumo caiu abruptamente. Nos Estados Unidos o foco foi na manutenção do poder de compra da população desempregada, que em abril subiu para perto dos 15%, através de subsídios diretos extraordinários aos desempregados, enquanto a Europa se focou na manutenção do emprego através de programas de curta duração de suporte ao emprego (lay-offs, mais simplificados ou menos dificultados).
Chegados ao último trimestre do ano, surpreendentemente ou não, o mundo continua em suspenso e as economias seguras por pinças suportadas nas medidas de apoio implementadas a nível governamental e com a economia mundial a sofrer com os efeitos da pandemia, embora em magnitudes e impactos bastante diferenciados, dependendo das economias e, dentro destas, dos particulares setores de atividade. Neste cenário, as indústrias têm-se mostrado mais resilientes do que os serviços, em particular os relacionados com as atividades de turismo e lazer. Por outro lado, os estímulos fiscais anunciados não deverão chegar a todas as economias em simultâneo. Na Europa, enquanto alguns países dependem do financiamento via orçamento europeu, que só estará disponível em 2021, outros já implementaram medidas no início do segundo semestre de 2020, que deverão acelerar a sua tração até à completa implementação do Plano de Recuperação para a Europa em que as apostas nas infraestruturas de transportes, a expansão da economia digital e a aposta no elétrico parecem ser os eixos que se irão impor, transversalmente, aos vários programas já em marcha. Já nos EUA, as eleições presidenciais realizadas no passado dia 3 de novembro poderão vir a constituir um entrave à aprovação da extensão das medidas inicialmente adotadas, pelo que se poderá assistir neste trimestre a uma disparidade na evolução económica dos dois blocos. Já nos mercados emergentes, a China destaca-se claramente pela positiva depois de, aparentemente, ter conseguido controlar a pandemia e reunir boas probabilidades de fornecer as primeiras vacinas aprovadas e reguladas pela OMS ainda antes do final do ano.
2021 é um ano de grande expectativa quanto ao impacto do que se tem vindo a denominar de "tempestade perfeita". As economias irão depender em grande escala das pessoas. As pessoas irão depender, também em grande escala, das economias. Como ficará este novo normal?