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Com margem para alavancar

Artigo de Marco António Oliveira, Administrador do Caldeirão de Bolsa

Negócios 11 de Novembro de 2022 às 14:00
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O Jogo da Bolsa permite aos participantes testarem, através de investimentos simulados, diferentes produtos e estratégias. Em particular, aquilo que deverá ser novidade pelo menos para uma boa parte, experimentar com a alavancagem dos investimentos via conta margem. Este mecanismo da conta margem, aplicável por exemplo em CFD ou Forex, funciona com base no princípio seguinte: em cada posição, em lugar de ser utilizado o montante total da exposição (isto é, uma posição de 10 mil euros retém-se 10 mil euros), apenas é retido a título de garantia uma parcela do montante total da posição. Ou seja, se a margem a aplicar é de 10%, apenas são retidos mil euros numa posição com a exposição de 10 mil euros. Dessa forma, os 10 mil euros disponíveis para investimento permitirão abrir posições até um máximo de 100 mil euros, considerando sempre os 10% de margem do exemplo.

A alavancagem permite, como é evidente, extrapolar ganhos mais substanciais a partir de movimentos modestos nos ativos e/ou rentabilizar melhor e mais rapidamente um dado montante que esteja disponível para investimentos. Ora, essencialmente aquilo que os participantes procurarão atingir num evento de curta duração como o Jogo da Bolsa. Mas além desta faculdade, que é transportável para os investimentos reais, a alavancagem poderá ser particularmente útil ainda para efeitos de cobertura de risco, ou "hedging", seja para cobertura de risco cambial ou com o objetivo de cancelar a exposição de um ativo a uma dada "commodity", dado que a posição de cobertura de risco, não especulativa por natureza, poderá ser realizada com um montante relativamente pequeno. O primeiro destes dois cenários será de especial interesse para quem procura investir em mercados cotados noutra moeda que não o euro e pretende isolar-se das oscilações cambiais.

Naturalmente, existem também riscos a ter em mente associados ao recurso à alavancagem. Nomeadamente, ao alavancar, o investidor expõe-se ao risco de perder um montante maior do que o valor total investido. Este é um cenário remoto, salvaguardado que é pelo mecanismo denominado de "margin call", que leva a que as posições comecem a ser fechadas assim que os requisitos de margem preestabelecidos vão sendo ultrapassados (ver no regulamento do Jogo da Bolsa quais as margens de manutenção máximas para diferentes produtos durante o Jogo, por exemplo). Esse risco aumenta, porém, com a combinação entre o grau de alavancagem e a volatilidade do ativo subjacente, podendo ser exacerbado pela impossibilidade de negociação temporária, seja por suspensão da negociação devido a um qualquer evento no mercado, seja nos períodos entre um fecho e a abertura seguinte, quando aplicável. Outro fenómeno a ter em mente, é o que se dá quando se opera sistematicamente nos limites da margem disponível, uma circunstância que tende a colocar o investidor numa situação desvantajosa, com alavancagens superiores a serem associadas às posições perdedoras e menores às ganhadoras (a este propósito, note-se que imediatamente a seguir a um "margin call", já não conseguirá abrir uma nova posição com a mesma exposição que acabou de ser fechada). Para contornar este fenómeno, que não ocorrerá em investimentos sem alavancagem, bastará preservar uma margem adicional de segurança (isto é, nunca abrir posições nos limites da margem disponível) e disciplinadamente fechar quaisquer posições perdedoras de forma atempada, antes de qualquer "margin call".

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