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As minhas duas últimas crónicas nesta rubrica propuseram-se a identificar as razões que justificam a popularidade da Análise Técnica (AT), enquanto ferramenta de apoio à decisão no investimento nos mercados financeiros, entre os pequenos investidores bem como algumas das vantagens e potenciais da sua utilização. Mas, numa realidade dominada pela certeza e conduzida por expectativas não determinísticas, a AT não só tem limitações como é terreno fértil para alguns perigos e armadilhas.
E o primeiro alerta vai exatamente para a limitação de uma disciplina que se propõe a antecipar ou prever o comportamento futuro da cotação. Não existem bolas de cristal nos mercados e a AT não é exceção. Corro o risco de estar aqui a apontar o óbvio, mas digo-o tendo em mente eventuais iniciados nestas andanças que, não raras vezes e prematuramente, poderão julgar que encontraram a ferramenta que desconstrói os mercados e lhes trará rápidas e enormes fortunas. Isto, somado ao caráter imediatista da análise, pode facilmente conduzir ao excesso de confiança resultando no "overtrading", na prática encontrar uma oportunidade a cada passo e em cada esquina acabando a transacionar demais. Ou na excessiva exposição ao risco. Com resultados devastadores.
A AT será menos fiável ainda com ativos pouco líquidos, o que vai ao encontro de alguma investigação que sugere que os padrões defendidos pelos adeptos e defensores da AT, uma disciplina com uma tradição essencialmente empírica, possam ser explicados por comportamentos de massas. Uma palavra de cautela também para o uso da AT durante períodos em que a cotação se encontra fortemente condicionada como com ofertas públicas de aquisição ou mesmo aumentos de capital. Não fará mal algum até colocar a AT na proverbial prateleira em momentos e circunstâncias como estas.
E, para rematar, o risco de acabar a utilizar a AT precisamente da forma inversa do que é suposto: em lugar de ler a cotação, nela projetar as nossas expectativas. O que quero dizer com isto, em concreto, é que o manifesto objetivo da AT é obter, através do comportamento do preço, informação sobre o que o mercado sabe ou pensa saber sobre o ativo. Perceber qual é a tendência, de que lado está a pressão ou, como se diz na gíria, se alguém está a "despejar". O perigo, porém, é que entre o caráter subjetivo da análise em várias das suas vertentes e a parafernália de ferramentas disponíveis, é demasiado fácil acabar a ver na cotação (apenas) o que se pretende, especialmente se existir um compromisso pessoal ou emocional com o ativo.
JOGO DA BOLSA
18 de Novembro a 13 de Dezembro
As classificações do Jogo da Bolsa são atualizadas diariamente. Em primeiro lugar, um top é publicado no Negócios e às 14 horas a listagem total é publicada no Jornal de Negócios Online. Para o efeito, todos os dias é retirada uma classificação provisória da Classificação Global, a Classificação Universitária e da Classificação Universo ISCTE Business School. Depois, todas as terças-feiras, é divulgado o vencedor semanal.
*Marco António Oliveira, administrador do Caldeirão de Bolsa