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Luís Oliveira, Departamento de Finanças da ISCTE-IUL Business School
Eis que se inicia mais uma edição do Jogo da Bolsa. Pois bem, que se inicie o grande torneio dos investimentos para, um mês volvido, sabermos quem foram os vencedores da prova.
Apesar de 2024 estar a ser um ano prolifero em temas geopolíticos com mais de 70 eleições em diferentes países, a verdade é que, para além do ruído mediático, pouco ou nada alteraram as dinâmicas económicas a nível global. No caso particular das eleições americanas poderá ter algum impacto em três pontos relevantes: tarifas, impostos e emigração. De qualquer modo, não se antecipa que o impacto seja relevante na economia e nos mercados financeiros. No mundo ocidental, os níveis de confiança económica tendem a recuperar, dada a descida da inflação e das taxas de juro.
Os dados mais recentes são encorajadores: os principais mercados acionistas da esfera dos países desenvolvidos seguem com ganhos alicerçados numa temporada de resultados que, em geral, se iniciou de forma positiva.
Entre os mais sonantes, referência para os fortes resultados trimestrais da companhia Taiwan Semiconductor Manufacturing, fabricante de semicondutores digitais avançados, e que aparentemente contribuiu para um reforço do apetite pelo investimento na inteligência artificial. Nota também para a Netflix que viu a sua base de subscritores crescer e contou com a expansão das suas margens operacionais por valores acima do esperado contrariando o desastre que muitos já haviam vaticinado no seguimento da implementação da nova política de restrição de partilha de contas.
Nos EUA os dados macroeconómicos conhecidos foram encorajadores para o crescimento económico no terceiro trimestre.
Na Europa, conforme era esperado, o Banco Central Europeu (BCE) baixou a sua taxa básica de depósito em 25 pb, para 3,25%, a primeira redução consecutiva em 13 anos. A Presidente do BCE, Christine Lagarde, disse que o processo de desaceleração do nível de preços parece estar "no bom caminho" deixando, assim, antever novo ajustamento em baixa nas taxas de juro de referência.
No Reino Unido os dados da inflação conhecidos, também apontam para uma desaceleração significativa o que coloca o Banco de Inglaterra (BoE) em posição para reduzir novamente os custos dos empréstimos. O PIB da China no terceiro trimestre saiu um pouco melhor do que o esperado e apresentou um crescimento de 4,6% em termos homólogos, uma décima acima do previsto.
Ainda assim, para os céticos de Wall Street e para os membros obstinados da "Equipa Recessão", há sempre alguma evidência que apoia os seus prognósticos sombrios. E, apesar de se ter provado repetidamente que estavam errados devido a uma economia americana efervescente, certo é que neste momento as valorizações das ações estão de facto esticadas, os spreads das obrigações de empresas estão a apertar e o ouro está num nível recorde. Consequentemente tem-se verificado uma corrida às opções e a outros instrumentos destinados a proteger os ganhos, o que parece denotar já sinais de prudência entre os investidores. A par desta explosão de prudência, há ainda uma significativa fação de gestores que, inspirados em dois anos de notícias positivas nos mercados de ações, no desemprego e no recuo da inflação, consideram que há razões para acreditar que ainda não é o momento para a corrida aos ativos de risco. Uma delas é Nancy Tengler, gestora de ativos da Laffer Tengler Investments em Scottsdale, Arizona. Convencida de que o crescimento dos lucros das empresas é maior do que parece, graças a uma queda acentuada da inflação que está a apoiar os consumidores, está a empurrar os clientes para fora dos títulos do Tesouro e para uma lista mais vasta de apostas em obrigações municipais, fabricantes de equipamento elétrico e serviços públicos. Segundo Tangler "O crescimento está aí e continua a ser impulsionado pelo consumidor", antecipando que "a época dos resultados será bastante robusta e [assegura que] veremos mais surpresas no lado positivo do que no lado negativo".
Perante estas expectativas, aparentemente contraditórias, a pergunta para um milhão de dólares coloca-se mais uma vez "qual a melhor estratégia para obter os maiores rendimentos"? Depende...