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O Jogo da Bolsa, o risco e sua gestão

Artigo de Marco António Oliveira Administrador do Caldeirão de Bolsa

Negócios 10 de Novembro de 2023 às 13:30
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Mais uma edição do Jogo da Bolsa, mais uma oportunidade para os investidores mais rodados nestas andanças do investimento nos mercados financeiros colocarem à prova o seu "know-how" enquanto tentam chegar aos lugares premiados. E mais uma oportunidade para aqueles que ainda não têm essa experiência se aventurarem nessas mesmas andanças, sem risco e quiçá chegar aos prémios também. E é do risco que se vem falar hoje. Ou, por outra, da gestão dele. Não havendo dinheiro real envolvido em jogo, a vertente da gestão do risco - já por norma relegada pelos investidores iniciados - tenderá a tomar lugar no banco de trás enquanto se priorizam títulos e instrumentos que possam fazer disparar a carteira nas poucas semanas que dura o Jogo da Bolsa.

No entanto, a gestão do risco é um aspeto crucial no investimento real, não só como forma de proteger o capital aí investido, que por certo custou a acumular, como para alcançar o sucesso numa perspetiva de longo prazo. Para os pequenos investidores, há essencialmente duas abordagens simples, com intuito de introduzir mecanismos de gestão de risco, que podem ser experimentadas na plataforma do Jogo. A primeira consiste na diversificação. Ou, como se diz tanta vez, não colocar os ovos todos no mesmo cesto. E ao dizer isto, não pretendo transmitir que por diversificação se entende meramente investir em vários títulos ao mesmo tempo. Dado o elevado grau de correlação que pode existir entre diferentes ações/mercados, por diversificação entende-se a diversificação setorial e/ou geográfica ou, até, de instrumentos de investimento.

E se outrora poderia ser mais difícil ao pequeno investidor colocar em prática estas coisas, fosse pela dificuldade de acesso, fosse pelos custos associados - por exemplo, investir em mercados internacionais - hoje clara e felizmente não é o caso. As regras do concurso já exigem até, por sinal, algum nível de diversificação. A segunda abordagem consiste no recurso às ordens stop, em particular as denominadas "stop-loss".

O objetivo das ordens "stop" é o de limitar a perda máxima a assumir numa dada posição, sendo que a ordem é ativada automaticamente com base num "trigger" (gatilho), podendo este ser estático (um determinado valor) ou dinâmico (evoluir com o tempo). Sendo que hoje é possível inclusive introduzir ordens stop que, para além de protegerem contra elevadas perdas, podem ser utilizadas mesmo para proteger eventuais ganhos já acumulados. Aqui no contexto desta pequena discussão sobre a gestão do risco, o papel da ordem stop-loss é prevenir que elevadas perdas em determinadas posições acabem a arruinar a carteira e comprometam o sucesso a longo prazo.

Haveria bem mais para falar, naturalmente, como estratégias mais sofisticadas (exemplo: "hedging" cobertura de risco). No entanto, no espaço que sobra deixo dois pequenos alertas. Um para os efeitos da volatilidade, que é necessário levar em linha de conta, não só para a escolha de títulos individuais numa perspetiva de gestão de risco mas, ainda, para a colocação adequada até das ordens stop já atrás discutidas. E outro para a alavancagem excessiva: de nada valerá diversificar e munir todas posições de ordens stop-loss se for para andar sempre nos limites da alavancagem. A menos, claro, que estejamos a falar do Jogo da Bolsa em específico e a estratégia passe precisamente por sacrificar o risco e apontar a mira aos prémios.




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